quinta-feira, agosto 31, 2006

Davenport: silent class



Isto era há 5 dias - abandono por lesão em New Haven. Hoje 6-0, 6-0 na 2ª ronda do US Open.

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She' back (a bit...)

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Shara...

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O ténis já não é o que era (Gael Monfils)

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Eis porque não gosto de Nadal

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quarta-feira, agosto 30, 2006

Twilight (aka The Magic Hour) filme de 1998 by Robert Benton


"[Harry turns away when he sees Catherine swimming nude.]
Catherine Ames: Honestly, Harry. Did you see me in "The Last Rebel"?
Harry Ames: Yeah.
Catherine Ames: And you saw me in "The End of Desire"?
Harry Ames: Yeah.
Catherine Ames: Then I think you've seen everything there is of me to see.
Harry Ames: I also remember a movie your husband made. He shot 12 guys with a 6-shot revolver. I ain't gonna argue with that kind of marksmanship."

Robert Benton foi o argumentista de Bonnie & Clyde, o filme que ofereceu Faie Dunaway e o realizador Arthur Penn à história do cinema. Depois fez um interessante 1º filme em 1977, The Late Show, sobre um detective não muito novo. Foi o seu melhor filme até hoje, talvez, mas de vez em quando R Benton ainda nos oferece food for thought.
Este filme, Twilight, passa-se em LA. E nota-se. No filme participam Paul Newman, Gene Hackman, Susan Sarandon, James Garner, Stockard Channing. É difícil escolher um cast mais rico. E disso vive o filme, com uma história de amores, dívidas morais e chantagens que nem sempre arranca para um ritmo adequado.
Lento, enrolado, confuso, R Benton já escreveu e dirigiu melhores argumentos. Apesar do diálogo acima.Mas não interessa: ali está Paul Newman. Eu sei que não vou conseguir envelhecer como ele. Mas tenho pena. O filme é dele, o ex-polícia ex-detective Harry Jones.. E das suas relações com os outros actores todos. S Sarandon/Catherine, o amor distante; G Hackman/Jack, o amigo-patrão-marido da que se quer; J Garner, um igual em espelho, outro underdog elegantemente desenhado; e por aí adiante. Todos os personagens ganham vida com ou contra P Newman/Harry. He is not pale but a tanned rider, e leva o seu desiderato moral até ao fim, sabendo-se conduzido a fazer coisas de que talvez não goste. Sobre os dois velhos mais admiráveis de Hollywood, Eastwood e Newman, podeiria escrever e escrever. No fim Newman doesn't get the girl but at least gets one... assim é que é, cowboy!
Enfim é um filme de e para LA, de e para Hollywood, Santa Monica, Malibu, Beverly Hills, todos esses sítios. E não é um bom filme. Não interessa: os actores são óptimos.

"Jack Ames: Fuck you.
Harry Ross: Just me? Not the horse I rode in on?
Jack Ames: Him too."

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terça-feira, agosto 29, 2006

You'll See Glimpses (Ian Dury and the Blockheads, pouco depois do punk)


"[entirely spoken in lucid reflective manner]:
You'll see.
They think I'm off my crust as I creep about the caff.
But I'm really getting ready to surprise them all.
Because I'm busy sorting out the problems of the world.
And when I reveal all, I may get a crinkly mouth.
I've given my all to the task at hand unstintingly.
When it's all over, I'll rest on my laurels.

Here for a moment is a glimpse of my plan:
All kids will be happy learning things.
The wind will smell of wild flowers.
Nobody will whack each other about with nasty things.
All the room in the world.

They take me for a mug because I smile.
They think I'm too out of tune to mind being patronised.
All in all, it's been another phase in my chosen career,
And when my secrets are out, they'll bite their silly tongues.
All I want for my birthday is another birthday.
When skies are blue, we all feel the benefit.

Glimpse Number 2 for the listener.
Everyone will feel useful in lovely ways.
Trees will be firmly rooted in town and country.
Illness and despair will be dispensed with.
All the room in the world.

