quinta-feira, dezembro 31, 2009

E lá fora?

Um amigo meu, médico, falou-me agora mesmo de uma doente sua, seguida há mais de seis anos por doença complicada, mas até ontem estável. Por discreta complicação fôra internada para estudo segunda-feira pela tarde. Hoje está em cuidados intensivos e com poucas probabilidades de sobrevida útil.


É, as coisas, os acontecimentos, os dados, aquilo que não se compra nem se vende na farmácia, não estão ou não aparecem durante meses ou anos e, subitamente começam a bater à nossa porta como bolas atiradas por uma criança, ouve-se, não se liga, repete-se o som, vai-se abrir, é um batalhão.

O tempo, o tempo, sempre foi uma variável traiçoeira. Começa logo por isso, por ser variável. E não nos pertence a caixa de velocidades que o regula inapelavelmente. Às vezes não nos resta outra alternativa senão ir atrás, ou não. O tempo pode correr mas sempre podemos optar: que ele corra cá dentro, ou lá fora.

A doente deste meu amigo foi tomada por uma vertigem, um arrepio, um buraco no espaço-tempo. O meu amigo disse-me: “eu olhei para ela, mas era como se afinal estivéssemos em realidades paralelas, ela já com uns dias de avanço, outro ano.”.

Pois é. Outro ano. E já vou atrasado. Aprendi-o da pior maneira, possivelmente.

E não sei se abrir ou fechar a porta, se correr ou se sentar-me pacientemente à espera. Diz quem não sabe que “quem não sabe é como quem não vê”. Deve ser por isto que tropeço.

Outra opção ainda é sair, ir lá para fora, e deixar que os elementos, os elementos todos, chuva, vento, sol, humidade, mar e terra, tomem conta de ti e te conduzam através de um qualquer solavanco temporal tido ou por haver.

Sempre foi assim, lá fora é que se está bem.

Let There Be Music (Prefab Sprout)

Let There Be Music




In the beginning was a mighty bang,


as the shockwaves spread and the heavens rang.


From the start this world was violent,


man asked why but the sky was silent.


God was moved, he made a choice,


he said: 'let music be my voice.'



Let there be music,

music will be...

and you shall hear my story,

you will glimpse my glory

and find a refuge

from the trouble that you see



Let there be music,

music will be...

and if your burden grieves you

your baby ups and leaves you,

I'll be your blues if you should choose

to lean on me



He, he said let there be (let there be)

music, and there was...

children don't you cry, because

He, he said let there be (let there be)

music, and there was...

children don't you cry, because



There shall be music,

music will be...

and if cupid's bow

strikes you low,

hey Jules and Jim,

I wrote the hymn to ectasy.



He, he said let there be (let there be)

music, and there was...

children don't you cry, because



I am always near you

so don't think I can't hear you

I am present, I am calling

in the sound when rain is falling



I wear the thin disguise

the lovers' sobs and sighs...

don't you know

who I am?



(woo-hooo-hoo-ooo-ooo)

who I am? (woo-hooo-hoo-ooo-ooo)



He, he said let there be (he said let there be)

music, and there was...

children don't you cry, because

He, he said let there be

music, and there was...

children don't you cry, because



There shall be music,

music will be...

terça-feira, dezembro 29, 2009

Mais Europa.


Vai ser este o enésimo texto sobre a Europa, o seu futuro, etc.


Mas não vou opinar. Vou apenas contar uma história, e expor algumas coisas através de dois livros que nesta minha casa foram recebidos de presente, por estas alturas.



O ano passado, pelos Reis, um cunhado meu, pintor, ofereceu-me um livro originalmente francês mas traduzido para galego e que se chama “Descubrir a arte a través do mundo”. A editora, viguesa, “Faktoria K de libros” produziu um livro-quase-objecto que, com textos simples e enxutos, mostra arte proveniente de dezoito sítios do mundo, apenas três sendo europeus. Os exemplos europeus são a “Primeira Bíblia de Carlos, o Calvo”, do séc. IX, um ícone da Virgem do séc. XVI, russo, e a “Vitória de Samotrácia”, conhecidíssima escultura grega dos séc. II-III a.c. As restantes peças são também lindíssimas, desde as iluminuras persas, os gravados chineses e japoneses até aos códices aztecas e os toucados de penas amazónicos. Um livro lindíssimo. E porém, porém, porém... pode naquelas três peças resumir-se a formidável e objectivamente única aventura da arte europeia? Não seria o objectivo deste livro menorizar esta, ou reflectir sobre a mesma. Quem reflectiu e pensou fui eu!

