sexta-feira, julho 30, 2010

To compare...

Vejamos para comparação dois temas do disco de 2001 "Bodily Functions" do mesmo Herbert... way way better... different punch, different drive, different quality... o 2º tendo uma dispensável mas piedética tradução para o italiano...



One One 2010

Matthew Herbert lança novo disco, chamado One One, o primeiro de uma trilogia... Deixo aos leitores a tentativa de saber de que trata o resto da trilogia, adiante.
Bom. Canções simples, pop sintetizado schssuave ou quase. Melancolia e retro-ironia qb. Getting old, aren't you? Herbert a cantar pela 1ª vez. Esperava mais: uma coisa é envelhecer, outra coisa é facilitar, meu caro amigo.
PS.: as canções têm nomes de cidades, há uma chamada "Porto". Até nem é das piores, mas o single chama-se "Leipzig":

Notícias do Bloqueio.

Já escrevi sobre ter razão e como isso de nada serve.
Mentira. Serve. Me.

Notícias do Bloqueio.

Booking.com, já está. Saiem uma férias 1+1.

Notícias do Bloqueio.

Não cessa de me surpreender a extrema inteligência emocional da minha filha.

Homenagem.

Morreu o actor António Feio. Isto sim, é importante, o resto é... treta.

quinta-feira, julho 29, 2010

I thank you John, for this "Sunset".



Hi John, foi bom ter almoçado contigo há dias. Continuas aquele rapaz com dúvidas que conheci há uns anos. São as melhores, as pessoas que duvidam. Gravaste-me o Nitin Sawhney, lembras-te? Este tema tem "barbas", claro, mas cOmigo tem uma história, a minha história com o tema "Sunset" do Nitin Sawhney. Um dia conto-te. Um dia.

Rui Pires Cabral

(DESCIDA PERIGOSA)



Passamos um Inverno
no meu carro, é sempre
de noite. Temos a rua inteira
cravada entre as costelas,
flores espezinhadas na beira
dos rins.

Pequenas dores, pequenas
 casas, tudo em relevo
contra a parede da serra.
Mas nós estamos juntos
no salto e na queda:
podemos tentar
e tornar a perder.

E um dia, verás,
há-de amanhecer.




in Capitais Da Solidão, ed. Teatro de Vila Real, 2006.

Alberto de Lacerda

Os vocábulos
Os olhos
O olhar
O corpo
Os corpos
Regressam
Surpreendentemente
Modificados

Nunca se sabe

Nunca se apreende
O que nasceu no vértice da paixão

Contemplação ardente
De um leque que abriu um dia
Para nunca mais se deter



in "O Pajem Formidável Dos Indícios" ec. Ass&Alvim, Fund M Soares, ed póstuma 2010 (poema de 1996).

quarta-feira, julho 28, 2010

To Build A Home




Cinematic Orchestra, álbum Ma Fleur, a personal like, muito injustiçado por aí...

Boca de Incêndio.

É engraçado: não me lembro de jamais ter lido algum jogo de palavras ou trocadilho baseado na expressão acima. Que é uma fonte de água para apagar o mesmo.
Mas há "bocas de incêndio"! Agora mesmo estou a lembrar-me de uma...

"- Boca de incêndio..."

Notícias do bloqueio, versão extensa.

