domingo, janeiro 31, 2010

Machado is back!

"Parafraseando uma pessoa com quem não tenho relações, nem sequer simpatizo, ganhar a um grande em Portugal ou se faz pelo esmagamento ou então só na playstation!"

Pub

Com três letrinhas apenas logo surge a subtil referência ao triângulo doirado... mas, ah! não, falo da publicidadezinha que agora decidiu aparecer neste blog. Explico: vão congelar o meu ordenado este ano. E, suspeito, o próximo, e o a seguir... Fixe que não se perspectiva desemprego, portanto, alegria! A publicidadezita... bom, descarto qq responsabilidade sobre a mesma com a excepção de a ter permitido. Lógica teria que fosse sobre produtos de regeneração capilar, mas parece que não posso escolher. Nem nada que prometa a ninguém visitas grátis ao doirado tri... Ahemmm!

sábado, janeiro 30, 2010

A “Sonografia do Clitóris” e outros Ensaios by

Vejam este link do JN: ele há estudos...

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Madlib em Shades of Blue


Carlos Bica em Believer


Herbert em Bodily Functions


quarta-feira, janeiro 27, 2010

E outro Mestre seria

José Gomes Ferreira.

Ninguém hoje fala dele.

Lembro - só para chatear - um conhecido texto de Herberto Helder a exemplificá-lo como O Poeta. Quem sabe sabe de que falo.

Entre

Já antes assim me dei por definido:

entre uma canção do Zé Mário - "Inquietação" - e um poema de Raul de Carvalho - o conhecido "Serenidade és minha".

Eu sei que muita da sua poesia envelheceu. Eu sei o quão desigual foi a sua produção, embora mestre tivesse sido para muitos, e lembro que foi co-fundador da Árvore, por ex.
Ensinou poesia, ensinou vida, assim dizia aproximadamente dele, por ex., Mário Viegas, seu leitor.
Eu sei que o poema em questão já foi tantas vezes citado - e Sena, não se coibiu de o "entreter" por inteiro na sua 3ª Série das Líricas (para quando a reedição).
Aqui vai. Aviso que é longo (como esta minha vida já vivida):



SERENIDADE ÉS MINHA


dedicado a Fernando Pessoa


Vem, serenidade!


Vem cobrir a longa

fadiga dos homens,

este antigo desejo de nunca ser feliz

a não ser pela dupla humanidade das bocas.



Vem serenidade!

Faz com que os beijos cheguem à altura dos ombros

e com que os lábios cheguem à altura dos beijos.



Carrega para a cama dos desempregados

todas as coisas verdes, todas as coisas vis

fechadas no cofre das águas:

os corais, as anémonas, os montros sublunares,

as algas, porque um fio de prata lhes enfeita os cabelos.



Vem serenidade,

com o país veloz e viginal das ondas,

com o martírio leve dos amantes sem Deus,

com o cheiro sensual das pernas no cinema,

com o vinho e as uvas e o frémito das virgens,

com o macio ventre das mulheres violadas,

com os filhos que os pais amaldiçoam,

com as lanternas postas à beira dos abismos,

e os segredos e os ninhos e o feno

e as procissões sem padre, sem anjos e, contudo,

com Deus molhando os olhos

e as esperanças dos pobres.



Vem, serenidade,

com a paz e a guerra

derrubar as selvagens

florestas do instinto.



Vem, e levanta

palácios na sombra.

Tem a paciência de quem deixa entre os lábios

um espaço absoluto.



Vem, e desponta,

oriunda dos mares,

orquídea fresca das noites vagabundas,

serena espécie de contentamento,

surpresa, plenitude.



Vem dos prédios sem almas e sem luzes,

dos números irreais de todas as semanas,

dos caixeiros sem cor e sem família,

das flores que rebentam nas mãos dos namorados,

dos bancos que os jardins afogam no silêncio,

das jarras que os marujos trazem sempre da China,

dos aventais vermelhos com que as mulheres esperam

a chegada da força e da vertigem.



Vem, serenidade,

e põe no peito sujo dos ladrões

a cruz dos crimes sem cadeia,

põe na boca dos pobres o pão que eles precisam,

põe nos olhos dos cegos a luz que lhes pertence.

Vem nos bicos dos pés para junto dos berços,

para junto das campas dos jovens que morreram,

para junto das artérias que servem

de campo para o trigo, de mar para os navios.



Vem, serenidade!

E do salgado bojo das tuas naus felizes

despeja a confiança,

a grande confiança.

Grande como os teus braços,

grande serenidade!



E põe teus pés na terra,

e deixa que outras vozes

se comovam contigo

no Outono, no Inverno,

no Verão, na Primavera.