Este ano um casal amigoferecereu pelo Natal à minha filha um livro originalmente sueco mas traduzido para português onde espreitamos treze famílias a viver em treze cidades do mundo. As cidades são “europeias-de-cima/norte” – Estocolmo, Berlim, Varsóvia, Moscovo, Reikjavik, e as obrigatórias Londres e Paris, aqui o único casal gay do lote.

Depois o resto do mundo fornece escolhas óbvias: Shangai, Bombaim, Nova Iorque, Johannesburgo, Sidney. Falhou Tóquio. Finalmente uma escolha atípica – Valparaíso, cidade portuária do Chile onde um casal de artistas fez reviver uma casa relativamente modesta. As outras casas são tudo menos modestas, em nada servindo para exemplificar os locais de origem. Por exemplo, o casal de Bombaim consiste num industrial semi-reformado e sua esposa, ocupada em decorar o seu discurso para o Rotary Club local. O seu duplex tem 300 m2 no total e 90 m2 de terraço, o habitual em Bombaim, como sabem... O casal de Johannesburgo, o típico casal misto, ele alemão, vive num condomínio fechado – muito fechado mesmo – com piscina, jardim, all the comodities... A esposa, chefe de pessoal numa empresa de segurança (!), preocupa-se muito com a pobreza africana e diz ajudar todos os que "vivem ali perto" – mas, rapariga, tu conheces alguém no teu bairro?
O resto da malta? Designers, pintores, actores, corretores de bolsa, estilistas, empresários, you name it. Boa gente, não discuto. Claro que as casas são na maioria muito bem decoradas e no geral muito bonitas, bem aproveitadas, etc.

Neste livro é curiosa a completa ausência do Mediterrâneo, o destino europeu de férias por excelência desde a antiguidade! E tudo o que não é “Europeu-escolhido” é de enclave. Claro que há muito multiculturalismo, certo, mas em Berlim, por ex., não no sítio de onde ele partiu. Os Outros aqui são poucos, muito poucos. A diferença é realmente discreta. A aldeia é global porque virtual, inexistente. Ou pelo menos muito minoritária, élace! Encontramo-nos todos no Centro Comercial mais próximo. Na contracapa o livro sublinha "todos iguais todos diferentes". Há que descodificar. Este livro se calhar também não pedia esta reflexão. Fi-la eu.

Entre a Europa que tem medo da sua terrível e fantástica História, cujo manto de glória é a Arte Ocidental, paroxismo de inquietação, e uma Europa idealizada que só se revê nos espelhos iteradamente recriados à volta do globo, o coração, ou melhor, o cérebro, ou melhor ainda, o medo ancestral do caçador de peles europeu balança.

Great Melanie Griffith!

Cherry 2k.

Age of Innocence - script excerpt.


"MRS. MINGOTT


Ellen! Ellen, are you upstairs?



[Archer is startled at the mention of Ellen]



MRS. MINGOTT

She's over from Portsmouth, spending the day with me. It's such a

nuisance. She just won't stay in Newport, insists on putting up

with those. . . what's their name. . . Blenkers. But I gave up

arguing with young people about fifty years ago. . . Ellen!



MAID

I'm sorry, ma'am, Miss Ellen's not in the house.



MRS. MINGOTT

She's left?



MAID

I saw her going down the shore path.



[Mrs. Mingott turns to Archer]



MRS. MINGOTT

Run down and fetch her, like a good grandson. May can tell me all

the gossip about Julius Beaufort. Go ahead. I know she'll want to

see you both.



[On the shore path]



NARRATOR

He had heard her name often enough during the year and a half

since they had last met. He was even familiar with the main

incidents of her life. But he heard all these accounts with

detachment, as if listening to reminiscences of someone long dead.

But the past had come again into the present, as in those newly

discovered caverns in Tuscany, where children had lit bunches of

straw and seen old images staring from the wall.



