terça-feira, agosto 31, 2010

Paulo Sérgio quer "um pinheiro" para o ataque.

"Um pinheiro"? Tipo Purovic, não? Bom. Eu preferia um bom atacante. Eu sei que Cardosos não há por aí aos montes...
O Sporting ganhou ontem à Naval com ajuda do Sr. Elmano Santos, árbitro da partida, cuja consciência pesada depois até deu para distribuir dois amarelos pelo Maniche e pelo Rui Patrício por... demorar na reposição da bola!
Não dêem jogo ao Saleiro, não, e depois digam que ele falha golos incríveis! Eu sei que a única razão para não despachar o Postiga é que ninguém o compra...

Por outro lado, o plantel do Braga, agora com Hugo Viana e Custódio, mete respeito...

Leituras

Um texto sobre a escolha de entrevistas da Paris Review que apareceu na Tinta da China, e outro sobre os ciganos, oportunamente relido, no Leituras.

O sul da praia do Furadouro.

Foi no sul da praia do Furadouro que se passaram muitos dos meus verões. Pouco resta dele. Apesar das obras de reforço dos paredões - que assim eram chamados os molhes de defesa, hoje mais arranjadinhos, três.
O sul ficava logo a... sul do paredão que enfiava pelo mar adentro - não muito... - um pouco abaixo do topo da Avenida Central, onde esta se encontrava com a Marginal. Havia um paredão mais a sul ainda, que na prática marcava o fim da praia "civilizada". O paredão mais a norte, há vinte anos apenas um amontoado pouco organizado de pedras, ficava pela zona mais "nobre" da praia, com as barracas concessionadas, etc. Era motivo de passeio diário ao fim da tarde, para "controlar as miúdas"...
A pesca da xávega praticava-se - e ainda se pratica embora com algumas "actualizações" - ou muito a norte ou muito a sul. Lembro-me porém de quando muito crianças às vezes o puxar das redes "vir ter connosco"... e termos de sair do sítio onde estávamos... 
Fui ver como estavam as coisas.
Muito mal. E vão piorar.
Qunado vamos ao paredão mais a sul percebemos o que o mar nos quer dizer...

domingo, agosto 29, 2010

Notícias do Bloqueio.

Felizmente ninguém reparou que eu tinha entrado para ver este filme...



Curiosamente, o realizador deste nonsense fílmico que eu acabei de ver, Gary Winick, realizou também em 2006, Charlotte's Web ("A Teia de Charlotte"), filme lindíssimo, com animais a falar e tudo!

Notícias do Bloqueio.

Eu sei, hoje ao conduzir triste 1º de Janeiro acima a minha filha para as suas primeiras divididas férias vi toda aquela gente domingueira e não pude deixar de ter inveja, a inveja de toda aquela aparente normalidadezinha mas, bem vistas as coisas, quem deles conhecerá Terry Callier?

sexta-feira, agosto 27, 2010

Brondby 0 Sporting 3

Tivémos sorte, lá isso tivémos... e mesmo contando como o golo anulado ao Liedson...

quinta-feira, agosto 26, 2010

Flavorpill, Boldtype

Eu assino estes magazines online, e valem bem a pena. Do outro lado do Atlântico acontecem sempre mais coisas.
Eis um artigo sobre boa leitura de verão. Alguma dela traduzida? A escolha dez é gira!

quarta-feira, agosto 25, 2010

Leituras.

Salinger no Leituras.

E para lembrar como foi...

