segunda-feira, julho 30, 2007

As Trigémeas Salgado/"Veiga"




Continuo a simpatizar mais com a Carolina, acho-a a mais sincera e a mais forte, com uma presença grega de grande figura trágica. Sei que ela está nisto dos tribunais forçada, como bronze cativo em colecção de aguarelas, mas corajosa segue ali, no meio da tormenta. Ela sabe, vinda do alterne, que não lhe resta outra alternativa senão a ostensiva exposição ao julgamento do senado da res publica.
Ana é como uma imagem em espelho, uma decalcomania, um discurso teatralizado de negação. Soa como aquelas vozes em guarda baixa que sempre contradizem a fala do herói. A aura de Ana é bem visível, brilha no escuro mas é só e apenas um negro acrescento a este décor pestilento que nenhum cigarro consegue disfarçar.

Já Mafalda, de curioso pseudónimo "Veiga", canta em tournée letras sobre amores desenfreados e trovantismos de outras épocas sem remissão. Das três irmãs é aquela que eu preferiria primeiro reduzida ao silêncio. Julgo porém que a vão chamar para depor. Será assim desmascarada - é a irmã mais velha das manas Salgado e foi a primeira a ser iniciada na perversão dos cigarros de disfarce...

Etiquetas: ,

AMF DN

“Lisboa tem que se recriar como produto de qualidade e saber vender-se. Lisboa não se vende. Assistiu, sentada na sua glória passada, ao inacreditável assalto ao seu tecido económico, feito nas últimas décadas pelos concelhos limítrofes. Perdeu músculo económico - e uma cidade onde não o há não atrai pessoas para viver - deixou fugir escritórios, empresas e fábricas com um sorriso beatífico.”
Estas são palavras de António Mega Ferreira no Domingo ao DN. E esta é a linguagem deste século - nota-se que o homem anda actualizado!
Mudem-me de século!

PS.: perdoo-lhe porém alguma coisa quando também AMF – como Kovadloff – diz que Sócrates se engana ao criar milhões dos melhores técnicos, quando a ideia era criar melhores cidadãos...

Etiquetas:

Manuel Alegre vs Vital Moreira - The Wider Picture

Manuel Alegre não é homem habituado a ter razão. Quando por exemplo escreve sobre o Serviço Nacional de Saúde, ou sobre as Universidades, com frequência engana-se. E porquê? Porque o homem é poeta, e não muito mais, convenhamos. Agora, honra lhe seja feita, o homem tem alguma ética, alguma, e tem alguma memória, alguma. E acha que existem verticais que não devem ser horizontalizadas, referências que não se devem perder. Tais a liberdade de expressão, o princípio da competência, a presunção de inocência, questões e casos que têm andado tremidos/tremidas neste ano da graça de 2007.
Vital Moreira é Professor Universitário. Escreve imenso, em blogs, jornais, etc. O que não faz dele poeta. As opiniões dele, já as conhecemos bem, têm hoje em dia um epicentro rosa-claro com um pequeno vórtice a puxar por Coimbra. Pessoa que sabe tanto, escreve tanto, e opina tão consistentemente, esta pessoa não está preocupada com as coisas que se vão passando neste ano da graça de 2007. Fala de um “imaginário perigo para as liberdades públicas, que a direita inventou”. E atira para cima do vate com a piada do “grito de alma”. Deixem-no lá gritar, que nada mais é do que um romantismo, daí as referências a Antero, António Sérgio, Sottomayor Cardia, anacronismos, é o que é.
Daquelas algumas outras coisas acima mencionadas, memória, ética, este homem deve ter em abundância, a Lusa Atenas como aval e amante agradecida.
Um poeta bisonho vs um Senhor Professor Universitário, e de Direito Constitucional, ao que me consta! Claro, Vital Moreira, como pessoa inteligente que é goes for the wider picture, I suppose… and he sees it cristal clear…
Engana-se quem, vendendo a alma, julga obter eterna vida política.