[Archer walks down the path and sees the pier and house in front

of him. He sees a woman with her back to the shore, leaning

against a rail. He stops, unable to go on. It's Ellen. She looks

out to sea, at the bay furrowed with yachts and sailboats and

fishing craft. He does not move. Ellen does not turn. A sailboat

glides through the channel between Lime Rock lighthouse and the

shore]



NARRATOR

He gave himself a single chance. She must turn before the

sailboat crosses the LimeRock light. Then he would go to her.




[He looks to the boat. It glides out on the receding tide between

the lighthouse and the shore. He watches as the boat passes the

lighthouse. He looks at Ellen, she has not turned. Archer walks

away]

Cherry 2000 - 1987



Tempos houve em que Melanie Griffith era uma presença fascinante no ecrã e não apenas um desastre fora do mesmo.
Este filme, realizado nem eu sei bem porquem nem interessa  muito... Steve de Jarnatt?... é uma espécie de Mad Max algo feminista onde Melanie rulezzz!
Um gajo rico "fode" (e também estraga) a sua robot-par, em 2017. Para obter um chip que "reforme" a sua companheira artificial tem que viajar à "The Zone", terra sem-lei, etc e tal. Como mercenária-guia, contrata uma espectacular Melanie Griffith. O resto, para mim,  é "underdog" film history"!

Let's Change the World with Music 2009


Se não é um dos discos do ano, o meu nome não é. Concebido logo após "Jordan: The Comeback", o som vai por aí mesmo, e lembra muito a cristalina produção de Thomas Dolby para aquele disco. Não tem grandes, grandes temas, aqui e ali quase soa a "leftovers", com mais de quinze anos de história musical de permeio, mas q s foda, é Prefab Sprout, e venha alguém hoje fazer metade deste som! As estrelas soam assim, meus amigos. Toda a gente sabe!

Discipline 1981

Os King Crimson foram refeitos para este álbum, onde Belew e Fripp actualizam o som da banda de forma a estarmos muito nos anos 80. Eno, Byrne e cia estão ali ao lado.

Grande disco, grandes guitarras, grandes percussões.

Época de saldos.


O saldo é no geral positivo. Os saldos também. Estamos portanto a analisar a situação por partes.

domingo, dezembro 27, 2009

Das igrejas que antes estavam cheias de grávidas.

O título pode sugerir alguma dificuldade no disfrute do património arquitectónico religioso deste nosso Portugal, sobretudo se falarmos de grávidas de 3º trimestre, mas não se trata disso.
Há exactamente 1 semana, na Basílica dos Mártires de Lisboa, o bispo auxiliar da capital celebrou uma missa que incluia uma "Bênção às Grávidas". Até aqui tudo bem: benzam-se!
Esta bênção nasce dum projecto laico católico chamado "Presépio na Cidade". Uma das suas promotoras disse (via "Público"): "Antes da lei do aborto as igrejas e as casas de acolhimento para mães em dificuldade estavam cheias de grávidas. (...) Hoje, à mínima dificuldade, fazem um, dois, três abortos. Menosprezamos o dom da maternidade. (...)"
Não tenho palavras. Como foi possível?
O "Público" terminava assim a notícia: "(...) houve também uma procissão em Lisboa, à chuva e ao frio, para orar ao verdadeiro espírito do Natal."
Desconheço se o objectivo era desejar a chuva ou aspirar pelo frio.

Desincentivos

Em Espanha paga-se aos médicos para não passarem baixas. É assim: tens um incentivo de 1500 euros/mês - o que para um clínico geral vulgar e corrente nem é assim tão pouco - se só passares um nº mínimo de baixas previamente estipulado. Daí para baixo o incentivo vai baixando drasticamente até ao zero, há medida que o nº de baixas aumenta. Do artigo sito no "El Pais" não ressalta se é tido em atenção a idade, as doenças, o tipo de doentes que tens na tua consulta - e que podem propiciar mais ou menos a necessidade de uma baixa. Esta notícia enche duas páginas, tem um comentário cuidadoso dum presidente de uma associação de doentes, e alguns ´nºs a descodificar onde se refere que há doenças que por ex. na Catalunha duram x dias de baixa e tb. por ex. na Galiza duram 7x dias mais, ou menos, não importa. "Um escândalo!" Do "Colegio Médico" espanhol, o equivalente à Ordem dos Médicos, nem pio.
Bom, esperemos... cá há de chegar este sistema...