Vem, serenidade,

para que não se fale

nem de paz nem de guerra nem de Deus,

porque foi tudo junto

e guardado e levado

para a casa dos homens.



Vem, serenidade,

vem com a madrugada,

vem com os anjos de oiro que fugiram da Lua,

com as núvens que proíbem o céu,

vem com o nevoeiro.



Vem com as meretrizes que chamam da janela,

volume dos corpos saciados na cama,

as mil aparições do amor nas esquinas,

as dívidas que os pais nos pagam em segredo,

as costas que os marinheiros levantam

quando arrastam o mar pelas ruas.



Vem serenidade,

e lembra-te de nós,

que te esperamos há séculos sempre no mesmo sítio,

um sítio aonde a morte tem todos os direitos.



Lembra-te da miséria dourada dos meus versos,

desta roupa de imagens que me cobre

corpo silencioso,

das noites que passei perseguindo uma estrela,

do hálito, da fome, da doença, do crime,

com que dou vida e morte

a mim próprio e aos outros.



Vem serenidade,

e acaba com o vício

de plantar roseiras no duro chão dos dias,

vício de beber água

com o copo do vinho milagroso do sangue.



Vem, serenidade,

não apagues ainda

a lâmpada que forra

os cantos do meu quarto,

papel com que embrulho meus rios de aventura

em que vai navegando o futuro.



Vem, serenidade!

E pousa, mais serena que as mãos de minha Mâe,

mais húmida que a pele marítima da cais,

mais branca que o soluço, o silêncio, a origem,

mais livre que uma ave em seu voo,

mais branda que a grávida brandura do papel em que escrevo,

mais humana e alegre que o sorriso das noivas,

do que a voz dos amigos, do que o sol nas searas.



Vem serenidade,

para perto de mim e para nunca.

… … ... … ... … … … … … … … … … … … … … … … … … … …

De manhã, quando as carroças de hortaliça

chiam por dentro da lisa e sonolenta

tarefa terminada,

quando um ramo de flores matinais

é uma ofensa ao nosso limitado horizonte,

quando os astros entregam ao carteiro surpreendido

mais um postal da esperança enigmática,

quando os tacões furados pelos relógios podres,

pelas tardes por trás das grades e dos muros,

pelas convencionais visitas aos enfermos,

formam, em densos ângulos de humano desespero,

uma núvem que aumenta a vâ periferia

que rodeia a cidade,

é então que eu peço como quem pede amor:

Vem serenidade!

Com a medalha, os gestos e os teus olhos azuis,

vem, serenidade!



Com as horas maiúsculas do cio,

com os músculos inchados da preguiça,

vem, serenidade!



Vem, com o perturbante mistério dos cabelos,

o riso que não é da boca nem dos dentes

mas que se espalha, inteiro,

num corpo alucinado de bandeira.



Vem serenidade,

antes que os passos da noite vigilante

arranquem as primeiras unhas da madrugada,

antes que as ruas cheias de corações de gás

se percam no fantástico cenário da cidade,

antes que, nos pés dormentes dos pedintes,

a cólera lhes acenda brasas nos cinco dedos,

a revolta semeie florestas de gritos

e a raiva vá partir as amarras diárias.



Vem, serenidade,

leva-me num vagon de mercadorias,

num convés de algodão e borracha e madeira,

na hélice emigrante, na tábua azul dos peixes,

na carnívora concha do sono.



Leva-me para longe

deste bíblico espaço,

desta confusão abúlica dos mitos,

deste enorme pulmão de silêncio e vergonha.

Longe das sentinelas de mármore

que exigem passaporte a quem passa.

A bordo, no porão,

conversando com velhos tripulantes descalços,

crianças criminosas fugidas à polícia,

moços contrabandistas, negociantes mouros,

emigrados políticos que vão

em busca da perdida liberdade.

Vem, serenidade

e leva-me contigo.



Com ciganos comendo amoras e limões,

e música de harmónio, e ciúme, e vinganças,

e subindo nos ares o livre e musical

facho rubro que une os seios da terra ao Sol.



Vem, serenidade!

Os comboios nos esperam.

Há famílias inteiras com o jantar na mesa,

aguardando que batam, que empurrem, que irrompam

pela porta levíssima,

e que a porta se abra e por ela se entornem

os frutos e a justiça.



Serenidade, eu rezo:

Acorda minha mãe quando ela dorme,

quando ela tem no rosto a solidão completa

de quem passou a noite perguntando por mim,

de quem perdeu de vista o meu destino.



Ajuda-me a cumprir a missão de poeta,

a confundir, numa só e lúcida claridade,

a palavra esquecida no coração do homem.