Sou muito bom a inventar títulos para livros. ""A volta dos tristes" seguido de "Mais ou menos"", eis uma das minhas colectâneas de insucessos.
Lembro-de da volta dos tristes, era assim, o Opel Kadett que o meu pai conduzia levava-nos primeiro até ao Furadouro, podendo ou não acontecer visita ao talho que o meu avô explorava na Avenida Central. Era um estabelecimento pequeno, arrendado, que permitia a alguém viver nas traseiras se quisesse, acontecia ao meu tio Mário todos os verões, assim o talho ficava aberto na época de banhos. O edifício onde ficava o talho está hoje trucidado.
Não falhava a subida até à marginal, o meu pai levava-me sempre a ir espreitar o mar. Nunca me dediquei a perceber a relação do meu pai com o mar do Furadouro, o seu vento, as suas ondas. Lembro-me ainda de o ver como um veraneante elegante, mais do que eu, vestido de cores claras, o meu pai é ligeiramente mais alto do que eu e mais seco e erecto, e tinha um caminhar certo e não indeciso. Na marginal do Furadouro não caminhava rápido como em outras ocasiões, motivo de certo conflito familiar. Conheço ao meu pai apenas uns únicos óculos escuros, que lhe ficavam particularmente bem. Julgo, mas não juro, que os vi nele não só para conduzir. E porém nunca vi o meu pai de calções de praia, nunca ele se atirou a uma onda, o meu pai não sabia nadar, sendo a praia um espaço apenas para contemplação e esquecimento, na escola do que eu sempre vi o seu pai, meu avô, ou os seus irmãos fazerem. Uma das histórias clássicas é o meu tio António, das pessoas mais peludas que eu já conheci e ainda mais careca do que eu, chegar ao areal, arriscar-se sim a colocar-se em calções, deitar-se.. e adormecer toda a tarde, como um animal abandonado ali por alguém, um urso ou equiparado.
A volta dos tristes tinha sempre a segunda parte que era a visita ao Areinho, na ria. A longa curva para a direita que nos introduz no Areinho, praia fluvial há décadas a sair e entrar na ruína, pertence aos postais ilustrados que carrego em mim desde miúdo. Ali a ria começa realmente a acontecer, a ser mais do que um canal em vias de eutrofização definitiva. E à direita ainda está um pasto grande com uma pequenina casa no meio e que converge até ao que já foram dunas, agora muito alteradas por séculos de evolução ecológica e transformação humana. Afundas um pé e é areia, como aliás quilómetros para dentro no meio de Ovar acontece. O Areinho tem duas ilhas artificiais, uma delas hoje completamente abandonada e que nunca teve muito uso, a outra com um restaurante desenhado nos anos 70 pelo arquitecto Januário Godinho, e que nunca teve muita sorte. Continuo a achar ser dos restaurantes mais bonitos que conheço. O carro estacionado, saíamos e íamos dar uma volta à ilha onde o restaurante se situa. Nunca lá entramos para beber um pirolito, tomar umas águas, petiscar o que fosse. Em vinte e cinco anos de convivência, excluindo as "férias" anuais enquanto as houve, programadas, nunca os meus pais sairam para ir a café, restaurante, nunca, excepções contadas duas ou três.
Quando pequeno o meu pai levou-me algumas poucas vezes à praia do Furadouro domingo de manhã. Isto queria dizer ele sentar-se no areal, dormi, levantar-se e ir passear e correr a beira-mar, no entretanto eu fazia o que muito bem me apetecesse. Ao voltar tomava alguma coisa no Progresso, que ele pedia para mim e era obrigatoriamente um bolo de arroz e um galão. Sempre achei o bol de arroz uma pastelaria muito triste.
A expressão "volta dos tristes" não foi inventada pelo meu pai mas assentava-lhe como uma luva. Nunca me pareceu que ele soubesse muito bem o que fazer com a vida, a sua nomeadamente, e já agora com aquelas que o rodeavam. Conheci-o sempre como que zangado, uma forma de estar que só décadas depois foi amaciando, pouco a pouco. Como que ao aproximar-se a velhice afinal ele tivesse chegado à conclusão que sobrevivera, e pronto. Por outro lado, julgo que a compra e recuperação da casa onde ainda hoje vive pode ter sido considerada por ele uma pequena vitória, uma última pequena realização. Outras coisas depois se sucederam, a minha digamos estabilização familiar, a neta. A neta Catarina, luz dos olhos de tanta gente, brilhantes variáveis mas sempre intensos.
A sua zanga é a minha, de alguma forma. Não que eu me ache desequipado por igual, sendo os nossos mundos tão diferentes, as experiências tão singulares. O meu pai nasceu numa família de origem pobre e que se remediou, de muitos irmãos. Eu nasci filho único numa família feita pequeno-burguesa numa vila dali de trás, que me deu tudo o que eu precisei sem excepção, embora contado. E porém, à vida às vezes não consigo dar a volta devida, por que a mesma não acede, ou porque a mesma volta das mãos não me sai. Falo com a vida minha como se vida tivesse e também me zango, e estou zangado aqui e ali, em paroxismos que são afinal de impotência, nem mais. Que logo passam. Ou que escondidos sobrevivem e vão escorrendo e circulando por aqui, artérias, capilares, veias, esta volta que o sangue dá e torna a dar e que não deixa de ser um triste recordatório de como tudo circula e roda e volta ao ponto donde partiu - ainda anteontem fui sei lá porquê pôr uma encomenda aos correios do Carvalhido... - e porém nenhum ponto é igual ao que já foi, a electricidade é outra, a declinação das cargas difere, passou para o outro lado sem que reparássemos, e as devidas medidas não foram tomadas, vejamos por ex. o meu caso.