Etiquetas: ,

Kovadloff e o estado do Mundo

Circula na Internet uma história de Santiago Kovadloff onde ele, querendo mostrar ao filho o que é o mar, o leva ao Sul (lembro estarmos na Argentina). O filho, extasiado perante a imensidão descoberta pede: “Pai, ajuda-me a ver!”
Poeta, filósofo, escritor para crianças e colunista no La Nación de Buenos Aires, participou em 2006 no ciclo de conferências “o estado do Mundo” da FCGulbenkian, ciclo esse que hoje é um interessante livro editado pela Tinta da China. E então, já antecipadamente condicionados pela aura humanista da “anedota” veiculada pela Internet – anedota no sentido castelhano do termo – que nos diz este senhor?
Começa: “Embora não pareça, o homem, naquilo que tem de criador, não provém do passado, e sim do futuro. Provém do futuro, provém da sua expectativa, e dirige-se dele ao presente, isto é, rumo ao presente a partir da convocação que lhe fazem os seus projectos.” Assim sendo, somos o que sonhamos, o que almejamos e queremos, e desse futuro sonhado descemos aos dias de hoje para erigir as transformações necessárias. A translação que se faz a seguir é a de que se não sonharmos, o nosso presente perde sentido já que não existe futuro perseguido. Ou o que pode acontecer ao futuro do sujeito que não sonha: “a crescente volatilização do cidadão em favor do consumidor”. Por outro lado, a ausência de um futuro pode impelir-nos para a defesa de um passado e da sua putativa eternidade ou imutabilidade, donde o ressurgir da “angústia perante a diversidade imposta pela figura do estrangeiro”, fonte da diferença. Não sabemos para onde queremos ir, e tudo nos parece estranho, perdidos no meio de uma caverna sem luz. Tudo o que nos toca é portanto literalmente mal-visto e rejeitado. E mais é dito: “Um homem privado de subjectividade é um homem privado de discernimento”. Sem futuro por cima que nos guie, é o presente que nos resta um acumular de factos, de títulos em letra gorda, de agressões que consumam a ideia de “trauma” que atravessa este ensaio. O homem é um ser cego, perdido e que vive à defesa.
Em seguida Kovadloff caminha pela necessidade de uma nova “consciência planetária” para uma adequada convivência com a Natureza. Mas uma vez mais, roda para o homem ao afirmar que: “Uma nova valorização da Natureza não se produzirá enquanto o homem não for capaz de transformar a compreensão de si próprio.” E adiante afirma esta melancólica certeza: “Hoje sabemos.” E o quê? Que sempre a semente do conflito, a agressão e a guerra serão uma real possibilidade. E conseguimos prolongar a vida sem sabermos por definição o que ela é. E aqui temos outro duplo traumatismo, o de vivermos agressivamente porque assim o somos, e de nem bem sabermos porque vivemos (e cada vez mais). E é o “contrato social” uma tentativa incompleta de produzir um freio à inevitabilidade do conflito. Cita-se Cortázar: “devemos viver combatendo-nos.”. E afirma-se que: “O universo de substituições indispensáveis a que chamamos cultura evidencia (…) a sua fragilidade, embora só nele o desejo de humanização possa encontrar uma configuração”.
Daqui parte Kovadloff para a parte mais positiva do ensaio ao falar de uma “luta defensiva e ofensiva ao mesmo tempo”, e que o “homem esperançoso não é o que acredita que amanhã as coisas vão melhorar. É, pelo contrário, aquele que percebe, num presente de escuridão homogénea, nuances e cintilações que lhe evidenciam que a realidade não é uniforme” Afinal, a esperança é hoje.
Rodando uma vez mais, o autor lança-se sobre a definição do saber e sobretudo da ignorância. E é dito: “Em todas as faculdades formam-se, ano após ano, professores, licenciados e doutores. Mas nelas não se formam, rigorosamente universitários. A palavra universitário, na sua primeira acepção, traduz, como se sabe, a ideia de universalidade(…).” Donde que hoje não há universitários. Portanto: “”São fenómenos inteiramente diferentes e até contraditórios o facto de oferecer profissionais a um mercado de trabalho e o de capacitar indivíduos para que saibam agir como cidadãos cultos”. Fazendo o circulo, pertenceria ao universitário a tal visão de conjunto que promovesse a alteridade, o privilégio das diferenças “mais subtis”, a prossecução de uma “consciência planetária”. Tarefa impossível quando a actual noção de progresso “está muito mais encaminhada para a produção de consumidores do que de cidadãos, como bem o evidencia a actual crise de sentido que envolve as democracias ocidentais.” Faltam então, paradoxalmente universidades, daquelas do antigamente onde se ia beber o saber todo, de forma a que os olhos sofressem uma mutação decisiva. Este clic mental hoje não acontece. Sem a cultura universitária as noções de sensibilidade, complementaridade, solidariedade e humanismo desaparecem. E é dito: “Sartre não tinha razão: o inferno não são os outros. O inferno é o narcisismo que condena aos outros.” E aqui o raciocínio encaminha-se para a análise desta fase de recuo da democracia em que vivemos perante a vontade de poder que não se compadece com o voto partilhado e com a noção fundamental da igualdade entre todos os diferentes. E atinge-se a afirmação mais trágica: “Se não nos precavermos, acabaremos parecendo (e não sendo) humanos; celebrantes cegos do gozo tanático e não do prazer.”
Como epílogo Kovadloff termina defendendo que a destruição pelo empobrecimento progressivo do idioma no nosso uso quotidiano é um sinal de tudo o que atrás se disse. Um idioma mais pobre reflecte uma sociedade mais uniforme. Um maior conjunto de diferenças precisará de mais palavras para ser enunciado. E as últimas frases são a súmula do que foi sendo dito, por um homem entre os homens “esperançoso”: “Somos quem somos na medida em que não formos o mesmo ser. Só na medida em que não formos o mesmo ser é que podemos ser semelhantes. Se podemos reconhecer-nos uns aos outros é porque não somos iguais. O nosso parentesco está garantido pela irredutibilidade de uns aos outros. A nossa fraternidade nada tem a ver com a tolerância, essa manifestação gentil da indiferença; ela só pode nascer do recíproco amor às nossas particularidades. O milagre radical, na nossa espécie, consiste, para cada um e para a consciência de todos, em ter sido um por uma única vez”
Brilhante.