Perspectivas para 2010

Meus amigos: as coisas não andam bem.
Maria do Rosário Pedreira transferiu-se para a Leya como se fosse um jogador de futebol de topo. A mulher que "descobriu" José Luis Peixoto, por ex., quer descobrir mais. Às trincheiras!
José Rodrigues dos Santos ganhou o prémio de 2009 do Clube Literário do Porto. Este clube, este clube... muito sinceramente sempre pensei que o clube literário do Porto era o FCP e, posto isto, ainda penso. O estrangeiro visivelmente não nos salva: os livros de JR dos S estão traduzidos em 15 línguas!
Uma mulher empurrou o papa, atirou-o ao chão, assim uma coisa. Já tem clube de fãs na internet. Uma amiga minha, antes de me devolver a minha filha após uma sessão de cinema que muito aliás lhe agradeço, disse-me que "esta coisa de atirarem o Pinto da Costa ao chão, o papa.." - e - lembrei eu - "o Berlusconi!" - "pois!" - concordou ela, "andava tudo ligado".
O que nos salva é coisas como o Nanni Moretti ter um filme que se chamará "Habemus Papam", interpretado por Michel Picolli e onde um recém-designado papa sente-se indigno do cargo em que foi investido e resolve ir ao psicanalista.
E viva 2010!

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Do Natal alguns prospectos.

Data familiar por excelência, paradoxalmente é no Natal que começo já a fazer o balancete do ano.
No meio de mais gente que o costume, acabo mecanizando gestos e conversas que sempre terminam onde começaram. E aí a viagem pode começar.

Que ano mais estranho, não foi?
Espera pelo que vem!

Feliz Natal, malta! Ah, e obrigado.

terça-feira, dezembro 22, 2009

Kobenhaven

Chove mares!

Copenhaga acabou só há três dias, enfim, tinha que ser já?

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Estive lá.

É, estive de férias.

AFA outra vez

Assim, um dia, viajei para norte
por ímpares estradas sob o míssil doirado
diversamente chamado sol ou lua,
saber da tua sorte; vim dar
a esta superfície sem desenho
onde a terra e os gelos se misturam
e o silêncio é perfeito e permanente.
Fizeste, do teu rosto, um muro alto,
são dentes os teus dedos, fino seixo
o coração pequeno e ocupado,
e transformaste a língua num bocado
de areia fria misturado ao lixo.
E ainda assim persisto, porque sei
que por amor nos basta o que te tenho.


António Franco Alexandre, Duende 2002, Ass&Alvim.

Do casamento homossexual e outras merdas

Bom, vejamos: se reconheço a existência de laços de relação e convívio mantido debaixo do mesmo tecto entre pessoas do mesmo sexo como algo normal, e reconheço, tenho que admitir que algumas destas pessoas possam ter o direito de assumir um vínculo legal decorrente desse convívio iterado, etc. Eu estou nessa situação, sou casado, convivo sim com uma pessoa de sexo diferente. Aliás respeito tanto este vínculo que já vou na segunda volta ao tema...
Por outro lado assume-se a denominação de lar, famíla, etc. para essas casas, esses sítios onde pessoas do mesmo sexo estão, portanto, casadas. Daqui à adopção é um passo, pois as crianças, meu Deus, não é de um lar que necessitam? Pronto, já está. Já disse.

Agora, concordo com o Cavaco: estas merdas não são o que de mais importante há para discutir neste virar de ano 2009-2010 neste (pouco) sorridente Portugal. Não são! Basta de areia para os olhos, foda-se!

domingo, dezembro 20, 2009

Itapuã existe, pois!

"Ornada por centenas de coqueiros altíssimos, a Praia de Itapuã, cantada nos versos de Vinicius de Moraes, é uma das preferidas pelos moradores da capital baiana.


Itapuã é a continuação, da orla da cidade alta, de diversas praias que têm início no bairro da Barra, na praia da Barra e continuando nas praias de Ondina, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba, dentre outras e se estendendo até a Terceira Ponte, Corsário, Placaford, indo até o Farol de Itapuã - onde se encontra a Praia do Farol.

O litoral se estende adiante para outros municípios onde se encontra o chamado Litoral Norte que vai até a divisa com Sergipe, sendo acessado através de rodovia, constituindo a Linha Verde.

Situada ao Norte da cidade, fora da Baía de Todos os Santos, Itapuã é banhada diretamente pelo Atlântico, proporcionando em alguns pontos, a prática do surf."