p.s.: o Kadett do meu pai era verde-claro. Ainda há pouco tempo era conduzido por um sobrinho dum primo meu, pelo que sei, ou assim.

Notícias do bloqueio.

"Burnout". Que é como quem diz: vai arder lá p'ra fora! Faço-me de desentendido e deixo-me estar, a persiana baixa, o fogo lento.

terça-feira, julho 27, 2010

Dead Man 1995

"Dead Man is a strange, slow, unrewarding movie that provides us with more time to think about its meaning than with meaning. The black-and-white photography by Robby Muller is a series of monochromes in which the brave new land of the West already betrays a certain loneliness. Farmer brings to the Indian a sweetness and a curious contemporary air (he talks like a New Age guru), and Johnny Depp is sad and lost as the opposite of Nobody - which is, I fear, Everyman. A mood might have developed here, had it not been for the unfortunate score by Neil Young, which for the film's final 30 minutes sounds like nothing so much as a man repeatedly dropping his guitar".
Isto consta num livro escrito pelo famoso crítico de cinema americano Roger Ebert. Como habitualmente discordo das suas opiniões, o elogio é óbvio. Sobre Neil Young falaremos mais adiante.
"Dead Man" é uma viagem a preto e branco pelo Oeste americano imaginada por Jim Jarmusch e interpretada por Jonhhy Depp. E de uma viagem se trata, primeiro de comboioaté ao fim da linha, uma cidade chamada Machine, e depois por um longo caminho até à morte do artista. Depp é William Blake, coincidindo o seu nome com o do famoso poeta visionário. Cuja poesia é conhecida (!) pelo índio Nobody, que vai ser o guia de Blake por entre múltiplos obstáculos até ao caminho final. Oscilando entre o ocasional momento escatológico e a bruta poesia de um Oeste que se fertiliza com os seus mortos, difícil é não nos perdermos de um fio-guia que pode ser, por ex., o tabaco e as suas diferentes formas de utilização - índio vs homem branco, por ex. Blake não fuma. Mas Nobody também não, no sentido branco do termo. E porém vai-lhe pedindo tabaco, como uma inside joke. Em algum lado li que este filme faz lembrar "Apocalipse Now", e é bem lembrado. É uma viagem, quase alucinogénea, mas a preto e branco... Bill Blake contabilista transforma-se em William Blake, poeta no Oeste e do Oeste, falando trough fire - guns. E a sua travessia do Oeste mais selvagem jamais filmado só pode ser bem guiada pela OST de Neil Young, basicamente um monólogo eléctrico e que a desenhou assim:

"N. YOUNG: (...) the approach that I took to doing the score to "Dead Man" was I went back to--the concept was that "Dead Man" was basically a silent movie and that, you know, in the old days, in the '20s and stuff, when they had theaters, there'd be an organist or a piano player who would play along with the film, and that--and you'd get subtitles and the live music and that was it. So when I did the score for "Dead Man," I had the film projected on TV screens, and I had, like, about 20 TVs all around me, big ones, little ones, tiny little portables, and wide screens and everything hanging from the ceiling in a big semicircle all the way around me. No, in full circle. And then I had my instruments inside the circle.
So the instruments were always close enough for me to go from one to another, and they were all set up and the levels were all set, and everything was recording. So the film started, and I started playing the instruments. So I watched the show--I watched the film go through, and I played all the way through live. I'd put my guitar down and walk over and play the piano in the bar when there's a bar scene. I played the tack piano. Then when that scene was over, I'd walk over from the piano and go play the organ for another scene and then--a little pump organ I have, and then I'd pick up the electric guitar again and get all my distorted sounds out of that to go with the Indian drums and the things that were happening in the film. And basically, it was all a real-time experience. And so in that...
Interviewer: Did you have it planned out before? I mean, did you compose things in advance, or was this all improvised?
N. YOUNG: I had a theme.
Interviewer: Uh-huh.
N. YOUNG: Well, I actually had two themes that I used. And one of them had to do with violence because there was a string of violence. So you kind of get the feeling that when you heard--you know, there was one theme that went with that and there was another type of subtheme that went with some of the other feelings in the film. So that's all I had.
Interviewer: Wow."

Uau. Depp, Jarmusch, Young. Um triângulo mágico. Se conseguires entrar nesta magia solitária admites ser este um dos filmes a levar para a ilha secreta. Até porque talvez te ensine afinal o que vais lá fazer.

segunda-feira, julho 26, 2010

2010 Prins Thomas

Pela primeira vez a solo o amigo de Lindstrom bota cá para fora um disco ainda mais kraut-rock que o "II" mencionado há dias. Ideal para carro. Uma benção. Norway rulezzzz!

Real Madrid 2010/2011

São reportagens como estas no El País que medem o risco desta 1ª temporada de Mourinho no Real.

domingo, julho 25, 2010

Notícias do bloqueio.

É assim: vou até lá fora fumar um cigarro, acabar de ler um livro.

sábado, julho 24, 2010

Notícias do Bloqueio.

Hoje tive razão. Mais precisamente "em tudo". Bom... Ter razão come-se? Adormece-me de noite? Toma pequeno almoço comigo? Serve de tempero aos longos e gastos dias?

sexta-feira, julho 23, 2010

Notícias do bloqueio.

E tudo serve: reparei agora que "bloqueio" ora vai maiúsculo ora sai minúsculo. Como sabem, assim a vida: as pequenas grandes coisas, as grandes pequenas coisas. Vá a gente adivinhar onde, como, quando, a combinação certa.
Aprendi que abrir uma porta aqui onde agora estou custa quarenta euros. Ter alguém do outro lado da porta que se abre parece-me ficar um pouco mais caro. Or we're talkin' different currency here?

Notícias do Bloqueio.

No IKEA há aquelas mesinhas de diferentes cores que se vendem a cinco euros e três cêntimos... As mesas Lack. Portanto com uma nota de vinte compra-se quatro! Feito.
Lack... of perspectives... again and again and again and again.
Nada como confirmar.

Notícias do bloqueio.

Este mês esqueceram-se de me pagar as horas extraordinárias. Pontaria...
"Horas Extraordinárias". Curiosa expressão. Quer dizer então que não há mais?

Notícias do bloqueio.

Ofereceram-me flores. Despedi-me com amizade. Os dias não deixam de ter um certo equilíbrio.

Notícias do Bloqueio.

Here goes a new word: humorectomia. São muitos os seres submetidos a esta estranha cirurgia, que acontece sem bisturi mas com muita anestesia...

quinta-feira, julho 22, 2010

Notícias do Bloqueio.

Ora alguém que me defina "INTERVALO"...

Bento, ó Bento...

Desce à terra, ó homem que és XVI, e repara nisto!

Ouvir falar galego.

Uma vez mais pelo IKEA ouvi falar um delicioso galego, por uma galega de Tui, enquanto se apreçava um transporte de mobiliário por uns obscenos 98 euros. Não há ninguém que subvencione esta amizade trans-ribeirinha, nem que seja embaratecendo os transportes do IKEA?

Das palavras e do seu bloqueio.

As que eu mais odeio são as minhas, todas palavras inúteis. Às tuas ganhei recentemente uma apenas pequena erisipela. Donde, havendo febre e há, a taquicardia, os arrepios, a hipersudorese, alguma que outra confusão.