Etiquetas: , ,

sábado, julho 28, 2007

Santiago Kovadloff, no domingo que passou

É este homem um Argentino filósofo, poeta e escritor para crianças, que participou nos encontros da FCG sobre "o estado do Mundo". O seu ensaio merecerá comentários adiante. Porém, um resumo do que nele me interessa saía no Domingo passado no jornal La Nación,onde escreve regularmente:

"(...) Esta es, pues, la cuestión de fondo: ¿aumenta el sentido de lo que somos con la creciente rapidez con que procedemos? Si no cuentan más que la velocidad y la eficacia es porque las demandas de la subjetividad, tal como hasta aquí la hemos entendido, han dejado de interesar. No pudiendo asumir los dilemas del valor y del sentido, creemos o queremos creer que ellos nada significan. Sin embargo, la democracia pide mucho más que eficiencia práctica. Esta no basta para constituir una sociedad de personas. Hay un adentro y un afuera de la ciencia y de la técnica y hay, sobre todo, una relación entre ese adentro y ese afuera. Pertenecer a la época que se complace en la fragmentación del saber equivale a pertenecer a la época en que se subestiman los efectos de la pobreza ética en el seno de la globalización en marcha. ¿Adónde vamos tan rápidamente? ¿Cuáles son las motivaciones más hondas de esta exaltación de lo instantáneo, de este frenesí que encuentra en la velocidad un estatuto poco menos que ontológico para el hombre de nuestro tiempo? Sea cual fuere la respuesta, lo esencial es esto: somos gente sin tiempo. Lo que viene sufriendo en nosotros una devaluación sin igual es el tiempo. Ahora bien: el tiempo no es, ante todo, algo que tenemos o no tenemos, sino algo que somos. Y ser o no ser es la cuestión."

Etiquetas:

quinta-feira, julho 26, 2007

Adília Lopes e a Menstruação


Eu podia não gostar da poesia de Adília Lopes, embora aconteça que até gosto, mas seria impossível não idolatrar o texto que se segue, publicado vai para que anos no "Público":


