quinta-feira, fevereiro 28, 2013

1 a 14 de Fevereiro, primeira parte.

Golden clouds.

Cognitive Impairment and Heart Failure go hand in hand,

Passagem.

Este mundo em sofrimento.


sábado, fevereiro 16, 2013

Sobre a resignação de Bento XVI uns breves apontamentos - parte 3, revista e rasurada.

Não basta ser corpo, deve ainda morrer?

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Pelágicos diz-se de uns determinados peixes, o atum por ex. (excelente o paté), discriminar é conhecer.

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Comarca é termo que comunica várias terras, como vários numa casa, sempre eu e mais alguém às

vezes, bom, não é uma comarca.

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Dos Açores lembro a barbatana dorsal (ao longe) de uma orca macho.

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Os dentes, sempre actores principais.

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Um livro de merda não é melhor do que o excretório sufixo por onde comecei a frase?

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Este ano, que bonitas as nuvens!

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Vou dar à manivela poderes absolutos para providenciar um Sol para sempre!

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Paralizo. Analizo.

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Tenho saudades de algum veraneio.

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Alui e tudo ficará mais claro.

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Ela pedia-me sempre para não fazer aquilo em casa.

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Aos quarenta e nove anos já não se pode chamar a uma vida curto-circuito.

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E, concordarás, é tarde de mais para tirar apontamentos, estabelecer um plano.

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A segunda divisão aconteceu naquele dia em que sorriste ao meu tapete de entrada e saíste, para não

mais voltar.

Vai mò (1981)


Outra coisa intrascendente do ano que passou foi redescobrir Pino Daniele pela mão do Andrea. Tardou mas resultou...

The Man who shot and killed Osama bin Laden...

"The man who shot and killed Osama bin Laden sat in a wicker chair in my backyard, wondering how he was going to feed his wife and kids or pay for their medical care."

Este artigo da Esquire vale a pena ser lido.

Janeiro, a segunda metade.

O velho Lumiére.

Mínimos para?

Auto lights.

Anémona em stress - 1.

Anémona em stress - 2.

Ílhavo - 1.

Ílhavo - 2.

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Sobre a resignação de Bento XVI uns breves apontamentos - parte 2, revista e rasurada.

Por trás de persianas as iranianas, mas nem todas estão.

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O coração recebe, melhora e devolve.

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Não se dão explicações. Pagam-se caro.

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O quotidiano é ser muito outro ano.

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Uma abstração? Diz antes uma hipótese de trabalho.

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O dia pôs-se bonito à nossa frente, a pedir público.

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Alardear tem mais som do que devia.

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Lembro-me de almoçar com ela quando se podia.

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O nariz do comboio de Hugo Cabret sonhado por Scorcese às vezes dava-me jeito.

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Os corações não partem, rompem, e logo ali todo aquele sangue deixa de fazer sentido.

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Uma arquitectura vigorosa mas incerta, insegura, eu diria até algo perdida num espaço, num tempo

que, julga ela, ainda é o seu.

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O mistério de um certo exterior tomou certo dia posse aqui.

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Vigorosa parece nome de bebida gaseificada e não se aplica a este caso, estrela talvez, desporto,

bem....

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E recebo da VCI um abraço apertado que me devolve à vida e tudo mais.

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Devia abrir-se os pulsos para deixar entrar coisas, não o contrário.

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Jogar ao prego sempre me pareceu conter um certo perigo. O desequilíbrio entre os nossos dois

corpos na praia do Furadouro seria?

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Mutilar pode ser apenas jogar com menos peças.

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Que fique bem vincado: nenhum vínculo. Para que assim seja passo a ferro todo e cada fim de semana.

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Brincar aos vivos.

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Mesmo perdendo altura.


quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Sobre a resignação de Bento XVI uns breves apontamentos - parte 1, revista e rasurada.



Nome mais certo: gin tónico.

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No que diz respeito a cadelas isto é assim: ou me têm respeito a mais ou não me têm respeito nenhum.