Itapuã existe mesmo?

"Um velho calção de banho

O dia pra vadiar
Um mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar
Depois na praça Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime
Beber uma água de coco

É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã


Enquanto o mar inaugura
Um verde novinho em folha
Argumentar com doçura
Com uma cachaça de rolha
E com o olhar esquecido
No encontro de céu e mar
Bem devagar ir sentindo
A terra toda a rodar


É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã

Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapuã


É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã"

 
 
Fiz alguma auto-estrada a ouvir Vinicius e Toquinho. Levava anos sem ouvir estes dois. E para mim Vinicius é Itapuã e esta canção. Há um paraíso aqui descrito. E quem não o deseja, quem não o procura? O velho calção de banho, a cachaça de rolha, falar de amor em Itapuã. Já ninguém fala de amor onde quer que seja, embora Itapuã fosse um sítio a preferir, com milhas de antecipação e brilho. E o mar todo...
Talvez este Brasil de Vinicius e Toquinho na realidade nunca tenha existido mas... a realidade, meus amigos, a realidade deixem que vos diga...
Ora onde tenho eu o velho calção de banho...

Itapuã existe?

sábado, dezembro 19, 2009

Breathless 1983


Breathless é um filme de Jim McBride de 1983, se não me engano, e é o filme em que mais “engraço” com Richard Gere. Engraçar é um verbo giro, não é? Filme americano, claro, mas uma homenagem curiosa ao mega-clássico de Godard “A Bout de Souffle”. É nervoso, picado, pastilhado, e termina deliciosamente bem, não vou contar como. A rapariga é decorativamente francesa e já ninguém se lembra dela, se calhar nem dos lábios. Camava-se Valérie Kaprisky.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Sir, please...

"Please, sir, you who knows everything, please do tell me, are there no limits? There is no frontier to be crossed? Who tells me where to stop? Please, answer!"

He answered in a loud and clear voice: "You will have to know where to stop! There are no guards, no line drawn on the floor. But yes, there is a limit. Yes, there is."

And then: "To make it easy on you I lend you a piece of... chalk!" And he disappeared. Laughing he was? I don't know. The fog...

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Oh God!


A mim o que me atrapalha não é o enunciado mas sim a má qualidade do grafismo... ver link!

quarta-feira, dezembro 16, 2009

A Jazzar Live in Capuchos - 2009

A Zé Eduardo Unit é um trio de jazz com o contrabaixista e compositor José Eduardo, o baterista Bruno Pedroso e o sax tenor valenciano Jesus Santandreu.
Fazendo de conta que sei bastante sobre estes gajos, o projecto "A Jazzar" já virá de longe, primeiro editou "com o Zeca", depois "com o Cinema" português (!), agora este live tem temas tão improváveis como a canção título do Noddy, a mesma da Abelha Maia, idem para os Simpsons e - last but not the least - o Dartacão! Completamos com a "Balada da Rita" e a "Cantiga da Rua" (filmes) e a "Grândola". Claro que tudo isto com muita improvisação e muito bom jazz em cima fica uma delícia!
Mais um "presente" da editora Clean Feed.

Plural, singular.

Outra coisa, Miguel, já vai sendo tempo de aprenderes que "chaves" tem o singular "chave". Não se mete "as chaves" na porta do carro, uma "chave" chega... quando o comando não funciona, claro!

Miguel Matos

É engraçado como estas coisas se conjugam mas não pude deixar de pensar naquela história da moda quando hoje de manhã, depois de me fazer esperar quarenta minutos, o senhor acima mencionado chegou ao stand para me entregar o meu carro novo - um Altea XL - com o cabelo todo penteado em ondas para o lado, gravata de nó largo, lilás, sobretudo escuro, gestos despachados como se nada. Que tinha sido atrasado um pouco - ! - por um cliente. Claro, que bom existirem tantos clientes para sempre terem eles a culpa! Ou seria... uma cliente, que afinal quisera prolongar um pouco a noite pela manhã adentro, pequeno almoço, etc., e o rapaz afinal atrasara-se a mudar a farpela de gigolo tout-court para gigolo-que-vende-carros...
Antes o operariado da TV Cabo tinha-me telefonado pois chegara a minha casa - Matosinhos - adiantado, e chegámos facilmente à conclusão que não poderiam esperar por mim... e adiou-se um dia.
Enfim, o carro está comprado, o negócio esquecido. Esclareça-se que alguma malta da Sporjop me pareceu mais competente e cumpridora. O Sr. Miguel Matos é que não.

sábado, dezembro 12, 2009

Soul-Angel & The Hadley St. Dreams 2008


Solange é a irmã mais nova de Beyoncé. Mas a música é melhor. Não há a pressão de fazer história na Billboard, sim de fazer música merecedora de toda uma herança, primariamente a Motown. Bom disco que se ouve bem.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

"Você não percebe nada de moda" - parte 2.