They ask me if I've had the voices yet.
They don't think I know any true answers.
It's true that I haven't quite finished yet.
When it all comes out in the wash, they'll eat their words.
I've got all their names and addresses.
Later on I'll write them each a thank-you letter.

Before I stop, here's a last glimpse into the general future.
Home rule will exist in each home, forever.
Every living thing will be another friend.
This wonderful state of affairs will last for always.
This has been got out by a friend."

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Klee, Paul



Southern Gardens.

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domingo, agosto 27, 2006

Day One


O 1º jogo oficial do SCP revelou muito sobre esta época que nos espera. A equipa estará realmente mais ou menos onde estava. A compra de Paredes, a única interessante do defeso, está ainda por explicar. A saída de Custódio neste sábado não forneceu porém novos dados. Deivid vai-se embora quando parecia começar a resolver. Leidson para agora é Amarelos 1 Golos 0.
O FCP é o melhor plantel e agora parece ter o ponta-de-lança mais afinado - Adriano. Se as mexidas de Jesualdo não forem tipo "tsunami", o convento está salvo. A interrogação paira sobre o rendimento de Pepe sob nova batuta. Quaresma segue.
O SLB tem o backbone Petit-RCosta-NGomes para aguentar o barco. Se este carrosel não funcionar, vai passar um mau bocado.
Jogador da jornada: José Manuel, do Boavista.

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9.


"Pois, separei-me." Ah, compreendo. E deve ter ido metade para cada lado.

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sexta-feira, agosto 25, 2006

8.


E é isto uma armadilha, e eu sou o que sou, e tu estás aqui comigo. Não sei de que te ris.

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7.


Eu precisava mas era de um plano B.

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quarta-feira, agosto 23, 2006

L'Orient Le Jour

Este jornal libanês tem uma boa edição on-line e tem uma voz bastante independente dos clãs que dividem e mandam em Beirute. A ver este link sobre o Hezbollah.

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terça-feira, agosto 22, 2006

Heaven... you name it...

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Sporting: uma equipa levezinha... (SCP 0 - Inter 0)


Martins, Nani, Moutinho e Custódio pesavam menos 40 kg do que Vieira, Figo, Cambiasso e Stankovic... estando metade da diferença no duo Moutinho/Vieira...

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Islamismofobia no Cricket?


Um jogo de cricket entre a Inglaterra e o Paquistão foi interrompido ontem por suspeitas de "ball tampering" por parte do Paquistão, isto é, a equipa paquistanesa terá alterado as características da bola de jogo por forma a tirar disso vantagens. Consultando rapidamente as leis do jogo, parece que a dita bola só poderá ser... polida... ou... "ensalivada"... e nada mais...
O cricket é uma coisa levada muito a sério, e estes jogos, entre ingleses e ex-colónias que aprenderam a jogar estas idiosincrasias da rainha-mãe tão bem ou melhor do que a própria, são assuntos quase de vida ou de morte. O árbitro polémico era australiano... Vejam como este link do Guardian analiza a coisa...

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segunda-feira, agosto 21, 2006

6.


Não aparece um processo. Contra mim seria.

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5.


Ainda agora não sei muito bem o que fazer com os Domingos.

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4.


A., uma amiga minha, sincopal e obesa, foi ao médico. Veio de lá com uma consulta pedida para Ginecologia. "Ando a perder sangue, sabias?" Ela fez uma tatuagem no rabo e arredores, que comporta um lobo, uma águia e uma lua, pelo menos. No Brasil, onde as tatuagens são mais baratas. Não pode apanhar sol durante um ano. Eu disse-lhe: "Está bem, andas a perder sangue, mas o que pensas tu ganhar com isso?"

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domingo, agosto 20, 2006

Figo no Sporting em 2007 ou 2008?