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E eu sei que tu sabes o que é um bragal mesmo que não te lembres.

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Beber amortece o camião TIR que todos os dias me acontece.

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Papaia? Agora não posso.

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No provador em prova - raramente ganho.

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Como se dizia de quem trabalha: "despegar às sete"? Não consigo.

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Tenho frio e há prioridades. Vá de queimar o melhor dos livros que se excedem neste apartamento:

"Memórias de Adriano". Como crepita! Será do bom travejamento da escrita!

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Defendo um específico e certo dia da semana. Descalendarizado desconheço-me. Esta quinta-feira vou por

ex. permitir uma combustão expontânea.

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Vou agora aprender estas duas coisas, a ouvir Britten e a fazer um arroz caldoso.

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No meu caminho não vejo alpendres...

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A vida anestesia o mais atento.

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Vaso de flores: casa de gerações.

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Para além do pão escusas de amanteigar mais este dia, pôrra!

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A subir e a descer as eclusas e nunca sei onde fica uma certa margem.

terça-feira, fevereiro 12, 2013

Things About (2011)


Quando referi as coisas que fizeram de 2012 um bom ano, esqueci-me desta. Não se entende... Carlos Bica continua ao "seu" nível...

Howyoudoin? (1994)


Este é o segundo de "originais" dos Renegade Soundwave e ainda me enche as medidas. Uma grande influência para os Chemical Brothers? Porque melhores, suponho...

Julião Sarmento - a propósito de uma visita.

Julião Sarmento (JS) é um dos artista portugueses hoje com maior visibilidade internacional. Donde ser muito interessante e oportuna esta retrospectiva em Serralves. Retrospectiva que abranje uns quarenta anos de trabalho mas que tem uma coerência de objectivos e de temáticas muito curiosa.

Visitei a exposição duas vezes, a segunda das quais sob a cuidada mas sofrida orientação de Ricardo Nicolau (RN) - uma ciatalgia foi mencionada. Cuidada no sentido de sabedora, e, porém, não. "Julião", assim o chamava RN, é-lhe 28 anos mais velho. Produto de um Portugal imediatamente pré-revolução, JS trabalha e "esgota" sob as mais variadas formas - escultura, video, pintura, fotografia - os seguintes temas: a animalidade, a mulher, o sexo, a violência, sempre tentando provocar uma reacção de "perda-de-pé", de confusão, de interrogação e de... piloerecção perante a obra dada. Arte conceptual é isto, obriga à adesão de quem vê, à co-autoria do espectador. Joga com um subtexto, ou um extratexto, ou um enganoso contexto... Claro que também permite a preguiça do artista, e ela está em algumas obras mais recentes de JS, sem dúvida, que roçam, na minha humilde opinião, o irrelevante.
 
A diferença de geração entre RN e JS induziu na minha opinião uma opacidade de análise perante imagens femininas ali retratadas que, para um homem nascido em 1948, provocaram, sugeriram, pediramm, obrigaram a uma reacção que alguém nascido em 1976 talvez não compreenda. A prostituição, a pornografia, o corpo, a fisiologia, a genitalidade, o domínio e a submissão, a exibição, o sexo afinal, o sermos tão animais e se calhar muito pouco mais do que isso interrogam um homem nascido em 1948 com não conseguem interrogar alguém que tinha quatro anos quando Sá Carneiro morreu e o casal Barroso-Soares maldizia sorrateiramente Snu Abecassis. Mas JS serve-se satisfeito e depois vai embora, produzindo fantásticos ricochetes contra nós dirigidos, e nem sempre ficamos bem tratados com as balas. Aqui e ali pareceu-me que RN corava...