Humanos

Alva Noto + R Sakamoto

terça-feira, agosto 24, 2010

Time Out Porto Agosto

Podiamos dar os parabéns à cidade do Porto por agora ter a sua Time Out, podíamos.
Em Agosto nas páginas 6 e 7 aparecem para cada dia uma ideia, o Plano A, uma dita selecção.
Bom, tendo o mês trinta e um dias, caramba!
Pena algumas das ideias serem ir ver os "Mercenários", do Stallone, ou o "Salt", com a Jolie, ou ainda o "Miúdos e Graúdos", com o Adam Sandler... Mas afinal, isto é a Time Out Porto ou a Time Out Felgueiras? É que a diferença, tendo em conta que depois para ver Damon Albarn temos de ir à Coruña (pertíssimo, 300 kms...), os Motorhead, Public Enemy e Mika de ir a Vigo, a Arte na Leira a Caminha, o Folk Celta a Ponte da Barca, o Barco Rock Fest a Guimarães, o Festival Internacional de Jardins em Ponte de Lima, enfim, não me fodam...
A sugestão para o trinta e um é uma lojinha que fica ali em Costa Cabral, de nome "Poço dos Desejos". Fui lá ontem à tarde com a minha filha. Chuviscava. A loja é gira. O rapaz que atendia também. A oferta de venda é escassa, não há assim tantas tantas coisas excepcionais que desejar por ali. Escolhidas as gomas pela catraia, o rapaz levantou-se depois de tirar os óculos, luziu o brinco, e descasacou-se (!) deixando mostrar uma sweat-shirt de manga curta very sexy. A minha filha começou a rir-se e não foi pouco. O rapaz valeu. A loja, enfim... E viva a Pérola do Bolhão!
Sobraram portanto no fim sugestões para encher uma semanita...
Assim está a minha cidade de adopção. E o culpado não é só o RR do costume...

Sevilla 3 Braga 4

Afinal sempre vou ter uma equipa que me faça ver a Champions! Parabéns Braga! Ver online da Marca.

Express Way 2004

Andámos há uns meses à volta dos discos da década, etc.
Falharam vários, falhou pelo menos este, um summing up francês de estilos e estilos pelo trio que depois virou duo The Troublemakers. Great grooves, great stuff!
Adiciona-se vídeo unofficial...

segunda-feira, agosto 23, 2010

Notícias do Bloqueio.

Foi há uns poucos de anos que esta música penetrou mais profundamente em mim. Agora sei o porquê.
Os seus (poucos) minutos condensam tudo o que uma vida é, ou pode ser.
A minha pequenez perante o gigantismo destes - poucos - minutos, assustam-me, escorraçam-me, destroem-me.
E é assim nestes últimos (poucos) anos...

domingo, agosto 22, 2010

Up In The Air - again.

"The slower we move the faster we die. Make no mistake, moving is living. Some animals were meant to carry each other to live symbiotically over a lifetime. Star crossed lovers, monogamous swans. We are not swans. We are sharks."