Vem serenidade

e absolve os vencidos,

regulariza o trânsito cardíaco dos sonhos

e dá-lhes nomes novos,

novos ventos, novos portos, novos pulsos.



E recorda comigo o barulho das ondas,

as mentiras da fé, os amigos medrosos,

os assombros da Índia imaginada,

o espanto aprendiz da nossa fala,

ainda nossa, ainda bela, ainda livre

destes montes altíssimos que tapam

as veias ao Oceano.



Vem, serenidade,

e faz que não fiquemos doentes, só de ver

que a beleza não nasce dia a dia na terra.

E reúne os pedaços dos espelhos partidos,

e não cedas demais ao vislumbre de vermos

a nossa idade exacta

outra vez paralela ao percurso dos pássaros.



E dá asas ao peso

da melancolia,

e põe ordem no caoss e carne nos espectros,

e ensina aos suicidas a volúpia do baile,

e enfeitiça os dois corpos quando eles se apertarem,

e não apagues nunca o fogo que os consome,

o impulso que os coloca, nus e iluminados,

no topo das montanhas, no extremo dos mastros,

na chaminé do sangue.



Serenidade, assiste

à multiplicação original do Mundo:

Um manto terníssimo de espuma,

um ninho de corais, de limos, de cabelos,

um universo de algas despidas e retrácteis,

um polvo de ternura deliciosa e fresca.



Vem, e compartilha

das mais simples paixões,

do jogo que jogamos sem parceiro,

dos humilhantes nós que a garganta irradia,

da suspeita violenta, do inesperado abrigo.



Vem, com teu frio de esquecimento,

com a tua alucinante e alucinada mão,

e põe, no religioso ofício do poema,

a alegria, a fé, os milagres, a luz!



Vem, e defende-me

da traição dos encontros,

do engano na presença de Aquele

cuja palavra é silêncio,

cujo corpo é de ar,

cujo amor é demais

absoluto e eterno

para ser meu, que o amo.



Para sempre irreal,

para sempre obscena,

para sempre inocente

Serenidade, és minha.

Pois é.

"Ademais, nenhuma escuta logra ouvir o que nos vai no coração."

Henrique Manuel Bento Fialho num post sobre o filme Blackmail, do Hitrchcock. Blog Antologia do Esquecimento.

Nelson Cascais e Guruka

E sigo na mesma: o jazz aqui por estas bandas...

Nelson Cascais é um contrabaixista e compositor que tem agora o seu 3º disco. Com as contribuições de, por ex., André Fernandes na guitarra e João Paulo (mais uma vez...) no piano, produz um disco muito bom.
Não sei dizer mais, podia sim inventar apreciações vitivinícolas, um pequeno travo festivo a frutos silvestres, por ex. e mais ainda.
É ouvir.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Leituras

Sándor Márai no Leituras!

Olá.

7 anos...

João Paulo - várias bandas...

João Paulo começa a ser o pianista português de jazz de quem se fala. E agora há mais duas razões para tal.
 Já há largos meses saiu um disco chamado "White Works" em que Joáo Paulo interpreta temas de Carlos Bica, com produção deste. Este disco é supino, da origem até ao cabo.

Agora agora mesmo - isto é, no fim do ano passado, saiu um disco de João Paulo em duo com um trompetista texano, Dennis González. Música entrançada de uma complexidade atenta e não assimilável em audições mais apressadas. Uma maravilha! Não se pode pedir mais.

TGB

Eu continuo a achar que o jazz português está o máximo! E agora aparece-me este curiosíssimo projecto de tuba, guitarra e bateria - daí o nome - onde o jazz, o vagamente-rock e o improviso passeiam ao impulso de Sérgio Carolino - tuba, Mário Delgado-guitarra e Alexandre Frazão (vulgo deus...) na bateria...
Uma curtição, e não apenas pela versão final de Black Dog dos Led Zeppelin...

Olá.

Olá. Vocês sabem o meu nome. E o que faço. É isso, decido vidas.
E a minha?

domingo, janeiro 24, 2010

Discos de uma década - sugestões



Madlib - Shades of Blue - em 2003 sai esta mistura de hiphop, jazz e electrónica sobre um escolhido rapinanço do catálogo Blue Note, editado pela própria Blue Note.




Este é o melhor - o definitivo? - disco do trio Azul com Carlos Bica. Nunca as composições/canções deste estiveram melhor ou foram melhor interpretadas. 2007 was the year.



Herbert a terminar um tempo de graça em 2001 com um disco que já não é house há muito tempo, nem IDM, nem nada.

Mephisto I am...