Bom, vocês conhecem a mulher do Rui Costa? Não, pois não?
Eis uma das razões porque não sei se o Figo virá acabar os seus tempos no Sporting.
A razão de que falo chama-se Helen Svedin. E não é modelo de passerelle para o Alvalade XXI...

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sábado, agosto 19, 2006

2006 Sátiro


Os Gaiteiros de Lisboa apresentaram-se ao nível das edições em 1995 com o disco “Invasões Bárbaras”. Tendo em conta que alguns dos músicos provinham do GAC-Vozes na Luta, lendário projecto musical dos tempos do PREC com a mão de José Mário Branco (JMB), a co-produção do disco por este mesmo era se calhar apenas natural. Dentro da mesma lógica de continuidade, a adaptação de um tema de Sérgio Godinho e o bom gosto das recolhas populares que já alguns tinham praticado antes, como por ex. também José Manuel David nos Almanaque. Bombos, percussões, flautas e gaitas, aqui com a enorme mais-valia de Paulo Marinho dos Sétima Legião, fizeram deste disco um espectáculo para os ouvidos, e depois também para os restantes sentidos, quando os Gaiteiros começaram a espalhar a fama de indómitas apresentações ao vivo, primeiro com JMB, depois a solo.
Dois anos depois, “Bocas do Inferno” acrescentava ao som dos Gaiteiros um acento mais festivo e iconoclasta, potenciado pela explosão em disco de vários instrumentos de sopro literalmente inventados pelos elementos da banda, sobretudo pelo Carlos Guerreiro. Arriscando mais em composição própria, ficaram estas contas pendentes, pois composições de JMB são composições de JMB...
Só em 2002 tivémos novo disco, o 3º, em edição de autor e dando pelo nome de “Macaréu”. Sons mais calmos mas com a mesma panóplia instrumental, e com o acrescento muito bem acolchoado de metais por aqui e por ali. O tom geral bastante agradável não excluía esta dúvida: onde está um grande compositor para os Gaiteiros? E outra: as recolhas de música popular não podiam ter sido melhor pensadas?
E chegámos a 2006: lança-se “Sátiro”, na mesma em edição de autor, mas com maior atenção dos media. Tenta-se recuperar algum ímpeto dos tempos do “Boca do Inferno”, adicionam-se algumas cordas, semicria-se um fado sobre Florbela Espanca com a ajuda de Mafalda Arnauth, destrói-se Paredes/Movimento Perpétuo ao xilofone. Algumas boas recolhas compensam, mais alguns instrumentais bastante bons. Os arranjos vocais do grupo, nem alentejanos nem outra coisa, repetem-se. A dúvida mantém-se: estes mestres da roupagem musical não são eles próprios compositores de 1ª água. A sua música é muito bem desenhada, é muito boa, mas não é… genial. Ao vivo, a festa faz tudo isto esquecer. Mas a prova do algodão que é a gravação em estúdio não perdoa. E começamos a desesperar, já que metade do grupo já está na meia-idade das acalmias…
Nos Gaiteiros afinal é como diz a outra, não há disco como o primeiro…

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Ligações

Discussão interessante sobre o incêndio em Arcos de Valdevez no Fauna Ibérica; e - já agora, mais Leituras...

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sexta-feira, agosto 18, 2006

3.


Elsa Raposo continua com o professor de surf.

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quarta-feira, agosto 16, 2006

Um Parque Nacional, para quê?


Parece que arderam milhares de hectares de mata do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Com um valor ecológico/ambiental incalculável.
Ao mesmo tempo dezenas/centenas de pastores que viviam nas redondezas - e porque o incêndio não se remeteu apenas às zonas mais altas e recônditas da serra - ficaram sem onde pastorear.
Ora sim senhor, tudo isto muito bem, agora declaração de "Estado de Calamidade" é que não meus senhores, isso era pedir muito... demasiado, talvez...
Assim como no Líbano os Israelitas nunca declararam oficialmente guerra a ninguém, aqui a declaração de um "Estado de Calamidade", nem que seja numa área de 100 m2, nunca acontecerá pela simples razão que essa mesma declaração sai caro ao Estado: implica agilização de papéis, de apoios e, sobretudo, de dinheiro.
Resultado: o Secretário de Estado apenas acha que não é uma calamidade porque "uma calamidade" é uma coisa que custa caro, enquanto que uma "não calamidade" sai sempre mais barato...
E assim, não sei eu para que tenho um Parque Nacional, e muito menos as pessoas que lá vivem o saberão. Parece que o director do Parque também não sabe.
O único do nosso país - a Espanha só Parques Nacionais tem treze...
Obrigado, Miguel, pela foto. Ainda foste a tempo...