Mesmo nada.

"Você não percebe nada de moda" - parte 1.

Pois não.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Tina Fey rulezzzz! (30 Rock)


Great comedy series!

11


New Power Generation, a banda (então) de Prince a solo, reciclada p OST de Girl Six.
Great stuff. Notice the lyrics, everything!


08 Count The Days.mp3

10


Rocky Marsiano, croata em Lisboa. My man...


05 THE END OF SOMETHING.mp3

9


Underworld no 3ª, Beaucoup Fish, ainda bom, duríssimo!


04 Shudder-king Of Snake.mp3

8


King Crimson, I mean Fripp guitars...


08 Improv- Two Sticks.mp3

7


Peven Everett, 21'st century soul!


05 Surely Shorty.mp3

Chama-se Melodia


É uma cadela, tem seis meses, vejo-a poucas vezes mas a paixão é muita e mútua. Pesa uns vinte quilos ágeis e estouvados de cachorra cruzada entre perdigueira e pastor alemão. Entro pela porta da casa de meus pais e ela projecta-se para cima de mim, no escuro até às vezes pois a luz da entrada nem sempre acende, é difícil dominar um bicho assim em fúria apaixonada e corresponder como é devido pois também gosto muito dela. Chama-se Melodia, tem seis meses, já disse. É o que é mais doce e ao mesmo tempo uma permanente tortura no dia-a-dia de meus pais, cuidadores dedicados que a isso foram obrigados mas agradecem.

Am I right or am I right?

No, I'm wrong! Everybody says so, so they must be right, and I'm wrong.

Parabéns!

Uma mulher matou o marido em S. Bartolomeu de Messines.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Leituras

Le Clézio e Elvis no Leituras...

terça-feira, dezembro 08, 2009

Às Cinco da Tarde 2003



Existem filmes que nos fazem sentir culpados. E o filme “Às Cinco da Tarde“ é um deles. Mas esta culpa é mais extensa do que o habitual e mais estranha. Trata-se do 1º filme rodado no Afeganistão após a derrota dos talibãs. Derrota hoje sabemos não definitiva. Derrota tornada provisória pelo cansaço ocidental em defender gente longínqua após os anos de chumbo iraquianos. Uma rapariga filha de um homem conservador e reservado vai à escola às escondidas. Também faz outras coisas às escondidas, como calçar uns sapatos brancos de tacão e descobrir a cara onde não devia. Como “pensativamente e com muito cuidado” saltar à cabra-cega. O filme explica bem como são as coisas: o homem não deve ver a cara de nenhuma mulher e assim os cruzamentos que acontecem esporadicamente levam os personagens masculinos a virar a cara contra o muro e expiar publica e imediatamente os seus pecados.