Cesariny

Agora que a Assírio & Alvim mandou cá para fora um Poemário Cesariny, um Diário Cesariny, um Caderno Cesariny, só falta mesmo um Pacote de Lenços Cesariny para a linha ser completa (nojo, que nojo, mas eu sei que Cesariny rir-se-ia indiferente a tudo isto...), lembro o completo retrato do Cesariny enquanto jovem feito pelo ignorado Raul de Carvalho:


TESOURA

Ao Mário Cesariny de Vasconcelos

Estou limpando as unhas
com perfeita indiferença
que me considerem
um indelicado,

Um ser que, em lugar
de dar atenção
ao que não a merece,

Está limpando as unhas,
com imenso cuidado...



in Poesia - 1955 - incluida em Obras de Raul de Carvalho, ed Caminho, 1993.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

La Amante de Bolzano

"—Perdóname, Giacomo, amor mío —le susurró—, si mi amor es mucho. Sé que es un delito y un pecado. Debes perdonarme. Muy pocos aguantan el amor pleno porque significa siempre un deber pleno, una plena responsabilidad. Y ésos son mi único delito y mi único pecado contra ti; perdónamelos. Nunca te pediré más. Haré todo lo posible para que no sufras por ello. ¿Tienes miedo de despertar, miedo del aburrimiento que un día te oprimiría el cuello con sus manos húmedas si estás a mi lado?... No tengas miedo, amor mío, porque ese aburrimiento será divertido y alegre, será como desperezarte y bostezar; el aburrimiento poseerá un contenido y un sentido: el de que yo te ame. Tú ni sabes ni puedes saber lo que significa ser amado. Debo explicarte en qué consiste el amor porque no sabes nada de él."


Francesca falando com Giacomo Casanova.

Livro de Sandor Marai, ed. Salamandra, 1ª ed. 1940

A Frase

(...) a tua voz
cheia de filtros (...)

A volta (antiga) a seguir ao mote

Fiz deste poema um credo,
à boca vinha esta
aquela frase, linhas a
estimular um coração. Estava
tudo explicado aqui, todas as
voltas dadas a todos e a um
só quarteirão e vai de
sortear o sublinhado para
melhor definir a levada
vida de soldado, e eras
para mim  como a missão
impossível.

Poema já antigo de Helder Moura Pereira

De ti não vejo como virias pôr ordem
em qualquer casa, qualquer coração.
Assim começámos dizendo coisas
agrestes, leves cedências. Nada exijas.
Lembro-me dessa frase ou agora a tua voz
cheia de filtros a dizer-me não
te comovas. É então assim que acontece,
andamos anos e anos a fazer a crítica
dos dias iguais e depois por uma voz
por um corpo descemos ao amor, às palavras
vulgares: não posso viver sem ti.
De súbito a vontade vale, toca-me apenas.



HMP, in Os Tranquilos Sobressaltos, De Novo As Sombras e As Calmas,ed. Contexto 1990.

Incomparável

Já o disse anteriormente, estes últimos anos tenho sido agraciado preferencialmente com a visão de filmes de animação para crianças, e o resto do cinema com frequência tem-me passado ao lado.


Isto para dizer que, a propósito de conversa recente, lembrei-me (outra vez) do filme Monsters Inc / Monstros e Cia, da Pixar. Para quem não sabe, neste filme a história gira à volta de um achado: existe uma cidade dos monstros, cuja energia nasce dos sustos que eles conseguem pregar todas as noites às crianças do planeta Terra. Noite após noite após noite. Curiosamente as crianças são consideradas pelos monstros em si tóxicas, venenosas. Acontece que uma criança, Boo, consegue passar “a porta” que separa o mundo Terra do mundo Monstro, e tudo acontece. Uma das coisas que acontece é aprender-se que o riso produz muita mais energia que o susto, e Boo… ri desalmadamente…

Disto falo, do riso e do sorriso, primos irmãos, da mesma família. Gestos, rictos, esgares que carregam uma responsabilidade revolucionária, com a diferença de não ser responsabilidade coisíssima nenhuma. Que foda é a vida! Que foda! É uma foda fantástica! E com esta bola de pêlo no pensamento… está definida a vida, da vida os dois lados. Agora pensem comigo, ó gente a vários níveis pensando: inventemo-nos um filme onde uma bola de ténis sobe e desce de uma a outra mão, e da vida tratamos, a bola que sobe a bola que desce. Lembramo-nos da bola a subir, sorrimos. Sabemos que a vamos apanhar e voltar a atirar, sorrimos. Estamos com ela lá em cima, olhos bem fechadinhos, e o riso é infindo. Este poder, meus filhos da puta, é incomparável!

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Assim de mim dirão

Assim dirão de mim: morreu jovem - isto espero.

O que hoje cada vez menos acontece, em mim será.

