segunda-feira, setembro 09, 2013

Listas, listas, listas...

Onde estão elas? Aqui vai uma: Os dez maiores ciclistas portugueses de todos os tempos: José Maria Nicolau, João Rebelo, Alves Barbosa, Ribeiro da Silva, Joaquim Agostinho, Fernando Mendes, José Martins, Acácio da Silva, José Azevedo, Rui Costa. Como se chega a esta conclusão? Através dos resultados obtidos por estes rapazes no exterior. O exterior para Portugal sempre significou Espanha primeiro, França depois. Acácio da Silva foi uma excepção pois fez-se ciclista nos anos 80 no Luxemburgo (ele e um irmão mais velho) e fez carreira no circuito europeu, com base em Itália, até com mais regularidade do que Agostinho antes dele. José Maria Nicolau foi o único destes a não competir no exterior a não ser quando se inventou uma prova Madrid-Lisboa, sponsorizada por Franco e Salazar, em 1939. Que aliás só aconteceu nesse ano. José Maria Nicolau venceu duas etapas mas o vencedor final foi Mariano Cañardo, o maior corredor espanhol dos anos trinta. Nicolau vencera antes duas Voltas a Portugal e tivera uma grande rivalidade com Alfredo Trindade, num Benfica-Sporting aplicado ao ciclismo. O Madrid-Lisboa já lhe apareceu no ocaso da carreira. Quatro vezes Campeão Nacional de Estrada, vencedor de três Porto-Lisboa (uma das clássicas do ciclismo mais antigas e mais longas, desaparecida porque a distância foi declarada "ilegal"...). Mariano Cañardo, já agora, nunca venceu uma Volta/Vuelta a España. A Volta a España só se iniciou a 1935(trinta anos depois das provas italiana e francesa) e só ganhou regularidade em 1955. Ganhou sim cinco vezes a Volta à Catalunha, a prova espanhola mais importante antes da Vuelta aparecer e com início em 1909. Teve também direito a conseguir um sexto lugar num Tour de France, não a melhor classificação de um espanhol até então, Salvador Cardona conseguira um quarto lugar anos antes. O primeiro top-ten português numa Grande Volta estrangeira foi obtido por João Rebelo, integrado numa das selecções portuguesas que nos anos quarenta disputava a Vuelta, quando esta acontecia. Em 1945 João Rebelo foi sexto na Vuelta e ganhou uma etapa. Repetiu em 46 o top ten, sendo décimo. Pode dizer-se que a Vuelta nestes anos de guerra não recebia a visita dos corredores italianos, franceses, belgas, os melhores do mundo, mas o pelotão espanhol por si já era bastante forte. Em 46 o nosso melhor sprinter de então, e um dos maiores de sempre, João Lourenço, venceu duas etapas. Tinha ele sido aliás o primeiro português a vencer uma etapa fora de portas, uma etapa da Volta a Catalunha em 1942, mais uma vez a guerra a facilitar a concorrência... João Rebelo, ciclista do Sporting, nunca venceu uma Volta a Portugal, curiosamente, sendo nisto um antecessor longínquo de um Acácio da Silva ou de um José Azevedo... O primeiro top ten numa Volta a França pertenceu a Alves Barbosa, um fantástico décimo lugar em 1956. Alves Barbosa teve também o seu rival, Ribeiro da Silva, que obteve um quarto lugar na Vuelta em 1957, à frente de grandes corredores internacionais como Geminiani, Fornara, Nencini. Nesse ano Ribeiro da Silva foi ao Tour passar em primeiro lugar no Tourmalet, à frente de Anquetil. Ribeiro da Silva morreu em 1958 num acidente de motorizada. Joaquim Agostinho é, claro, o detentor de todos os records. Duas vezes terceiro em França, uma vez segundo em Espanha. O primeiro top ten em Itália pertenceu a Acácio da Silva em 1986, um 7º lugar. Acácio da Silva tem o record de etapas em Grandes Voltas, oito, mais uma do que Agostinho. Paralelamente à carreira de Agostinho outros dois corredores portugueses conseguiram bons resultados no estrangeiro, Fernando Mendes e José Martins. Fernando Mendes começou a sua carreira de cilcista na Ovarense, à sombra do seu irmão mais velho, Laurentino. O melhor resultado no exterior foi em 1975, um sexto lugar na Vuelta à frente duma equipa do Benfica. Nesse mesmo ano José Martins foi oitavo enquanto chefe de fila de uma equipa da Coelima, empresa com tradições no ciclismo. José Martins teve uma carreira no pelotão internacional meritória, integrado nas equipas espanholas KAS e Teka. Conseguiu posições de top five e/ou vitórias de etapa em várias clássicas espanholas - Volta à Catalunha, Volta a Aragão, Volta ao País Basco... Chegámos a José Azevedo. Os seus sexto e quinto lugares no Tour ao lado de Lance Armstrong merecem o benefício da dúvida - o seu nome nunca saiu a público no enorme lavar de roupa suja que rodeou Lance. Não esquecer que antes, como lugar-tenente de Abraham Olano na ONCE, fora 5º em 2001 em Itália, ultrapassando a marca de Acácio da Silva. E agora, há Rui Costa... O ciclismo e a sua história é como as cerejas...