Nogreh, a nossa rapariga, tem para além da sombra silenciosa do seu pai o “peso” da cunhada, descobrimos depois viúva do seu irmão e sem ter como alimentar o seu bebé. Afeganistão , terra assolada pela fome, a doença, refugiados a assolarem as casas dos refugiados que os precederam. E Nogreh diz numa aula que quer ser Presidente da República do Afeganistão. Como ali ao lado Benazir Bhutto. Conhece um rapaz refugiado que se diz poeta e a faz fotografar-se para uma futura campanha. O fotógrafo faz-lhe muitas fotografias, a melhor, ele diz, com burka pois assim é como deve ser. E a culpa entra por todos os lados neste filme. Porque não chega a água para esta gente? Porque não há comida, não há espaço, não há dignidade? Porque apesar de tudo achamos este filme belíssimo? Porque admiramos o esvoaçar azul das burkas no meio do deserto? Um cavalo à procura de água no terceiro piso de um palácio em ruínas? Porque acontece até cairmos no engodo do relacionamento entre o poeta e Nogreh, como se possível, com se até pudesse ser o fio-guia, a salvação dop filme, a flor no deserto que contrasta com a omnipresente ruína nacional? Nos últimos vinte, trinta minutos do filme Nogreh pode dizer-se que “desaparece”. Onde está Nogreh? A vida segue o seu caminho, Nogreh é ultrapassada. Talvez. O filme começa como acabou – reparem. Elas vêm, elas vão. A voz repete o poema de Garcia Lorca que dá nome ao filme, “A las cinco de la tarde”, metáfora fugidia sobre o deserto de Nogreh, de onde ela afinal nunca conseguiu sair, pois não é mais do que a filha dum pashtun desgostoso com Kabul, “cidade hoje cheia de blasfémia onde as raparigas já não usam véu” e portanto foge, possivelmente em direcção a Kandahar, imagino. Numa das cenas ele é expulso de "casa" com… música! Et pourtant, nesta aldeia global em que vivemos, Nogreh chega a falar com um soldado francês – e aprende que Chirac foi eleito porque ninguém gostava do outro candidato. E o pai de Nogreh, fantástica figura, discute com um passante Bin Laden e os americanos. Foi o poeta que ensinou a Nogreh o poema. Não há poett no fim do filme, ouvimos porém poesia. O filme tem um fim quase insuportável de tão triste: alguém morre e o filme acaba. E Nogreh?


Samira Makhmalbaf,  a realizadora, pertence a uma família de cineastas iranianos. O pai, Mohsen  Makhmalbaf, é um cineasta muito conhecido no Ocidente e também já filmou sobre o Afeganistão o filme "Kandahar". Os quatro filmes que Samira já rodou ganharam variados prémios, este o do Júri em Cannes. Samira não tem trinta anos. A mãe, o irmão e a irmã também realizam, escrevem, filmam. São chamados a familia Coppola do Irão. Não. É diferente. Só pode ser.

As entrevistas da Paris Review

Eu sei que o Carlos Vaz Marques está a fazer um óptimo trabalho ao editar as melhores entrevistas da Paris Review em português, na Tinta-da-China, mas que tal o original, em pdf... e grátis? Acabei de sacar o pdf de Lawrence Durrell (1959):

Durrell: "(...) I think it is not understood to what a limited extent artists have any experience at all, you know. People imagine them to have absolutely boundless experience. In fact I think they are as nearsighted as moles, and if you limit your field to your own proper capabilities it is astonishing how little you know about life. It sounds a paradox, but I think it's true. I think the magnification of gifts magnifies the defects as well. One of the things I have strongly is the defect of vision. For example I can't remember any of the wild flowers that I write about so ecstatically in the Greek islands, I have to look them up. And Dylan Thomas once told me that poets only know two kinds of birds at sight: one is a robin and the other a seagull, he said, and the rest of them he had to look up, too. (...)"

domingo, dezembro 06, 2009

CP

Amanhã é o feliz aniversário de quem me quer bem.
Já o escrevi - um rio entre nós. Não interessa. Estamos unidos por estranhos e inquebráveis fios telepáticos. Tu sabes, eu sei, mais ninguém sabe de nós.

Ponto Último

Ponto último, pensei eu, acabaria um capítulo num
livro para lá do imaginável, que recomeçasse
em fresca letra de forma, exótica, futuro que
- milagre! - eu pudesse ler. Era-me vaga
a esperança mas mantinha-me, afável e ligeira.
Um sacerdote - esses cómicos que dão
sentido somente aos aterrados -
telefonou-me, e eu adorei-o, abençoado seja.

A minha mulher de há trinta anos está ao telefone.
Ouço o sinal de impedido, e sei como ela sofre
e como necessita de trocar opiniões
com os amigos. Mas eu, eu preciso da voz dela;
o seu corpo é o único lugar onde
a minha desolação choca contra o seu fim.


John Updike, in Ponto Último e outros Poemas, ed. Civilização 2009, trad. A Luisa Amaral

A arte da camuflagem de Liu Bolin


Este artista chinês interroga-se sobre se sendo nós animais, porque não camaleões?
Ver este link.


Merci NF.

Ashes of Time Redux 2008

Esta é a versão de um filme de 1994 refeita pelo próprio director Wong Kar Wai.