Bucólica III

Por ti travei
acesa luta
recolhi injúrias
cometi insídias
rompi até
cordões umbilicais.
Ao sentir-te agora
ao alcance da mão,
por vezes ainda
muito belo,
a boca no sítio
sob o chapéu gasto,
derrubando lenha
separando uva
atando cada dedo
da gavinha
limpo do desejo
em que me recozo,
conheço que eras meu
sempre que te não tinha.




Fátima Maldonado, in Cadeias de Transmissão, Frenesi 1999

Sporting 4 Mafra 3

Estava eu estupefacto perante este resultado com uma equipa da 2ª divisão, quando reparo na formação e noto a defesa-central: Anderson Polga...

Ah, bom, afinal está tudo explicado!

Só queria ainda dizer que a fotografia ao lado que tradicionalmente no jornal A Bola online representa a claque do Sporting não me representa a mim.

Cambada de betos do caralho!

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Outra vez parabéns...

A propósito deste link não posso deixar de tecê-las, as considerações.

a) a caboverdiana andaria trombuda por todas os dias levar na tromba? E sustentar um animal?

b) o pai do rapaz sabia que "mais tarde ou mais cedo isto acabava por acontecer". Interesses no negócio da cutelaria? O filho não seria realmente seu filho, etc.? Sabia ele afinal que "a jóia de moço" que tinha ajudado a trazer ao mundo era o chamado assassino-equivalente?

c) porque é que a vizinhança é por definição sempre uma cambada de imbecis e anormais? Vejam o meu caso, por ex....

As pequenas alegrias de uma pequena pátria: o Folar de Chaves


E nesta sequência de requintes gustativos tinhamos que coerentemente rematar a santíssima trindade trasmontana falando do rectângulo (forma frequente, mas há outras) do nosso contentamento. Assim é também o nosso país, e percorrendo-o - o país, o Folar - defrontamo-nos com uma harmonia de tecido sem demasiadas angulosidades gastronómicas, com ocasionais epifanias provocadas pelos nacos de presunto e outras coisas do porco a rechear - o Folar. Uma pedregulho de comida que é um sustento, nem outra coisa podia ser, para não se perder tempo. O Folar é para ser comido por gente de trabalho. É uma homenagem. A massa, o pão, imbuído de um leve - tem que ser leve - aroma às ditas epifanias, é de artista. A consistência uniforme, solta e firme a um tempo, fornecendo um som de fundo lipídico que nos lembra ao que estamos.  Assim é o Folar de Chaves e assim este nosso país, repito, preso de uma certa uniformidade de povo, de vento, de mar,  mas com as ocasionais epifanias de Obra, de Terreno, de Gente, que tudo compensam.

As pequenas alegrias de uma pequena pátria: a Alheira de Mirandela.


Sendo um usuário frequente dessa aberração futurista chamada micro-ondas, venho daqui fazer um apelo: meus amigos, as Alheiras são melhor preparadas num forno, com um mínimo de azeite, quanto baste para a abertura. Há quem acrescente o ovo estrelado a posteriori, idiosincrasias impedem-me o acórdão, mas concedo. Claro que o ovo entra numa alheira que é frita, uma segunda hipótese de ocupação, melhor que um micro-ondas, mas não a referência. O resto, o arroz, uma batata, só acrescenta a esta iguaria de origem judaica cuja riqueza no paladar é inigualável. Falei da abertura pois é uma alegria gastronómica que elas "estourem", derramem algo do que está em posse pelo chão da peça de barro vidrado em que foram atiradas à "furna". Uma verdura também convém, corta e completa. Uns grelos no ponto servem perfeitamente.

Ilustração do atrás dito



Ou o link.

As pequenas alegrias de uma pequena pátria: O Pastel de Chaves


Existe o pastel de carne... e existe o Pastel de Chaves. Não vou falar da origem, não me pronuncio sobre onde melhor comprá-los. É falar com alguém da terra, é assim que eu faço. Agora para algo completamente diferente: o Pastel em Si. Vejamos a forma. Oblonga, simpática sem ser servil, presta-se a uma adequada aproximação oral, com ou sem o contacto imediato com a carne de vitela condimentada que contém. Podemos escolher. Por outro lado, a meia lua folhada que delimita é de si um portento de energia sob a mais sincera das suas formas: a lipídica. Se aquecido, o pastel reluz o que oferece: gordura, e daí não vem mal ao mundo. Agora comemos, logo gastamos, eis uma regra de fácil apreensão. Este é o pastel salgado por excelência, para mim. Uma refeição pode ser, um entremês ou um capricho. É sempre uma mais-valia, com hoje é dito. Esquecendo a abominação da expressâo, confirmo. E uma delícia!

terça-feira, janeiro 19, 2010

Monsters inc - diálogo com o Abominável Homem das Neves...