Já escrevi que não era este filme...justo para mim e portanto por aí fiquei.
Vou aqui e agora escrever sobre ele, taking the deep breath....
Dois links dois dos meus sites preferidos sobre cinema não adiantam nada sobre a coisa, sobre o infeliz cálculo de vida em que se resume a moral deste filme, uma comédia romântica actual, século XXI, como não há mais. Quer o Film Comment, pertencente ao Lincoln Center novaiorquino donde la créme de la créme, quer o Senses of Cinema, extraordinário site australiano, jogam e julgam este filme girando em torno do personagem criado por Clooney, como metáfora para estes dias impessoais que vivemos, Facebook, Twitter, Blogger and all... To be up in the air é como não estar, não ver, não tocar, you never never never get involved, never touching. Um sonho para muitos que Clooney realiza à perfeição. Com a sua lógica os Cahiers du Cinema ignoram este filme. Pois fazem mal.
Eu vou porém dedicar-me à costela romântica desta história, até para redimir o mal que disse de Clooney a propósito de Solaris.
Clooney é Cary Grant updated. E aqui também. Não há método. Tudo é underacting, o que funciona muito bem num filme onde o personagem principal pretende não estar, não sentir, não envolver-se com as criaturas do "down below". O que faz este homem é despedir pessoas. É a sua profissão. É um abutre. Quando ele entra num escritório é porque alguém vai sair. Ele faz isso por todo o vasto país USA, pelo que passa os dias a voar de cidade para cidade, cartão VIP each & everywhere, acumulando milhas de voo e dias de estância em hotéis sobre hotéis. Só Clooney para conseguir que simpatizemos com um gajo assim.
Dois acontecimentos vão desarranjar este estado de coisas. Aparece uma jovem que propõe um novo sistema de despedimento online, mais higiénico, e que poupa custos - incluindo as tão estimadas milhas de Clooney... Por outro lado Clooney conhece alguém que ele lê como um/uma seu/sua igual, Alex (uma excelente Vera Farmiga). Vão combinando encontros aqui, ali, conforme os seus horários e trajectos de voo, encontros sem mais, de hotel. She's a shark, like him. O que Ryan/Clooney não consegue ler é que sharkwomen are not like sharkmen...
Ryan/Clooney vai defender as suas milhas douradas dando uma volta de estágio à nova concorrente, Natalie, uma espécie de teste. Para quê? Para medir a barba rija dela, para não se sentir tão mau assim - afinal despedir ao vivo não é tão horrível como via internet, certo? Embora o resultado seja exactamente o mesmo, as mentiras e lugares-comuns utilizados no fraseado os mesmos...
E pode ser que ela desista, que as chefias se apercebam que a coisa assim não funciona tão bem, e as milhas ficam, o castelo aéreo tão exactamente construido por Clooney manter-se-á...
O referido castelo vai manter-se, por um twist of plot que nos mostra onde o realizador está no que diz respeito à moral possível sobre tudo isto, Natalie desiste, as milhas ficam. Não vou contar. Acresce sabermos que muitos dos figurantes despedidos o foram na vida real e aqui estão a exemplificar. Nem mais. Jason Reitman está contra.
Conto sim sobre o que mais me interessa. Clooney/Ryan, talvez por uma vez frágil pela possibilidade de as milhas desaparecerem, ou porque Alex está a ser algo mais do que o previsto, vai envolver-se com o down below, e participar no casamento de uma sobrinha na América profunda. Leva Alex consigo. E tudo acaba por correr bem! O improvável fim-de-semana perfeito acontece sob a mais estranha das formas. Clooney/Ryan, tomou o gosto da vida down below, com Alex, e... gostou. But sharkwomen are not like sharkmen. Are way worse. Clooney descobre que Alex tem efectivamente uma vida down below, com marido, filhos, the whole package. Alex é uma mulher-tubarão nos intervalos, com ele. Mas nos intervalos, ela consegue ser a better shark than him, pois não hesita, não abre brechas. Ele abriu, uma vez, e as coisas correm mal.
Uma comédia romântica não tem porque acabar bem. E neste século as coisas apontam mais para que não devam acabar em bem. Great part by Clooney.
Clooney once had a castle, made up in the air. Doors closed. Doors closed. Once you decide you open a door and let something in, it's no wonder there's no guarantee things will turn out allright!
Ryan/Clooney volta às suas milhas mas estas já não sabem igual... será que ele aprendeu que "lá em baixo" as portas são para abrir e fechar e abrir, e vá lá a gente - normal -saber quando entra a pessoa certa?
A vida não abre excepções, nem para Clooney.
Nem para mim.

Vejam a punchline do cartaz: "The story of a man ready to make a conection." Esta frase resume tudo o que eu escrevi antes. One thing is to be ready, another to get it right. Quando Clooney diz "Everybody needs a co-pilot", what was he really thinking?

sexta-feira, agosto 20, 2010

Leça do Paraíso.

Ontem ao fim da tarde no norte de Leça da Palmeira o cheiro a derivados petrolíferos dominava a ida e a vinda das praias, ie, pelas 17 e pelas 19 horas.
Na volta fui surpreendido por esta espuma que vinha da zona dos depósitos... e todo o pessoal como se nada fosse, a fazer compras etc. e tal...

Ó filho da puta...

...sai de cima do passeio!

quarta-feira, agosto 18, 2010

Notícias do Bloqueio

Balanço. Papéis já de um outro século. Amei, fui amado. Balanço. Não caio.

Notícias do Bloqueio.

Bloqueava eu há muitos anos e com que frequência e nas mais variadas situações.
Hoje já não é assim excepto agora, onde já não tenho, não encontro, não me surgem palavras.
Para dizer adeus como é devido.

terça-feira, agosto 17, 2010

De uma sebenta antiga.

Nunca nada é para mim,
o sol, a areia, o cristal
de uma voz como a tua,
o mobiliário corporal
que é a tua casa.