Trata-se de um filme de artes marciais chinês Wor Kar Wai style, e assim diz-se tudo. Os personagens cruzam-se na vida de um contratador de espadachins, Ou-Yang-Feng, cínico, perdido algures na e pela vida. Erraticamente todas as histórias vão sendo desembrulhadas, idem as espadas. O filme vale smuito pela cinematografia, e merece um grande ecrã, para que a saturação das cores utilizadas atinja o efeito pretendido. Propositadamente também às vezes a imagem surge desfocada, alterada, esborratada.
Great film!
"Ou-yang Feng: [to a potential customer]: For all these years, there must be some people who you don't want to mention or you don't want to meet again. Because they did something really awful to you. Maybe you want to kill them. But you dare not. In fact, it's really easy to kill a person. Not difficult at all. I have a friend who is great at solving problems. But he has been a little short lately. If you can give him some money, he must be able to solve your problems. Indeed you can think my proposal over. But be quick!"

A League of Their Own 1992

Daqui a anos ao fazer a história do cinema dos últimos vinte e cinco anos será feita justiça a Geena Davis e ela será reconhecida como a excelente actriz que é.

Por outro lado, e porque Hollywood tem esta mania de tipificar as suas estrelas e colocá-las em fórmulas que às vezes repete e rapidamente se esgotam, analisando os (poucos) filmes por onde passou Geena Davis, "A League of Their Own" será caracterizado como um "Geena Davis movie", isto é, um veículo fílmico de expressão das qualidades quer dramáticas quer de comédia desta estrela de cinema. Madonna e Tom Hanks são apenas sidekicks para todo um show de representação e brilho da rapariga alta e morena.
"The Accidental Tourist" de L Kasdan é para mim o melhor Geena Davis movie (e dos melhores William Hurt movies, outro subtipo...) mas este filme simples e despretencioso de Penny Marshall serve bem para admirar Geena.


Da história não falo, é ver o filme. Vá lá...
Geena Davis ultimamente só tem feito televisão.

sábado, dezembro 05, 2009

The Last Action Hero 1993


O meu fraco pelos filmes do governador Schwarzenegger é cada vez mais difícil de admitir, mas vou tentar hoje redimir-me falando de um filme, um fracasso de bilheteira, que, em 1993, veio a público, realizado por John Mc Tiernan: "The Last Action Hero".
Sendo de 1993 este filme é muito anos oitenta, e vai buscar bastante ao imaginário Spielberguiano: Schwarzenegger faz de Jack Slater, um herói de acção adorado por um miúdo com pai ausente (topas? Spielberg?). Intercorrências várias vão puxá-lo para a "vida real" (spoiler...), e mais uns bandidos "on the side". Acontece que na vida real nem sempre é fácil partir os vidros dos carros, saltar de prédio em prédio, etc.
Muito "inside joking", muita piada e algumas quebras de ritmo, mas é um filme quase para todas as idades e que ainda se (re)vê muito bem, um bom Schwarzenegger, um bom filme de acção, uma comédia (até) inteligente. John Mc Tiernan, lembro, é o gajo do "Predator" e do "Die Hard". Trinta explosões depois, lá para o final do filme, eu acho que mesmo assim darão o tempo por não perdido. E descobrirão que o Schwarzie... aqui tinha piada!

sexta-feira, dezembro 04, 2009

M Monte

"Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima do muro
de hipocrisia que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais farta e clara
Repleta de toda a satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
E que isso valha prá qualquer pessoa
Que realizar a força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim do que não
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte amor
Vamos viver tudo o que há prá viver
Vamos nos permitir"

Tempos Modernos in Barulhinho Bom, 1996


Eu nunca expressei correctamente o quanto amo a Marisa Monte.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

4

Cat Power em The Greatest.
Nota: o dia 1 teve prémio porque nesse dia eu trabalhei...


3

Marisa Monte em 1996 em Barulhinho Bom:


2

Eis Carlos Martins, outro valeroso jazzman português...


1

Beck em Information.


30

O francês Frederic Galliano é o paladino do kuduro de Angola. Antes cruzava house, jazz e África no registo ao vivo de 1998:

01 Sans Titre No. 1(1).mp3

Porquê?

Ver notícia no Público - se agora temos a sensação que se está a desfazer tudo o que antes foi feito, porque foi feito?