(Abominável Homem das Neves)
- Ah, it won't be so hard for you guys,
though, you know.
I mean, how lucky can you get?
Banished with your
best friend.


(Mike)
- He is not my friend.

(Abominável Homem das Neves)
- Oh. I just assumed you
were buddies, you know
when I saw you out
there in the snow
hugging and all that.

Uma Luz Com Um Toldo Vermelho

"Levantar-se, ir à cozinha buscar pão. Início de um enredo onde
juntam outra voz à sua despedida. Chuva nos pitosporos, nas
gazânias, nos cardos. Nas vidraças fechadas pelo temporal.

Cinzento ultramarino do crepúsculo. Chegar do supermercado
com um saco branco. Retirar as cebolas, o leite, os cereais. Pegar
na faca, decascar uma pera, sorrir. Em breve ouvir a campainha
e a tua voz, primeiro pelo intercomunicador.

As camisolas acrílicas das pessoas de domingo. Os seus grossos
gritos sobre coisas banais. Como chamam cães, se transformam
em detritos. A caminhada bruta dos sapatos, os gestos pesados.
Escrever sobre o esterco das repressões.

Das aves que nas estacas dos arbustos recolhem a humidade da
manhã uma sobe ao peitoril. Gris e esverdeada uma canção junto
dos vidros. No calor do quarto a aparente liberdade do canto,
essa ave: descrever como regressa ao manto rasteiro dos zimbros
e depois alcança o mistério dos canaviais, perdida na indefinição
da luz.

A sombra da janela na parede. O sol de outono a descer no mar.
O arbuto, o funcho, a murta. Uma discreta música por onde se
pressente a quimera da vida. Adormecer.

Contar acerca do aiôco: sem concha, mas semelhante às lapas;
do tamanho das uvas tintas; escondido no vazio dos cachos; ao
apertá-lo ser ferido com uma picada mortal.



Joaquim Manuel Magalhães, in Uma Luz Com Um Toldo Vermelho, Presença, 1990.





(Há poemas que valem toda uma antologia!)

Feminismo - uma actualização

Voltou a falar-se de raspão do feminismo.

Lembrei-me disto quando no espectáculo da escola de ballet da minha filha reparei que eram cem alunas e um aluno - um!

Podia dizer: coragem, André!

Não. Digo: coragem, raparigas!

Filmes da década (fim)

Tinha-me esquecido de Hable Con Ella. Como foi possível? Gosto muito de Pedro Almodovar. Até aqui o meu filme favorito era Que Fiz Eu Para Merecer Isto? Ainda é... mas por muito pouco.

Hable Con Ella ("hable" e não "habla", esta correcção tem todo o sentido) é mais um filme "redondo", quase perfeito. Visto já há anos, não me sinto capaz de maior efusão de palavras, mas mantenho a admiração, a estupefacção- Almodovar excedeu-se! Curiosamente um filme algo esquecido nesta coisa dos balanços da década...

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Como em 2005, 2010...

Acabo de te deitar, Catarina, e deixo-te uma luz de

presença. Saio do teu quarto e na parede a minha

sombra é um animal terrível.




ps.: fotografia de 2007 já aparecida por aqui. A odisseia (a viagem...) ainda é a mesma, ainda é a minha...

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Filmes da década (cont.)

Não posso, por insuficiente visionamento, afirmar quaiquer directrizes sobre esta matéria. Tenho passeado pelas várias resenhas e colecções e, primeiro, o cineasta mais importante da década terá sido - Clint Eastwood! Este velhote tem três filmes citados aqui, ali e acolá: Grand Torino, Million Dollar Baby e, à frente, Letters from Iwo Jima. Depois, ninguém se lembrou de Matchpoint, de Woody Allen. Mal, parece-me.

Talvez o filme mais unânime: In The Mood For Love de Wong Kar Way. E apetece-me falar de outros dois que eu vi: Elephant de Gus Van Sant, Lost In Translation, de Sofia Coppola. O filme de animação mais citado é, compreensívelmente A Viagem de Chihiro, por mim já mencionada.
Termino a dizer que não adiro a Mulholand Drive de David Lynch, e que gosto muito de Artificial Intelligence de Spielberg.


E, claro, o grosso da filmografia europeia, asiática, etc., foi no Batalha!

Der Vorleser (filme) 2008


O amor (se existe) será como um Deus, cujo nome deve ser pronunciado baixinho, e a imagem respeitada, talvez até proibida. O amor é capaz, se o é tem que ser capaz, de tais extremos que o criar a imagem desses mesmos extremos é atraiçoá-lo, metê-lo dentro de uma caixa, não mágica. Tal o filme “O Leitor” para o livro “O Leitor”. Apesar de Kate Winslet.