Menstruação


"Penso fazer uma antologia de textos sobre a menstruação. Nesse livro a fazer-se vai estar a página d' O Conquistador de Almeida Faria, sobre Clara, uma rapariga que pendurava os pensos higiénicos usados numa cerejeira carregada de cerejas. Parece um quadro de Frida Kahlo. Parece uma árvore de Natal. É tão bonito! Pessoa queixa-se de que pouca gente vê a beleza do binómio de Newton. Eu queixo-me de que pouca gente, tanto homens como mulheres, vê a beleza da menstruação. A menstruação é tão bonita como o binómio de Newton, o que há é pouca gente para dar por isso. Para mim é sempre uma alegria muito grande a chegada da menstruação. A menarca aconteceu-me a 19 de agosto de 1972. Lembro-me perfeitamente de ter entornado um jarro de água quente sem querer e ter caído da bicicleta, quase atropelando um homem que me disse isso mesmo "Parece que me queres atropelar!". Depois fui à casa de banho urinar e vi que tinha sangue nas cuecas. Felicíssima dei a notícia à casa. A minha avó Zé e a minha tia Paulina deram-me os parabéns. Disseram "Agora já é uma senhora". A Maria Arminda, a criada, disse "Parabéns por quê? É uma porcaria". A Maria Arminda chamava à menstruação "o pingo". E à vagina "a grila". Penso que é uma pena muito grande haver mulheres ( e homens) que têm nojo da menstruação. A publicidade fala d' "os dias difíceis"! São dias maravilhosos. Eu agradeço sempre a Deus as minhas regras de cada vez que elas voltam. Como geralmente no período pré-menstrual me sinto muito deprimida, a chegada da menstruação é o fim da depressão, a libertação. E depois, se acho que vou ter relações, o primeiro dia de regras é o dia de começar a tomar a Diane 35, a minha pílula. O que também é uma coisa boa. A minha tia Vitória, mulher do historiador Oliveira Martins, nunca foi menstruada. Era uma história de mulheres que se contava em minha casa entre as mulheres. Eu, antes de me aparecer a menarca, tinha medo de ser como a tia Vitória. Cada vida é diferente e maravilhosa. E não quero que as mulheres que nunca são menstruadas se achem infelizes. Outra página lindíssima é o poema de Herberto Helder "A menstruação, quando na cidade passava" ( in A máquina lírica ). Acaba assim : " e pela noite, em silêncio,// a menstruação escorria pela neve." Neste poema aparecem cravos e figos. Uma mulher que nunca experimentou a menstruação ao ler este poema não morre como as Ximenas do Jorge de Sena que "para imaginar faltou-lhes tudo". É horrível pensar que tudo se passou e ainda se passa, às escondidas, com medos, com vergonhas, em sacristias nada sacras. Eu, embora gostasse muito de estar menstruada, tinha medo que os outros soubessem que eu estava menstruada. A minha mãe ainda era do tempo dos paninhos. A Maria Arminda dizia que o lavadeiro quando lavava os panos gritava "Aquelas porcas! Aquelas porcas!" É pena que o lavadeiro não tenha lido outra página da minha antologia pessoal, a de Valéry, de "Diário de Emma, sobrinha do Sr. Teste" ( in La jeune parque ). Aí se diz que tudo o que sai do corpo é puro, produto elaborado de uma indústria bioquímica muito complexa. Ouvi a minha mãe dizer ao meu pai que eu tinha mudado de idade. O meu pai, como quase todos os homens da sua geração, que tanto têm de republicanos como de fascistas, despreza as mulheres. Não me disse nada. Gostava de ter sido filha do escritor António Lobo Antunes que numa crónica neste jornal ( outra página antológica ) contava que quando a filha tinha mudado de idade lhe tinha dado um ramo de flores. Parece que as páginas de Anne Frank sobre os tampões ou pensos higiénicos têm sido censuradas. E devia ter sido complicado estar menstruada à sombra dos nazis. Mas nazis são também os que censuraram os tampões de Anne Frank. Isso é completamente ridículo, mas eu achava que se o gonçalvismo triunfasse, deixavam de se vender tampões em Portugal. Armazenei tampões durante o Verão quente de 75. Penso que devo registar isto para a História de Portugal. Com o uso de tampões aprendi mais sobre a minha anatomia até porque aprendi a masturbar-me com prazer."


P.S.: a Adília Lopes é uma poetisa variável mas nunca completamente desinteressante. Tem o azar de ter publicado para a Quasi, mas a sorte de frequentar a & etc. Como pessoa/personagem merece atenção. Na sua poesia, como na sua pessoa agora um pouco menos pública, mora o risco como em pouca mais gente que eu conheça/leia. Parabéns, acho.