Falas e não falas comigo.
E ao reciclar um gesto já
antigo,  um beijo por ex.,
rendes-te à evidência de
que há um réu aqui e
nem a defesa
lhe pertence.

E porque imagino, imaginarei.

Curiosa expressão, pequena área, onde tudo se decide, concebe, ou falha.

Define por favor.

De há uns tempos a esta parte falta aos jogadores do Sporting a capacidade fundamental de nos momentos decisivos, nos últimos trinta metrose, mais ainda, na pequena área, definir a jogada, ter as ideias claras, marcar, chutar para golo limpo.
Assim na vida, assim na vida. É fundamental definir a jogada.

segunda-feira, agosto 16, 2010

Para melhor conhecer o Carlos Bica...

Este vídeo é contemporâneo da sua promoção do disco a solo "Single".

Matéria Prima 2010

Há por aí um novo Carlo Bica a circular... (um ao vivo).

O desequilíbrio documentado - Mª João e Lena d'Água

Neste ao vivo com muitos anos a canção de Janita é bem tratada por toda esta troupe de jazz, com a única excepção da Lena, porque ela não tem jazz... Note-se a colaboração de Carlos Bica...

O desequilíbrio documentado - Agustina Bessa-Luis e Mª João Seixas.

Comprados há aprox. um ano os DVD's agrupando uma trézia de programas da RTP com Agustina de 2005, só agora vi meia dúzia.
Filmados de uma forma fúnebre por Fernando Lopes e com um chefe electricista de nome Mário Soares, têm Mª João Seixas a entrevistar/conversar com Agustina sobre provérbios e aforismos, palavras enfim, é sabida a fama e o proveito que Agustina tem de ser uma emérita criadora dos últimos e uma inexcedível jogadora da palavra.
Falo de desequilíbrio porque o contra-ponto Mª João Seixas vs Agustina chega a impressionar. Mª João Seixas terá até uma cultura aqui e ali mais larga - talvez menos literata - que Agustina. Aliás Agustina tem a desarmante facilidade de dizer sobre várias coisas que não sabe, que não sabia... Mas em Agustina há, nota-se, uma teoria das pessoas e das suas construções que é sua, única, procurando aqui ela transmiti-la um pouco, et pour cause, jocosamente, risonha, zombeteira. Assim a sua visão sobre as mulheres e os homens, o Norte, a Europa, o Ocidente e o Oriente, visões suas, desalinhadas mas fortes e bem defendidas. Teoria que para se construir foi lida, pensada, mastigada, contestada, arrematada ao mais forte. Não resistindo à comparação, por ex. a maldade de que Agustina fala reside uns bons trezentos quilómetros para baixo do manto quotidiano de maldade de que alguns livros de Saramago vivem. E Mª João Seixas é afinal como eu, como outros, não inventa, compra, comprou, adquiriu, e daí vive, no seu caso num feminismo engagé que não vê muito para além de.
Estes programas sobrevivem única e exclusivamente à custa de Agustina. Doem à vista até que ela aparece, e lesam a medula mal ela se vai embora.
Vi os primeiros seis. Valeu bem a pena embora alguma coragem tivesse sido necessária.
Agustina morrerá proximamente. É exactamente o último grande ramo da erupção de valor literário de brotou em Portugal e que teve datas de nascimento na década de vinte, começando mais precisamente em 1919 (Sophia e Jorge de Sena).
Nada do que fôr então escrito conseguirá definir bem a certa imagem desta Mulher.

Leituras

Yourcenar e Adriano aqui.

domingo, agosto 15, 2010

Isabel Alçada pode sair.

Isabel Alçada acabou com o programa Escola Móvel. Comento aqui.

sábado, agosto 14, 2010

Leituras

Alex Ross e Neil Gaiman no Leituras.

sexta-feira, agosto 13, 2010

Notícias do Bloqueio.

Bom, voltei a despedir-me com amizade, e recebi um cartão de compras Continente com 35 euros dentro. Não está mal, é o que eu digo, a vida tem equilíbrios. E se eu me despedisse com amizade todas as semanas?

segunda-feira, agosto 09, 2010

Julho 2010


Flat Iron Ikea.