É extremo o amor entre Hannah e Michael. Extremo, abismo insondável baptizado com a água e a palavra. Qualquer extremo é um fim, nunca um meio. E muitas vezes acaba depois por não ter ponta por onde se lhe pegue.

Por isso o fim desta história, e do filme. Os olhos não envelhecem, mas envelhece o que eles vêem. E contra um abismo mas de alturas, colocar Auschwitz é muito injusto. Mede, cerca, torna finito este amor, este excesso. O que era incalculável não ultrapassa afinal um determinado número de cadáveres. Não dá! Muito maior o excesso dela que o dele, portanto, mas é assim. A iniciação e a redenção são duas coisas diferentes. O amor, lembro Vinicius, não é raro, mas é no cômputo geral uma raridade. Ela não precisava do nome dele, pois qualquer palavra ou nome, limita. O amor, esse animal acossado. Ela, um animal ainda mais acossado. Ele, ainda e sempre um rapaz que lia alto. “Mas prefiro que me leiam alto!”. She knew there was no way out. Repito que é uma grande história. O filme, so so.


P.S.: melhor filme, e também andando um pouco por aqui, é “Monster”, com Charlize Theron. Não dá é para grandes sufusões de transferência onírica para o celulóide por parte do espectador, claro…

P.S.2: o filme devia ser em língua alemã.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Lenine, músico brasileiro, em 1997


"O Dia Em Que Faremos Contato", disco e (excelente) trocadalho como eu gosto, é de 1997. Não sei muito bem o que é feito deste gato, mas agradeço-lhe esta e algumas outras canções.


09 Doise Olhos Negros.mp3

Alguns dos Filmes da Década

Agora que começaram os balanços da década de tudo, bom, no que diz respeito a filmes lembro que eg. no top 20 têm que estar estes dois filmes: "A Viagem de Chihiro" de Miazaky, e "Monstros & Ca" de Peter Docter (Pixar). Ambos são de 2001, e a "Chihiro" é o melhor filme, dos melhores filmes da década, provavelmente, uns anos antes e seria dos melhores filmes de animação do século XX.
"Monstros &Ca" é o 2º grande filme da Pixar, a seguir ao "Toy Story". E é um fantástico triângulo amoroso entre dois amigos e uma criança. Não "encolhe" na 2ª parte, como muitos filmes Pixar costumam fazer, ora refugiando-se na acção pura e simples, ora planando sem saber muito bem para onde ir. Este filme praticamente não tem defeitos.  Mas a "Chihiro" é melhor...

segunda-feira, janeiro 11, 2010

O prazer dela.

CPC, diz-me, why the fucking cigarette?

Ben Harper em 2007


Younger than Today é uma grande canção e está num album que no geral desliza muito bem. Grande homem! Ouvir e reouvir!


07 Younger Than Today.mp3

domingo, janeiro 10, 2010

Relatório sucinto de uma reunião

São duas gruas. De uma delas não vejo o braço, só o trabalho. A distância impede o esclarecimento. E qual é este impedimento? Não sei se estas duas máquinas estão empenhadas em uma só construção, se duas. Sequer se o que acontece é uma construção ou não, alguém a fazer, alguém a desfazer, acontece, sabemos. Sobem, descem, os guinchos, os cabos, dançam ao frio e ao vento matinal. Ao longe, assumo, o Tejo, não se vê.
Confunde-se o fazer e o desfazer, os gestos, as falas, podem ser mesmo as mesmas falas, os mesmos gestos. Distam milímetros a paz de uma guerra, o amor de um nojo intransponível. Apenas a transição da noite para o dia sempre se fez suave por natureza, pois muito obrigado.



Afinal são duas as construções.



Uma grua está parada. Não, agora gira.



What would Clooney think of all this?



You go (so) way back that you lost yourself (I think).



À minha frente a cada janela o seu ar condicionado. Condicionado, sob condição. Janela sem o dito rectângulo é porque não há lá ninguém. Hoje a natureza é morta. O ar que respiramos está hoje assim: espiamos, somos espiados.



Uma grua escondeu-se: como para lamber as feridas.



R., Lisboa, ainda menina, ainda moça. China girl?



Aqui afinal também existe um conflito de gerações.



A locked in situation.



As palavras, lâminas afiadas. Quero (-te). Mando (-te). Posso (-te)? Faltará uma letra, acho.



Estabelece-se contacto. Pessoal?



Há apelidos que assentam como uma bala. E ela vai e torna evidente o que já era sabido.



The canon is smiling! I fear her smile! Sendo a base de trabalho um “V” invertido - fixo.