Etiquetas: ,

terça-feira, julho 24, 2007

TZ

A vida para que serve, a vida? Estou aqui sentada, há bem mais de uma hora, e compro. O que compro. Denunciaria a minha idade se contasse. Compro, posso comprar. Ser inteligente será isto, porque compro assim acontece que gasto menos dinheiro do que se mexesse este meu corpo e fosse até aquela loja tão linda adquirir os mesmos elementos de perversidade. Sim, porque o meu comportamento é desviante, eu assumo. O meu, e o de muita gente.
Não tenho tempo para nada. Sendo que nada é um baú cheio de imensas coisas, aquelas que eu gostava de fazer quando tinha tempo. Há quanto tempo foi isso, meu deus, como se fosse em outro país. Aqui nunca há tempo. Lembro-me de uns livros de antigamente que desvendavam o futuro. Futuro onde sobraria o tempo de que falo. Porque as máquinas fariam todas as coisas chatas, e as outras. Esses livros estavam errados, não interessa elaborar raciocínios expurgativos de alguma verdade residual que lá tenha morado, mas a verdade é só uma: estou presa a este futuro e neste futuro não tenho tempo. Mas, este tempo de que falo, com que o ocuparia eu? Possivelmente e afinal a fazer nada, e em silêncio. Aqui, ali, onde me apetecesse. Nada, em silêncio. Dias e dias. Doce vingança, desfeita a máscara, o cabelo já não liso, já não pensado. No fim desse muito tempo, horror contemporâneo de uma absoluta não produtividade, um fim seria finalmente encontrado, no chão de uma rua que seria mais um dia sem nada fazer. Um fim, uma chave, um código. Seria como uma conta a dar certo - em saldo zero. Oh sim, mas o zero mais positivo que jamais apareceu em extracto bancário.


(eh, eh, eh...)

Etiquetas:

domingo, julho 22, 2007

Um velho capricho


Desde sempre os Citroën são os meus carros preferidos. Como esta coisa esquisita que foi o modelo SM. Lembram-se? Irrepetível.

Etiquetas: ,

Mártir S.Sebastião



Esta a festa religiosa original de Matosinhos: do Mártir S.Sebastião. Foi há 1 semana.

Etiquetas: ,

quinta-feira, julho 19, 2007

O Mistério do Chá


Na Gorreana de S.Miguel, em cima do balcão de venda dos variados produtos da quinta estava um bloco de apontamentos, esquecido. Nele, sem mais explicação as palavras "incêndio" e "intrusão". Dois meses passaram...

Etiquetas: ,

quarta-feira, julho 18, 2007

Uma Saudação Especial


Etiquetas: ,

segunda-feira, julho 16, 2007

A Namorada


Não só namora como vai casar com o Peter Crouch! Pode?

Etiquetas:

By The Way


Um lenitivo é isto! Chama-se... sei lá como se chama a miúda!

Etiquetas:

sábado, julho 14, 2007

Samantha (Sex & The City)


"The country runs better with a good looking man in the White House. Look what happened with Nixon... no one wanted to fuck him, so he fucked everyone."

Etiquetas:

14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30/A

De que falei agora mesmo?
De ruínas?

$$

Em Matosinhos sucedem-se com regular
Idade as superfícies frontais.

$$

Nem só do
Silêncio vive
O Nada.

$$

Não se justifica
O optimismo.
Nem os cabelos
Brancos.

$$

O olhar poliédrico
Não terá resis
Tido a 1 queda
De 5 metros, ou
Foi naquelas
Eleições Democráti
Cas que tudo aconteceu?

$$

Achei prudente
Mudar a cor.

$$

Depressa Enve
Lhecem os
Dias.

$$

Invocar o mar,
Que golpe mais baixo!

$$

"Já o livro
Se aproxima
Do fim..."

$$

A infinita
Curva
De uma interrogação,
Ponto de encontro,
Afastar de águas,
Solução?

$$

Estes anos todos
Que foram
Afinal e apenas
Dias aos milhares,
Seguro-os eu nesta
Mão fechada.
Melhor não abrir,
Para não acertar as
Contas.

$$

Das esferas a
Música solta-se
Livre,
Ave de rapina.

$$

E diz quem sabe:
Fecha os olhos e toca.
Vou-te dizer o que
Encontro: enfeites,
Decorações de
Aniversários, contas
De brincar, bolinhas
De papel que foram
Antes cartas de jogar com
As palavras.

$$

A vida está ali,
A vidinha.
E é enorme,
Nunca mais
Acaba.

$$

Hoje foi arriscado
Respirar.
Ouviste que
Respirei?

$$

Para que a noite
Ganhe cor, tens
Sempre que acender
Uma luz, encontrar
O fio que liga à
Parede que sustém.

$$

Tem chovido
Todos estes
Dias.