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Vai voltar a magia gaúcha

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Under The Munka Moon 2004


Já que o último disco de Quantic parece algo dispensável, lembremos este seu offspring, o disco de estreia da vocalista da Quantic Soul Orchestra, Alice Russell. Funk eléctrico e devotado como é devido. Alguns temas são de ouvir e chorar por mais.

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2.


Tenho na minha mão uma folha que contém um protocolo. Um protocolo é um escrito onde se especifica como se deve proceder numa determinada situação ou problema, assumido como frequente o bastante para que a unificação de procedimentos seja uma vantagem e não um equívoco.
Folheio este protocolo. Enfim, é uma folha. E cito: "Fazer______ se acontecer ___________; em caso contrário não proceder a ________. Para o caso de aparecer _________ decidir entre _______ e _________ ". E tudo o que seria importante já estar escrito, decisão tirada atrás para agora não ser preciso pensar, em branco. Nem uma ajuda.
Uma espécie de Michael Palin, no "Peixe chamado Wanda", mas fluente. E sem a bondade.
Chama-se a isto... um formulário, talvez. Um suporte. Ou um indutor de depressões.

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terça-feira, agosto 15, 2006

1.


Porque a pizza estava um pouco atrasada, ontem abri três tomates pequenos tipo cherry e servi-os à minha filha como intermezzo. As seis pequenas metades desapareceram em trinta segundos. Enquanto, o Disney-filme "O efeito do defeito", onde uma pequena havaiana e um extraterrestre. Uma experiência. Como os tomates. Pequenos. A minha filha costuma chamar-lhes "tomatitos".

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Bora lá!


"This shows that Hizbullah is the strongest army in the Middle East!" Estas eram as declarações de um esfuziante polícia libanês numa cidade fronteiriça do sul do mesmo, celebrando por entre os destroços. Chamava-se Sameeh Srur.
Daqui a uns dias ele vai ajudar a desarmar o tal exército poderoso, exactamente como previsto pela ONU...

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quarta-feira, agosto 09, 2006

Quietude 2005


Preto, ou João Roquette, é a mais valia da editora Meifumado, e este seu disco representa do melhor que por cá se fez em 2005.
Claro que, como é IDM (intelligent dance music) quando já ninguém aposta na IDM, a malta fez de conta que e tal e coisa, falam falam, etc. Mas é do melhor chill que já se ouviu, e só.

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segunda-feira, agosto 07, 2006

Sempre o Líbano...

Este link mostra a real confusão que é este país, confusão agravada por todas as interferências internas que tem sofrido.

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domingo, agosto 06, 2006

The Year of Living Dangerously





Esquecido está hoje o realizador Peter Weir, e talvez com alguma razão, bons filmes fez mas génio não seria, o que fazer porém com o raciocínio "poesia menor é precisa"...
Peter Weir é um "poeta menor", mas pertencem-lhe dois filme que "eu trago comigo": "Witness", com Harrison Ford e Kelly McGillis e este, de 1982, com Mel Gibson e Sigourney Weaver.
Mel Gibson tinha aqui 26 anos, e era tão novo e inexperiente fora do écran como aparentava dentro, a fazer de jornalista Guy Hamilton, perdido em Jakarta, 1965. Sigourney está sublime. Linda Hunt faz as despesas políticas do filme, sempre um filme delicado, como toda a obra de Peter Weir.
Mas o que importa é que aqui - só aqui - gostei deste rude e simpático australiano, hoje cómico personagem parado há dias pela polícia por embriaguez e anti-semitismo.
Neste filme, "não saber" era o truque, era sexy, e Mel exibiu a sua ignorância durante as duas horas, ganhando Sigourney pelo meio.
E eu que "não sei nada" e nunca ganho nada...
PS.: embora a OST seja de Maurice Jarre, creio que o catchy-tune principal é de Vangelis...
PS2.: o título do filme é em si um convite...