II

Lindstrom e Prins Thomas são dois dj's noruegueses com uma fixação no progressivo alemão. Este disco da parelha de 2009 é uma enciclopédia de tiques e malhas e voltas dos frios e extensos anos 70 com um braço estendido até aos anos 80. Alemães e não só. O seu gosto entranha-se. Oslo é o que está a dar. "Leftfield cosmic disco"! Whatever...

Notícias do Bloqueio.

Talvez tudo isto tenha acontecido porque sentia saudades de lavar a louça, eu, sei lá...

quarta-feira, julho 21, 2010

Tiffany Alley, looking for a cat.

What a shame: it won't happen! Cat's gone!

quarta-feira, julho 14, 2010

Where The Wild Things Are - 2

Após curta busca conclui que o filme é bem melhor que o livro. Mas é muito menos para crianças... Dave Eggars, co-argumentista, novelizou o argumento, estando o 1º capítulo aqui, no New Yorker... o texto é óptimo, embora seja o mais completo oposto àquela lógica de poucas palavras, etc....
Acrescento mais um trailer alternativo, criado sobre a canção com que termina o filme:
enjoy!

Where The Wild Things Are - 2009

Não sendo um fã incondicional dos filmes de Spike Jonze, do que já vi, estou completamente rendido a este filme. E porquê? Explico com um comentário colhido na net: "o filme é bem estúpido, o argumento parece escrito por um miúdo de oito anos!". Here's the catch: parece mesmo! Max vive com a mãe e uma irmã mais velha. As coisas não correm bem e ele foge. Porque foge? Qualquer criança de 8 anos entende porquê.Vai ter a uma ilha onde há monstros. Que são selvagens, um pouco como o Max. Assumimos que estes monstros saem da sua cabeça, ou não, ou não interessa. São crianças monstruosas. E os poucos diálogos, as poucas situações, a fantástica fotografia e a música, o variar dos ritmos e dos tempos, tudo isto remete para um viver infantil de que já quase não temos memória mas onde se sentia tudo imenso, e as palavras certas ainda estavam a nascer.
Este filme tem poucas explicações, e por isso eu gosto dele. Mania de explicar... E tem imagens e imagens lindíssimas. Max é um tratado sobre a infância, quase sem texto. O livro de origem tem pelo que li nove frases...
Por isso no fim a mãe o recebe de volta quase sem palavras (para quê) e adormece exausta pela história onde não esteve.
Fica aqui uma revisão alargada do filme que saiu no Guardian.

terça-feira, julho 13, 2010

About Schmidt - 2002.

About Schmidt é um filme de 2002 realizado por Alexander Payne e feito à volta de Jack Nicholson. Existe e persiste e não sai da ideia porque ele é o personagem principal. E porém… a sua reperesentação é bem mais moderada e discreta do que o costume, embora só com uma cirurgia plástica esse apagamento fosse totalmente possível. É Nicholson underacting. O quê?
Schmidt é um profissional de seguros, meticuloso e rígido até ao limite, que se reforma e pouco depois perde a esposa. Tem uma filha que o detesta e que vai casar longe com um caloroso vigarista. E agora, Schmidt? O descalabro está ao virar da porta e vai acontecendo, mas subitamente... a decisão mestra: Schmidt vai salvar a filha de um casamento detestável e enceta uma viagem transamericana com a sua roulotte 30-feet long até ao Nebraska. Não salva, o casamento acontece, e algumas peripécias engraçadas também. O filme ganha piada, Nicholson dobra as sucessivas arestas com muito saber e... discrição! Mas tenho dois “mas” a referir: o 1º “mas” é o discurso no casamento da filha, que é Nicholson puro a tomar o corpo de Schmidt, por uma vez “too good to be…”, isto incluindo a pressinha para uma mija. 2º “mas”: parece no fim que uma razão aparece, africana. Não esclareço e não destapo. Mas não me convence. Nem o próprio Schmidt parece convencido. Este filme está classificado em alguns sites como uma comédia. Não o é. A vida é isto, um drama irremissível com minutos, escassos minutos de comédia, assim “About Schmidt”. Mas, e já vai um 3º “mas” a viagem iniciática de roulotte até Nebraska serviu para quê, Schmidt? Para nada.

segunda-feira, julho 12, 2010

Twice the long road.