Homem da fotografia, RN sublinhou uma série de fotografias dos anos setenta que mostravam a famosa jaula do tigre no zoo de Lisboa. Animais espreitando o animal. Noutra sala vários vídeos mostravam em simultâneo várias mulheres, uma actriz, uma prostituta, etc., a re-contar um filme pornográfico. A recriar, com sempre fazemos, pois cada história contada era outra... As salas onde as grandes - e menos grandes - pinturas brancas aparecem, pelo seu silêncio lembram-me Piero della Francesca. As estátuas à volta do little black dress, apesar de deceparem a cabeça a Sofia Aparício, dialogam com qualquer mulher, criando uma nova lógica, lembrando que um vestido é como uma cortina que rodeia uma janela que é o (sexo) feminino, ou - outra hipótese - a cauda da máquina fotográfica que cria a câmara escura que primeiro tudo esconde para depois tudo revelar. Ou não, pois o sexo, que pode ensinar? Outra série de fotografias documenta o quarto onde JS terá sido concebido. Ao lado pousadas transversalmente no chão estão o que parecem ser uma telas numa só cor  - azul cinza - e que dão um aspecto provisório - de em-vias-de-ser-desmontada - à sala. O umbigo de JS é aqui óbvio ou não: todos nós tivemos um quarto assim onde, sem o qual não estaríamos aqui, ali, repetindo gestos, jogos... mas a vida que se cria facilmente se desmonta num clic.


 
JS é um agente provocador, vende-se bem, a exposição é optima, pena uma que outra inutilidade. E o sexo, que é na realidade pouco mais que dois ou três gestos, é um tema inesgotável, sobretudo para cabeças antigas como as nossas...

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Eu, funcionário público, me confesso.


Não sei se amanhã trabalho, não sei. E todos os dias é assim. E todas as noites, sem horário. Porque assim adormeço, em interrogação, os joelhos encolhidos, os pés aquecidos pelo mundo do dia passado. Em que trabalhei. Trabalho que não é meu mas sim um que me emprestaram. Durante o dia, e habitualmente cedo, descubro se vai haver o que fazer. Chegam-me as tuas mensagens, rainha minha e do meu reino. Porque eu sou o ourives da rainha. Ela não é mais rainha para ninguém do que para mim. Embora todo um reino seja seu e eu o grão mais humilde e escondido de esta terra toda. Desenho, modelo e dou forma a sonhos que não são meus. Crio as mais altas temperaturas para que pulseiras, anéis, fios, correntes, tiaras sublinhem o que é bem sabido, nunca houve uma rainha assim. Já fiz de tudo e tudo fiz porque com um sorriso me foi pedido. Um sorriso que raramente o vi, um pequeno desmanchar de rir, duas, três palavras em cascata mas como para dentro ditas, coisas que não ouço mas adivinho quando me chega o bilhete com a letra de quem me tem seguro mas de incerto trabalho ao longo dos dias.

Ser rainha implica muitos deveres, solicitações, dias há em que, cativa ela, não se lembra deste que é seu cativo. Sou um segredo de estado. Antes de mim já morreram, envenado um, o outro caiu de uma grande altura, dois ourives reais, com o objectivo de dobrar o coração de quem reina e decide. Morreram homens, a mulher seguiu o seu caminho. Ninguém sabe quem eu sou.  Peço à porta da mesquita ou às portas da cidade, ajudo a descarregar os carros no mercado. Num dia posso estar a descarregar um caixote de laranjas da Andaluzia, tocam-me no ombro, deixam-me um bilhete dobrado, um bilhete sonoro pois adivinho a fala enquanto o escrevia: “faz-me uma pulseira feliz!”.
Portanto, posso dizer que tenho ao mesmo tempo o melhor e o mais incerto e melancólico dos trabalhos. Peço esmola, como restos, carrego fardos. Não sei quando poderei tomar o próximo banho. Estes dias têm sido de muito frio, tormenta, vento agreste. As folhas das árvores são uma distante lembrança, o rio que trespassa o rossio fora das muralhas já inundou algumas casas. Uma coisa eu sei: há dias, gloriosos dias, em que o sol de uma rainha - de inverno será, mas sol - está a ser modelado, melhorado, pelas minhas mãos.