Feitas todas estas articulações, foi bom para ti?



Escarrapachado, sexy word! Hummmm, I lost it, now…



Como diria Tom Cruise em determinado filme, acabei agora mesmo de consultar a tua carótida e achei o teu sangue… laminar!



A pele seca. Como é possível?



Respondo-te: não é para mim um gosto que estejas vivo.



Define comédia romântica.



R., oh R.!



Enjoy the Sun / Enjoy the Moon (publicidade no exterior).



Começou a falar um espanhol. Velho animal caçador…



A luz. A luz de Lisboa.



Define ser civilizado.



A tua existência será questionada.



Existe uma cadeia de hotéis com um nome curioso - SANA. Sana, sana, culito de rana… Como se casas de repouso e cura, de cicatrização. Onde as peles se alisam, os músculos se estendem. Onde o sexo nestes hotéis, penso. A cura sexual não existe? Talvez não. Sexo é oxigénio puro. Arde, queima, oxida violentamente. Adia ou apressa. Pode calar. Um processo de cura não passa por.
Diferente o toque. Outra vez falo de dedos.



Lá consegui meter o sexo aqui pelo meio.



(E discordei de Kubrick em Eyes Wide Shut - embora este fosse um filme sem fim).



À minha volta não pensar é o desporto nacional a que assisto. Sentado, penso. Adormeço.



Nutricionista Maria Glória.



Escritórios 213031428.



S.José era carpinteiro. Não tendo com que entreter-se fez uma mobília de cozinha completa, e porquê cozinha perguntarão e donde todo este tempo para a marcenaria. S. José era carpinteiro terceiro segundo e primeiro. E à noite sonhava com uma vida normal e uma dispensa de ser santo, os papéis metidos.



Ebora Julia era ainda uma criança.



Não conseguimos controlar isto.



Dá-me a tua ilusão. Por favor, engana-me.



Sim, somos fãs da rede.



Pararam as obras. As gruas descansam.



A qualidade de cuidados comigo deve ser objecto de uma reavaliação urgente.



O estado da arte é muito confuso. A arte sou eu, dizem. E ninguém me preparou para tal.



Processos vs Resultados. Processos vs Processos. Como? O que há escrito? Processos vs Processos.



Acreditação. Aprender a acreditar?



Não se pode normalizar coisas que não passam pelas normas. Não é normal colidir desta forma, não é normal um choque assim frontal.



Como me podem auditar se não me ouves?



Potencialidade para mudar: uma muda de cavalos é serem outros.



Hemorragíparo.



Com o tempo todas as curvas ficam sobreponíveis.



Old school but no hip hop.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Dos direitos de autor algumas explicações

Numa resposta a um tonto, Antonio Muñoz Molina explica no El Pais esta história dos direitos de autor às criancinhas.... e, de paso, a todos nós...

Enrique Jardiel Poncela

"Para ser moral basta proponérselo; para ser inmoral hay que poseer condiciones especiales."

Many Shades of Black


O álbum de 2008 dos The Raconteurs, banda de Jack White e Brendan Benson, chama-se "Consolers of The Lonely". É regularmente irregular, mas este tema é um tiro certeiro! A ouvir e ouvir!


08 Many Shades of Black.mp3

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Rivas e Prado


"En estos tiempos inciertos en que vivir es un arte", é para mim um supremo gozo saber que a "minha" Galiza produziu para gozo meu, gozo nosso, gozo de todos, gente como o escritor Manuel Rivas (foto), corunhês de Montealto, e o desenhador Miguelanxo Prado (vinheta), também... corunhês! No fim do ano que passou Rivas foi admitido na Real Academia Galega da Lingua, Prado na Real Academia Galega de Belas Artes. Não importa. É que não importa mesmo!

King Crimson - versão eighties


Eu já faleia deles a propósito de um disco de que muito gosto, "Discipline". No ano a seguir editaram "Heartbeat", disco mais heterogéneo, mas onde sobressaía este improvável micro hit, uma grande canção! Quando se fala dos anos oitenta, fala-se dos anos oitenta que contam?


07 In a Heartbeat.mp3

The Sound - those were the days...


Esta aprendi-a em 81 com o António Sérgio, claro! The Sound, um grupo britânico que, graças a ele sempre teve um culto especial em Portugal e que no início dos 80 tinha um som muito bom. Pegando na letra da canção, esta explica como se aprende a ganhar... actual, muito actual!


01 Winning.mp3

Impasse

A saída que eu vejo
Para este nosso
Impasse é não
Sairmos daqui.

sábado, janeiro 02, 2010

Férias!

Reis!

Leituras

Millás e Chatwin no Leituras! Que fixe!

2010

Vai ser assim!