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Mesmo nada bem...

E este link do Haaretz...

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As coisas não andam bem...

Vejam este artigo do Guardian...

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terça-feira, agosto 01, 2006

Illas de San Simón e San Antón






Estas ilhas dominam e dão nome à enseada de San Simón, onde a Ria de Vigo termina. Quem passa na ponte de Rande em direcção a nascente, não consegue evitar ver estas mesmas. Pois a elas pode-se aceder de barco a partir de Cesantes, porto e praia do termo de Redondela de Galiza...
E assim foi feito.
A ilha de San Simón tem uma cobertura vegetal muito interessante e variada, apesar de um predomínio de eucaliptos nas cotas mais altas. É, só por isto, um passeio muito agradável. Por outro lado, não há melhor forma de desfrutar este fim da ria de Vigo, cenograficamente perfeito. Porém, nunca há bela sem senão.
Nestas ilhas, durante a guerra civil espanhola e no pos-guerra imediato funcionou uma prisão franquista. Os edifícios antes tinha sido um lazareto. Aqui terão morrido centenas de pessoas, da forma mais absolutamente discricionária. Na ilha mais pequena (San Antón), ligada à maior por uma bonita ponte, estavam as instalações dos guardas. Preso que passasse a ponte era para morrer.
A Xunta pretende criar ali um lugar de cultura e de memória do sofrimento daquelas gentes, aproveitando para glosar os velhos poetas medievais, Mendinho, por ex., que estas ilhas cantavam. Mal sabiam eles...
Parte do trabalho está feito e está a decorrer na ilha um exposição e actividades culturais variadas para celebrar e recordar.
Na visita que fizémos às duas ilhas calhou falarmos com uma filha de um preso. Lembrava-se de, criança, vir visitar o pai. Referia estar tudo mudado, quase demasiado arranjado, limpo, "resolvido". Depois, não quis falar mais, e foi-se embora. Chorava. Presos sobreviventes que visitaram a ilha nestes dias não conseguiram atravessar a fatídica ponte, pelo lembrar do que isso significava.
Nestas ilhas a memória de gigantes.

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Fátima Letícia, uma bebé portuguesa

"Dois meses de uma vida atribulada:

O relatório da Inspecção-Geral dos Serviços de Justiça e do Ministério do Trabalho desfia datas que dão conta de sinais de negligência, de risco, de internamentos no hospital, de discussões familiares, de diagnósticos que encontravam no caso do bebé de Viseu "um problema social".
21/10/2005 - Nasce no Hospital de São Teotónio (HST), em Viseu. O bebé, do sexo feminino, e os pais residem na casa dos avós maternos, em Viseu. Vivem no rés-do-chão, os avós no primeiro andar. A mãe da menina, de vinte anos, "revela algumas limitações cognitivas".
4/11 - Passam 33 minutos da meia-noite e o bebé, então com 14 dias, é levado ao Serviço de Urgência Pediátrica do HST. É a avó materna quem o leva. No registo da observação, diz-se que a criança tem um "aspecto descuidado" e "equimose na face direita de causa desconhecida". A título de diagnóstico, é registado: "crise de hipotonia" (prostração) e interroga-se: "Sinais de agressão? Convulsões? Outro?".
8/11 - O bebé tem alta. O processo clínico refere que se está perante um "problema social". Na carta de enfermagem do hospital dirigida ao centro de saúde, é dito também que há uma limitação da capacidade da mãe. Explica-se ainda que foi pedida a colaboração de uma assistente social. A avó fica incumbida de estar vigilante e colaborar.
9/11 - A menina é observada no centro de saúde. A médica conclui que a menor está asseada, a evolução do peso é positiva, não há sinais de maus tratos.
11/11 - A médica detecta uma infecção na cicatriz umbilical. A mãe explica-lhe que o marido "havia retirado de casa da avó todo o material de desinfecção do umbigo", porque discordava do apoio que a avó lhe dava no tratamento do bebé. A médica encaminha a menor para a urgência do HST. Com uma declaração: "Isto é um caso social". A menina tem alta. Menos de uma hora depois, a tia do bebé, também ela menor, telefona à GNR. Alega que o pai da menina está a agredir a mãe e a avó. Segundo relato da avó, a discussão deve-se ao facto de o pai não concordar que ela tome conta da menina. A assistente social do hospital envia, nesta mesma data, um fax à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Viseu (CPCJV). Pede apoio.
12/11 - A menor volta a dar entrada na urgência do HST. Do respectivo registo de admissão, consta: "Avó refere que a criança está em perigo, devido a maus tratos pelo pai!". Os registos dos dias seguintes dão conta de que a situação clínica se encontra estabilizada e de que se trata de um problema social, cuja resolução se aguarda.
14/11 - A presidente da CPCJV toma conhecimento da situação. Convoca uma reunião com os pais e a avó da menor, que comparecem no dia 17. Primeiro são ouvidos os pais, depois os avós em conjunto com os pais - o que virá a ser alvo de críticas por parte dos inspectores. Na reunião, os avós acusam o genro de ser violento para com a mulher. Este nega. A CPCJV é também informada de que o pai, na adolescência, teve comportamentos delinquentes. A comissão delibera que nenhum dos quatro membros da família, face à "situação de desentendimento" observada, reúne condições para ficar com a menor. Pelo que a família deve chegar a um acordo "que permita criar condições para que o bebé possa regressar a casa". Até lá, a menina permanece no hospital, onde está protegida de uma situação potencial de "risco grave".
22/11 - O pai da menina volta a residir na habitação de que havia sido expulso dias antes pelo sogro. É assinado um acordo de promoção e protecção, no qual a CPCJV determina que o bebé fica ao cuidado dos pais com a supervisão da avó materna. Durante o dia, a menor e a mãe devem ir com a avó para o local de trabalho desta e, à noite, a criança deve dormir na casa da avó.
30/11 - A avó informa a CPCJV de que o acordo não está a ser cumprido. Por exemplo: o pai da criança, desempregado, nunca deixou que a mãe e a menor fossem com ela para o seu local de trabalho. Numa consulta, não são detectados sinais de agressões.
2/12 - Pais e avó comparecem na CPCJ, tal como lhe fora solicitado uma vez mais. Três dias depois, as técnicas visitam a família, vêem o bebé, não registam marcas de agressão ou de falta de cuidado.
7/12 - As técnicas da CPCJV voltam à casa da menina, perto das 11 da manhã, mas não vêem nem a mãe nem a menor. O pai informa que estão a dormir.
9/12 - Os pais do bebé levam-no ao Serviço de Observação e Atendimento Permanente do centro de saúde. É-lhes dito para irem ao hospital, porque a menina encontra-se "desnutrida, ligeiramente desidratada e pálida". A avó leva a criança ao hospital. Às 17h35, esta dá entrada no HST em estado de choque, fria, com convulsões. "Por se encontrar em risco de vida e necessitar de cuidados intensivos", é, durante a madrugada de dia 10, transferida para o Hospital Pediátrico de Coimbra. Algumas da lesões cutâneas terão ocorrido três ou quatro dias antes, segundo a médica-chefe deste hospital. "

Transcrevemos do Público o registo da vida de Fátima Letícia, a bebé agredida de Viseu. Vai agora ficar com os avós maternos.

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