O que está
De acordo com
O atrás dito.

Etiquetas:

quinta-feira, julho 12, 2007

Voodoo 2000


D'Angelo foi o 1º da geração new soul a aparecer, ainda antes de Erikah badu, com o disco "Brown Sugar". Este "Voodoo" foi tão ansiado pelas hostes que o resultado só podia dividir.


Não deixa de ser um disco excelente, discreto, em registo subsoul com um pé nas raízes outro na deambulação mas sempre sem querer assustar ninguém. Com ajudas de novos e de velhos (Q Tip, DJ Premier). I like it a lot.

Etiquetas:

"É este estilo muito parlamentar de insinuar acusações com um ar superior que não é aceitável"

Se isto foi dito, está tudo dito, Sra. Ministra.

Etiquetas: ,

quarta-feira, julho 11, 2007

Vendetta Society 2001


Art Konik é um DJ e percussionista francês que sacou este disco jazzy há já 6 anos. Mas que ainda se ouve muito bem, e com alguns sobressaltos de excelência aqui e acolá, tenhamos em atenção que os tempos são de vacas magras na electrónica. Editado pela excelente Comet.

Etiquetas:

Tales From The Sitting Room 2005


Stromba é um colectivo de instrumentistas qualificados que se reuniram à volta dos produtores James Dyer e Tom Tyler (no sitting room deste...) e fizeram um disco, até agora filho único, e que, a partir de uma base dub exerce o seu direito de digressão através do semi-jazz, do quase-oriental, e até do eventualmente folk. Irregularmente acertada esta dúzia de viagens na música que por aí anda à deriva, é de registar que às vezes acerta em cheio. De ouvir.

Etiquetas:

segunda-feira, julho 09, 2007

Na cripta



Um amigo meu, médico, tem a filha, de 8 anos, a aprender violoncelo.


Tem a miúda como professora uma jovem caucasiana, alta e esguia, ex-aluna da ESMAE e instrumentista da orquestra da mesma e da Orquestra Clássica de Espinho, senhora de um virtuosismo assinalável.


Ao ser professora pelo 1º ano na escola onde a filha do meu amigo anda, a Escola de Artes das 7 Bicas, agregada à paróquia da Sra da Hora, por tradição teve a moça de apresentar um número musical no espectáculo de fim-de-ano, aconteceu este evento a 7/7.


Por engano estava no programa como o Prelúdio em Ré mas não, era o Prelúdio em Sol M. Subiu ao palco, buscou a cadeira, fixou o espigão, colocou-se mais o violoncelo, e despachou a coisa, como já vimos, em pouco mais de dois minutos. Mais Rostropovitch que Casals, não deixou de ser um momento de cortar o tempo, pese as más condições acústicas da sala - a cripta da Paroquial.


É o violoncelo um instrumento de difícil domínio, e físico. E a relação é portanto física, como entre um animal e o seu dono. Lembra aqueles pares famosos de cavalo e cavaleiro, sendo que aqui nem existe a possibilidade de falar ao ouvido. Parte-se então directamente para a corrida. Por isso espantou esta animalidade comandada por uma jovem. Surpreendeu. Por isso no século XIX era o violoncelo um instrumento masculino. A professora da filha do meu amigo foi o momento do espectáculo. Porque subitamente um animal no palco da cripta de uma Paroquial não se espera. Ou dois.


No fim voltou o instrumento para uma caixa prateada como de metal, um cofre, como uma prisão para tão precioso e difícil animal doméstico.

E foi-se ela embora com o seu animal às costas, apanhar o metro para casa, não foi nada, não disse mas assim fez. Conversará com ele depois em casa sobre um pequeno momento de rebelião naquela passagem onde quase se falhou, o cenho franzido num instante. E castigá-lo-á com novo treino, nova corrida, e no fim dar-lhe-á um beijo, ou talvez não.

Etiquetas: ,

Dois violoncelos para o mesmo som.


A interpretação clássica das Suites para Violoncelo de J. S. Bach pertence de direito a Pau Casals. A recuperação para o grande público e portanto para a posteridade destas obras-primas foi sua, nos anos 20 e 30 do século XX.


É diferente a interpretação de Rostropovich, o outro grande violoncelista do séc. XX. Mais rápida e seca, mais virtuosa, se possível. Mais recente. O Prelúdio da 1ª Suite em Sol M demora exactamente aqui 2'04'' enquanto Casals levava 2'30'' a cumprir a mesma tarefa.