Visto o que vi
Uma e outra e outra a
Vez tomada,
Perdida a entrada
Para onde.
Se o que desejo se
Afasta e se esconde,
Basta que se deseje uma
Ponte para o que hoje se
Perdeu e talvez um dia
Se encontre uma e outra e
A vez e a voz perdida.

E é pedir a
Esta ponte que ande...

E o dia foi de... Andres Iniesta! Y como lo tenia merecido!

O anti-Mourinho

A vitória espanhola no Mundial de Futebol é também  vitória deste homem, Vicente del Bosque, o anti-Mourinho. Tudo o que Mourinho faria de uma forma, ele faz ao contrário. Falta o confronto directo...

domingo, julho 11, 2010

The new Michael Jackson

sexta-feira, julho 09, 2010

Darjeeling Limited

Wes Anderson, o realizador de Darjeeling Limited (2007), é adorado por alguma crítica. A originalidade, quando americana, é sempre considerada supina. Donde eu já ter lido interpretações mirabolantes, caindo entre o cabalístico e o rosacruciano, deste filme, que na prática é uma desopilante comédia "arty" sobre três irmãos (oh, como se parecem...) recém órfãos de pai, à procura da mãe (Anjelica Huston) algures a missionar na Índia, e à procura deles próprios. É melhor levar a reserva de cocos para o filme pois é de partir o coco uma e outra vez. Os irmãos (Owen Wilson, Adrien Brody, Jason Schwartzman) são tão o oposto uns dos outros que... só podiam ser irmãos! É ver e nem pensar em pensar, please! (que por ex. Roman Coppola é co-argumentista...).

quinta-feira, julho 08, 2010

Carta aberta a Jorge Miguel.

Caro Jorge:

Escrevo-te nesta confusa situação em que me encontro para te manifestar admiração e agradecimento. Dos teus discos que, confesso, às vezes me escuso de partilhar a amigos meus que os tenho, brotam canções sobre canções para estes dias do mais puro inverno. Obrigado. Consta-me andares também um pouco despistado e, desculpa, com isto não me refiro a teres entrado com o teu SUV por uma montra adentro ainda anteontem. A montra não estaria bem decorada, com certeza fizeste bem, e até ficaste cordatamente à espera que a polícia viesse e te fizesse os costumeiros testes. Eu compreendo. Não tenho o teu graveto senão entrar por dentro das lojas com SUV's seria um dos meus desportos favoritos. Mas preocupo-me contigo, assim como me preocupo comigo e como rezar não sei lá vou de remada em remada fazendo o meu lento caminho para a costa. Deixo-te estes versos de Yeats, com certeza inspiradores, para ti... e para mim.


"Let me tell you a secret

Put it in your heart and keep it
Something that I want you to know
Do something for me
Listen to my simple story
And maybe we'll have something to show

You tell me you're cold on the inside
How can the outside world
Be a place that your heart can embrace
Be good to yourself
Because nobody else
Has the power to make you happy

How can I help you
Please let me try to
I can heal the pain
That you're feeling inside
Whenever you want me
You know that I will be
Waiting for the day
That you say you'll be mine

He must have really hurt you
To make you say the things that you do
He must have really hurt you
To make those pretty eyes look so blue

He must have known
That he could
That you'd never leave him
Now you can't see my love is good
And that I'm not him

Won't you let me in
Let this love begin
Won't you show me your heart now
I'll be good to you
I can make this thing true
Show me that heart right now

Who needs a lover
That can't be a friend
Something tells me I'm the one you've been looking for
If you ever should see him again
Won't you tell him you've found someone who gives you more

Someone who will protect you
Love and respect you
All those things
That he never could bring to you
Like I do
Or rather I would
Won't you show me your heart
Like you should
(...)