Three expensive piles of books.

In order to retreat you'll have to climb.


O livro erradamente chamado "A Mulher Certa".
There she goes ridin' through out the door...

Como se chama esta transversal de Santa Catarina que sobe?

Solaris de Soderbergh.

Embora seja um filme rotundamente falhado, não deixa de ter imagens que marcam.

Nelson Ferraz e O Mercado

The Eternal Sunshine of The Spotless Mind 2004

Não me tremem os joelhos quando ouço falar de Charlie Kaufmann, o autor do argumento deste filme. Mas tremem perante Kate Winslet. E é ela a carregar este irregular e incerto filme durante os seus cento e poucos minutos, deste o "prefácio" até ao sorriso final.
Não sei bem quem é Michel Gondry, nem sei se daqui a alguns anos mais saberei sobre ele. Parece que faz videoclips muito bons. Charlie Kaufmann foi o autor do argumento de "Being John Malkovich", por ex. As suas histórias são enviesadas, surreais, saltam e pulam e torcem a linha de pensamento do pobre espectador até mais não. O americano semi-intelectual adora Kaufmann. Ok, pode ser, mas eu adoro Kate Winslet.
Bom, nesta história tenta-se jogar com várias questões, todas à volta de uma história de amor, protagonistas Winslet e o improvável - mas que se safa - Jim Carrey. The weirdo girl and the nerd guy! Nem mais. Uma história que por necessidades de argumento que não desvendo vamos acompanhar do fim para o princípio.
Questão 1: esquecer vale a pena? E se pudéssemos apagar literalmente a memória de uma má história da nossa vida?
Uma interessante secundária, a Maria Antonieta de Sofia Coppola, Kirsten Dunst, responde lá para o fim do filme.
Questão 2: how can a nerd and a weirdo survive one another and be in love? A esta pergunta o filme não responde, mas Kate Winslet e Jim Carrey tentam e voltam a tentar. Quantas vezes? Vejam o fim mesmo do fim. E Beck - how nice, a weirdo guy! - canta "Everyboby has to learn sometime"...
O filme crê-se mais do que o que é. Aliás tem cenas falhadas, umas quantas. É também filme de culto, é assim a coisa. Mas vale a pena ver este filme, e não só por Kate Winslet.
Kate Winslet fez um grande papel em "O Leitor", embora eu ache que é um grande papel "falhado". Aqui não. Com ela nada falha, como diz um amigo meu, "é tudo sobre rodinhas"!
O título em português é tão negligenciável que nem o cito.

domingo, agosto 08, 2010

O Turista Acidental 1989

Rever um filme que já se viu uma e outra vez afinal nunca é demais. Há sempre novos ângulos que se refazem na memória que julgávamos completa da película, e que afinal não o é.
Mas o que foi acrescentado nesta re-visão não retira o facto de ser este filme um lindíssimo duelo William Hurt - Geena Davis, com esta a levar a melhor, e por isso o Oscar que ganhou.
Há mais de cinco anos escrevi isto sobre o filme. Busquei então de paso no filme meditações que podem ou não estar lá. Revisto hoje, estando mais velho e mais tudo, creio ser este filme menos temático e expositivo do que o fiz no texto acima, e mais e apenas uma história bem contada, muito bem filmada, sobre duas pessoas que querem... estar bem. É um filme que podia ser um livro. Tem um ténue fio cómico a fornecer o fundo de realidade às sequências. A voz de William Hurt a ler os textos dos seus "livros" - e os próprios textos... Reparo também que muito se vê no filme as longas, longuíssimas pernas de G Davis. I have no problem with that... Kathleen Turner as by-stander é uma infeliz antecipação do próximo futuro da sua carreira, embora o seu papel seja bem defendido.