É fácil dizer que Casals dá mais espaço a emoções que originariamente no Bach barroco não estariam lá, e que portanto Rostropovich será mais fiel ao tempo barroco, que não talvez ao som porque o violoncelo entretanto mudou.


Não importa, a interpretação de Casals é-me preferida, porque nela tenho mais espaço - e tempo - para entrar.

Etiquetas:

Bach e o Prelúdio em Sol M da 1ª Sonata para Violoncelo







"Ogers have layers, layers!”, dizia Mike Myers, Shrek, ao Eddie Murphy, o burro.
O Prelúdio da 1 ª Suite em Sol M para Violoncelo de J.S.Bach explica melhor que ninguém os fenómenos tectónicos das camadas, destas de que o Shrek falava, em 2’30’’.
E consiste a vida, esta nossa, em coisa aproximada a esses menos de 3’. Em tumulto se vive, e só, que o resto viver não é. Banhada em rugosa melancolia, a corda dos dias puxa-nos cada vez mais para o fim, sem remissão. Não há outro instrumento para transmitir a rugosidade, o tumulto, esta melancolia perene. Um violoncelo não ri porque fala a verdade, e a verdade não está para risadas. A verdade usa a clave de Fá. É outono sempre, e é tarde, e estamos no fim.
Mas há ainda tempo para fechar os olhos nos 2’30’’ do Prelúdio em Sol M na interpretação de Pau Casals, antiga como o tempo, rugosa como se de um resumo se tratasse de uma vida que já se perdeu e sabe. A 1ª Suite para Violoncelo começa portanto com o mais brilhante dos epitáfios. O resto é apenas contar o que foi que aconteceu entretanto.
Fuck the layers!

Etiquetas:

quinta-feira, julho 05, 2007

Smoker's Delight 1995


George Evelyn/Nightmares onWax tentou definir-se na "contra-capa" como hip-hopper, mas realmente não é o caso.

Isto é dub fumado e "refumado", por isso é trip, e por isso é hop, because of the little twist it gives to your hips, while lying... in bed. Todos os anacronismos, como chillout, etc., estão aqui e mais, pois este disco ultrapassa-os a todos. Mais que um disco, esta música foi um momento na música dos anos 90, ou melhor, um monumento.

Posto isto, é ouvir e esquecer a douta merda atrás escrita, que disse nada. It's no nightmare it's fucking paradise!

Etiquetas:

quarta-feira, julho 04, 2007

Pope Innocent



O título, em inglês, deste quadro de Francis Bacon, é em si mesmo uma reflexão.

Perante a nossa absoluta impossibilidade em acreditar na inocência deste augusto personagem - nós, a História, e todo o séc. XVII - parece este quadro oferecer-nos a hipótese de, num pequeno episódio, num recanto momentâneo do fluir deste dono das almas, não ter havido culpa, e o gesto pensativo ser um reflectir de antecipação, o saber de um julgamento que a História, e o Pintor, fará muito depois.

Não estamos a falar da extorsão de bens, das guerras continuadas, do esbanjar de bens em obras de terrena glória, culpas conhecidas, não. Pensamos sim num pequeno detalhe, num gemer aqui ou ali de que Inocêncio X não tenha sido culpado.

O Mal Absoluto não existe, afirma-se. Agora eu tenho as minhas dúvidas. E posso portanto "discordar" deste quadro.

Etiquetas: ,

terça-feira, julho 03, 2007

E mais.


Oh, les dauphins! Que, estes, felizmente não cantam.

O Velho e o Mar. Ah, e as crianças.


Orca macho (pelo tamanho da asa).

Etiquetas: ,

E mais...

O Fogo.


Feteiras é toponimia frequente em S.Miguel.


Das Sete Cidades a Lagoa Azul, em dia mais escondido.

Etiquetas: ,

Os Açores outra vez, fotografias fresquíssimas...


Algures na costa sul, a caminho das Furnas.

A lagoa das Furnas, mar interior adormecido.


Dentro da terra a ferver coze-se o cozido das Furnas.



O chá, no meio do mar Oceano o milagre do chá.

Etiquetas: ,

segunda-feira, julho 02, 2007

Uma vez que fosse


Como Raul de Carvalho, uma vez que fosse: o poema perfeito.

Etiquetas: ,