I can make this thing true
And get to your heart somehow"




Ah, ah, ah, estás a rir, não? Sim estes versos, Georgios Kyriacos Panayiotou, que és apenas meses mais velho do que eu, são teus. Obrigado. Fica o vídeo do costume.


W.


quarta-feira, julho 07, 2010

Yes!

Intervalo?

Way way way way way way way way way way way way way way way way way way way way way way way too good!

Sempre Elis.

E mais Elis Regina

Inútil Paisagem - Elis e Tom (1974)

Tilda Swinton - sessão dupla (with spoilers)

"Io Sono L'Amore"  (2009) e "Broken Flowers" (2005). Em comum nos dois filmes está Tilda Swinton. E quem é Tilda Swinton? É aquela moça muito branca que – acho – é rainha nas Crónicas de Narnia. E já ganhou um óscar de melhor actriz secundária em 2008 por "Michael Clayton".
“Broken Flowers” é Jim Jarmusch vintage. “Io Sono L’Amore” é um êxito comercial e também de crítica – com flutuações – dum novo realizador italiano, Luca Guadagnino. Não há filmes mais opostos. E não falam do mesmo.



“Io Sono L’Amore” trata do amor que é paixão. Que pode sempre voltar a acontecer. Tilda é Emma, uma rapariga russa que se apaixonou, ou mais precisamente foi “capturada” por um jovem milanês filho de uma rica família proprietária de um empório têxtil. Isso aconteceu há muito tempo. A rotina de uma família da alta burguesia milanesa é retratada ao detalhe. Emma é o discreto motor dessa engrenagem. Que se baseia numa maré de serviçais. As cores, os tempos, os ritmos, a música de John Adams parecem ser muito eficazes no desenho desse retrato. Emma tem um filho que é um pouco diferente. O único que fala russo com ela. Que faz amizade com um rapaz cozinheiro que vai ser a nova e infinita paixão de Emma. O resto é flores, e o resto do filme é um lindo ramo de situações várias que levam à ruptura, à emersão, à fuga da mulher apaixonada para o ventre obscuro onde se acolhe, e assim terminamos.

O cinema italiano tem este problema com os seus filmes actuais. Para os críticos de cinema nunca nada do que é produzido se pode remotamente comparar às antigas glórias como Visconti, Fellini, Antonioni. E nem lhe é permitido dialogar, algo que este filme se permite, nomeadamente com Visconti. O crime acontece. Tilda Swinton é superlativa e eis mais um filme sobre a paixão que se vê bem e ao qual se adere finalmente sem hesitação.



“Broken Flowers” é outra música. Começa efectivamente por sê-lo: Mulatu Astakte, o jazzman etíope domina a OST. Porque Bill Murray, americano emocionalmente “paralítico”, tem um vizinho de origem etíope que é o seu oposto: vive feliz, tem três empregos e cinco filhos. Bill Murray? Vê “paraliticamente” terminar a sua enésima relação. O seu sucesso em computadores permite-lhe uma vida de reclusão e auto-depreciação as an explicity defined “aging donjuan”. Até que recebe uma carta sem remetente, possivelmente de uma antiga relação, escrita a tinta vermelha e num envelope rosa, anunciando-lhe a existência de um filho de dezanove anos, que possivelmente o irá procurar. Relação qual? Winston, o vizinho etíope, é amador de romances policiais e decide por Bill Murray um roteiro de procura das cinco namoradas de há 5 anos, uma delas já morta e enterrada num cemitério. E contrariadamente Bill Murray vai à procura. Going on a quest… Cada visita é um episódio de uma soap opera prensada num registo minimal e deliberadamente repetitivo. Oferecer flores, a procura da máquina de escrever que terá escrito a carta. No último encontro, onde aparece uma Tilda Swinton transfigurada, as coisas não correm bem. E Bill Murray volta.

O filme termina com um (des)encontro dele com um rapaz na estrada que ele decide tomar como o seu filho à sua procura – será? Não será? E a dúvida, ou o medo, ou o vazio com que Bill Murray nos deixa no fim do filme, em rotação de 360º, é a resposta clínica aos anos de sucessivas relações e relações e relações, dada sem anestesia. Murray procura um sentido, daí os 360º, e não o encontra, ele não está. E o tal filho que pode ou não aparecer tanto pode fugir espavorido como atacá-lo. E não há razão, não há caminho para seguir. No hay hoja de ruta.