Mas mas mas, não vamos esquecer o último diálogo entre Turner e Hurt: "you don't need me anymore... we both know that... but I need her."
Eis portanto uma história muito bem contada. Um romance. Não sobre o amor mas sobre "how you are when you're with someone". E Macon só conseguia sorrir com Muriel. E assim termina o filme.
"I need her". Este enunciar não é tão mau como parece. Só com Muriel Macon está contente, bem, estável, em paz. Querem mais, querem que eu prolonge? Não vale a pena. ATT: agora aqui vai a cena final (spoiler spoiler spoiler):



Was it good for you as it was good for me?

sábado, agosto 07, 2010

O pequeno (e parvo) João Moutinho.

"Escolhi o Porto por isto, títulos!" - disse João Moutinho, após ter ganho com a sua nova equipa, o FCP, a Supertaça. Como se já não tivesses ganho Supertaças com o Sporting, meu!

Fora esta merda, parece-me que o Porto repôs hoje a normalidade na hierarquia do futebol do rectângulo. Choro de prazer sempre que vejo jogar Varela.
No que diz respeito a Moutinho... quem?

Solaris 2002

Tenho a vaga impressão de ter visto - na têvê? - a versão de Tarkovski desta novela de antecipação científica, versão feita há mais de 30 anos. Soderbergh permite-se tudo, até isto: refazer um filme de Tarkovski com Clooney e a partenaire de Californication Natasha McElhone as the romantic pair.
O que se passa aqui? Num futuro x distante, Clooney é um psiquiatra que perdeu a esposa a não a ter socorrido - talvez, quem sabe... - atempadamente. Daí a desprender-se numa missão misteriosa e perigosa até ao planeta Solaris é apenas uma questão de poucos minutos. Missão onde o planeta parece dominar a mente dos passageiros recriando-lhes as suas mais doces memórias... o comandante da nave suicidou-se, o seu - perdido? - filho, continua por ali a correr... Logicamente Clooney vai reencontrar a sua perdida esposa, courtesy of...
Há aqui um problema de espessura, como o chocolate. Nunca este filme, o actor Clooney, o argumento e o drama que claramente se enuncia, ganham a espessura necessária para se obter a adesão de quem assiste. You can see Clooney's butt, but not enough soul...
Percebe-se que o psiquiatra não quer falhar outra vez, e que manda às malvas estar a lidar possivelmente com clones mentais, whatever. Mas Clooney não sabe criar um display adequado deste dilema, deste sofrer. Talvez um pouco mais de "método" e um pouco menos de Cary Grant...
Resumindo e concluindo, um filme muito falhado por Soderbergh, embora a 1ª meia hora tenha uma óptima fotografia...

terça-feira, agosto 03, 2010

O dedo na ferida.

A pergunta óbvia, a quem ninguém tem a coraqgem de responder. Resumo de uma reportagem aqui.

O estúpido do Mira Amaral e o patriotismo pedregulho do El Pais.

Mira Amaral tem um ódio às gravuras do Côa. As suas congéneres do outro lado da fronteira são a partir de hoje também Património da Humanidade pela Unesco, com este subtítulo no El Pais:

"Con sus 645 grabados ejecutados en una escarpadura formada por la erosión fluvial, la zona arqueológica "de Siega Verde, ubicada en la comunidad de Castilla y León, forma el conjunto más importante de arte rupestre paleolítico al aire libre de la península Ibérica."

Ora vamos lá já contar as nossas gravuras para ver quem tem mais, hã? O patego do "El País" faz por esquecer que isto é considerado na Unesco uma extensão do sítio português, fazendo por esquecer que assim temos um património da humanidade transfronteiriço, criado dezenas de milhares de anos antes de Afonso Henriques e Afonso VII de Leão...Os espanhóis têm sempre a mania... ou melhor - corrijo -  o jornal em questão, que de vez em quando dá-lhe o chamado síndroma de Osborne... Quanto a ti, Mira Amaral, atira-te de um penhasco...

Baby, I luv your garage.

O acesso.

Não se deve obstruir o acesso à... Boca de Incêndio...

domingo, agosto 01, 2010

Il Caimano 2006

Il Caimano - "O Caimão" - é o famoso filme de Nanni Moretti sobre Berlusconi. Finalmente visionado, e porque na realidade pouco tinha lido sobre o mesmo, surpreendeu-me favoravelmente. É que não há tanto Berlusconi quanto isso no filme, embora haja quanto baste.
Aliás, temos vários planos de filme em um,  a entrecruzarem-se. Um matrimónio que se desmorona mas que não o quer assumir perante os filhos, que sofrem. Sendo o marido um produtor de filmes série B que, enquanto é homenageado aqui e ali, está falido e não faz um filme há dez anos. A esposa uma ex-actriz sua que agora quer apenas cantar Händel. Produtor que recebe o argumento de uma realizadora novata que se chama "Il Caimano", e pretende denunciar... Berlusconi. Mas... dizem um atrás de outro possíveis financiadores, actores, etc.: "o que se pode dizer sobre Berlusconi que já não tenha sido dito?" E, claro, quem se quer meter com Berlusconi? Nem Michele Placido...
Comédia e melodrama cruzam-se a la Moretti exemplarmente, a banda sonora continua a contar, Berlusconi afinal parece ser aqui apenas um fait divers ao longo do filme, os sketchs iluminando o possível filme quase são afinal internezzos de pura comédia, até que a cena final resolve o quid de quem ia representar "Il Divo" no filme que ninguém quer pagar: o próprio Moretti, desenhando sete minutos de libelo:



Moretti aparece como o acusador mor no final, assumindo ele o papel de Berlusconi para melhor o criticar. Mas na realidade ele está é zangado com a Itália, a Itália que quer estas televisões, este estar, este homem. A quem porém permite uma réstea de esperança, de possível paz, como ao casal desavindo numa bela cena musicada no meio do trânsito. Palavra "esperança" que porém Berlusconi usa até à náusea...

PS.: a figura no cartaz é a do realizador, o personagem que afinal vertebra o filme. Lindo verbo... eu vertebro, tu vertebras...

Coffee and Cigarettes

Continuando na minha revisão da obra de Jim Jarmusch. lá tinham que vir as 11 curtas que em conjunto compõem este filme, finalmente saído em 2003.
A preto-e-branco fala-se de café, de cigarros, de nicotina, de Tesla e das suas invenções, curtas estilizadas sem repetição de cenários mas sim de referências, de texto, criando uma cadeia de pensamento, alguma unidade. Se unidade existe está no antagonismo que habitualmente se exprime entre os convivas, cuja união apenas reside no facto de se encontrarem ali, a tomar café e a fumar um cigarro. União que ora se desfaz - em fumo? - ora permanece no xadrez de uma mesa de café que é também imagem repetida do filme. Às vezes partes-te a rir. Outras vezes estranhas. A adesão é fácil.
Sendo uma colecção de who's who, o gostar mais ou menos deste ou daquele personagem ab initio pode condicionar a adesão aos sketches. Gostei particularmente daquele com Jack e Meg White, o com Tom Waits e Iggy Pop, o da Cate Blanchett - sobretudo ao saber a posteriori que ela fazia os dois personagens, e o último, brilhantemente desenhado por Taylor Mead - grande cinema.

O Monte da Lapa

O monte da Lapa é o ponto mais alto da Cidade do Porto. E é uma ilha, não atrás mas acima da rua Antero de Quental, mesmo ao lado do momento em que esta se precipita vertiginosa entre a privada Ordem do mesmo nome e a enorme Igreja também assim baptizada e que à dita poderosa Ordem pertence. Uma ilha na cidade do Porto é um nome paradoxal, pois uma "ilha" aqui não se vê e, as mais das vezes, nem se quer ver, exactamente o oposto do que acontece no alto mar. Porém, aqui estamos em terra, e o que vemos é as ruínas de mais um Porto castiço, outro nome - "porto" - que leva em si o desgosto de porto já não ser, rio assoreado, habitantes em debandada...
Nota positiva as lindas meninas de raça negra que aqui e ali cruzavam as ruas, uma pequena nota de miscigenação e alegria nesta província que nos forçam a habitar.
Haverá um miradouro lá no cimo. Não percebi como lá se chega.
Rui Rio, meu, não mereces a cidade que tens!

Um domingo no Dolce Vita das Antas

Livros

Joyce Carol Oates, Alice Munro e Sandor Marai no Leituras...