Joder, como diriam nuestros hermanos.


P.S.: retirei isto da Wikipedia: "Swinton lives in Nairn, in the Highland area of Scotland, with Scottish painter John Byrne and their twin children: a son, Xavier, and a daughter, Honor. She travels with her partner Sandro Kopp, a German/New Zealand painter.[19] She has been with Kopp since 2004 and the relationship has Byrne's blessing.[20] In an interview, Swinton commented on her domestic situation: "It’s the way we have been for nearly four years. I’m very fortunate. It takes some extraordinary men to make a situation like that work.""

Joder, como diriam nuestros hermanos. Embora a relação afinal já não tenha (2010) Byrne's blessing, ele 19 anos mais velho, Sandro 20 anos mais novo que Tilda S.

segunda-feira, julho 05, 2010

Cal... canhoto ou a performer um pouco diferente das demais.

Lunar, absolutamente lunar, Adriana Calcanhoto dominou o show à porta da Casa da Música, que terminou há... duas horas. Sim, lunar. Adriana é do Rio Grande do Sul e nota-se. O seu calor é discreto, nocturno, brasileiro suave. Não é uma performer qualquer. E é um caso sério de mulher. Sobre a sua música já escrevi antes, mas para um espectáculo ao vivo a coisa só podia melhorar e assim foi, espectáculo este que faz um upgrade do repertório best of de Adriana com repescas já experimentadas para os espectáculo "Três" que ela apresentou aqui e ali nos últimos anos com Domenico e Moreno (Veloso). O terceiro encore foi "Bim-Bom" de João Gilberto, com ritmo electrónico sub esgalhado e a terminar em distorção hard, enquanto a artista baloiçava a sua despedida final em direcção ao fundo do palco. Pois...

sábado, julho 03, 2010

O meu amigo Gonçalo

"Neste tempos incertos em que viver é uma arte", meu amigo Gonçalo, nem sabes o quanto me tens ajudado, tu e o teu sentido de humor, dos mais afinados a norte (e a sul) do equador...
Many thanks!

sexta-feira, julho 02, 2010

And again...

Again...

The same (old) song

Mapa de Guerra.

Não, não tenho razão.
Nem a quero.
Vejo-os passar,
Abotoados, cinto preso.
Ar condicionado.
Os acidentes então acontecem,
Menos que o devido, é certo.
E este percurso assinalado e
Em que sou acidente, está
Seguro contra os riscos
Todos.

Não, não tenho razão
Para aqui ficar. Nem está
Previsto.
Eu explico onde
Não fico: aqui não, aqui não,
Aqui também não.

Nem aqui.

Someday not today

O silêncio.

(...)
Se o que escrito levo faz algum sentido, que não faz, serve apenas para demonstrar como não posso andar a caminhar "por aí". Caminhar implica um sentido, ou pior ainda, uma direcção. Se hesitas vários olhares logo te questionam sobre a direcção que levas ou que procuras. Suspeitam. Interrogam-se. Estou velho para estas merdas. E porém fui especialmente equipado para o sol e suas cores, para o vento e suas correntes, para o fogo e seus intervalos.
E para o silêncio incandescente, o que hoje não é bem o caso.

quinta-feira, julho 01, 2010

Untitled (How does it feel?)



d'Angelo - Voodoo - 2000



(have it your way, he says...)

O sucesso deste vídeo - por razões óbvias, e que esquecem as outras qualidades, literalmente paralizaram a vida do cantor, que não voltou a fazer nada de jeito...

Raça Bovina Minhota

"Caracterização: raça mediolínea, hipermétrica, convexilínea, de pelagem flava, com aberturas naturais almaradas e cornos de tamanho pequeno a médio e com pontas afogueadas, úbere bem desenvolvido e bem inserido. Muito dócil e de fácil trato".

Em resumo: uma vaca!