segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Restaurante Galispo

Esclareço que fica na Rua do Godinho em Matosinhos. Hoje jantei lá, com as minhas duas garinas. Jogava-se o Porto-Benfica, tinhamos ido buscar a Catarina ali perto à mãe de uma amiga, saídos os dois de trabalhar, exaustos. E logo ali decidimos entrar. Curiosamente o popular Galispinho, cem metros atrás, estava fechado.
A entrada tem um design futurista. Mas sobe-se umas escadas e é Galispinho 2. Estávamos in jogo. O Porto, ao contrário do habitual, não matava. Sendo isto Matosinhos, o ambiente era calmo. Há portistas, e havia, mas não ferram/ferravam. E cada uma das caras em mesa naquele restaurante merecia um rolo do Sebastião Salgado. Penteados, patilhas, bigodes, pneumáticos, brincos, sei lá, não havia uma cara indiferente. Como um saloon, tipo far west, só faltava o ruído das esporas, as cuspidelas, as pistolas a um canto. Mas realmente estavam todos saciados, cordiais e tranquilos. Os bambis podiam passear na campina.
Jantámos bem, os pratos eram justos, bem servidos e baratos. Entrou um grupo de benfiquistas negros, da grande lisboa, a crioular. Sem espiga, foram ver o Sporting para um canto. Falavam alto. Calor ali dentro, e que frio lá fora.
Matosinhos special, once again.

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O Intraduzível

Peço ajuda: porquê o filme de Sofia Coppola sobre um não-caso entre um homem de meia-idade e uma jovem nas noites de Tóquio se chama "Lost in Translation" ? O que se perdia na "tradução" entre ele e ela, ou o título é não mais que uma private joke sobre o sítio estranho em que se encontram ? Duas línguas diferentes, o inglês e o japonês, duas idades diferentes, códigos de acção e reacção dispostos de uma maneira não igual, linhas de olhar, colunas de som a explicar o que fazer ou não com o outro no meio de dois enormes vazios, dele e dela.
Título por aproximação do que realmente se passa, a corrente magnética "intraduzível" (porque não há palavras, porque não se consegue falar sobre) entre estas duas pessoas, submetidas a ritmos de hotel, música de elevador, neons vinte e quatro horas.
Por isso se trata de um filme silencioso, as poucas palavras como seixos em jardim oriental, dispostos segundo regras milenares, ou não...

Sssshhhhh !!!!

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sábado, fevereiro 26, 2005

Pop Life

Na história do pop dos anos oitenta algumas canções vieram da área negra impor a sua presença e o seu fulgor.
Uma dessas canções foi o terceiro single que se retirou do LP Around the World in a Day de Prince & The Revolution (1985). A canção chamava-se "Pop Life"

"Pop Life: Ev'rybody Needs a Thrill / Pop Life: We All've Got a Space To Fill"

Este refrão, mais as voltas dadas ao longo de toda a letra, são linhas que o compositor tece sobre o que se anda a fazer pela vida, com estrelato ou não, pequena ou grande que seja a estrela. E "pop" é a música, mas também por ex. o som a abrir de uma garrafa, pode ser de champanhe francês, símbolo de festa, de diversão, de algo sempre a ser diferente. E sem champanhe, como sobreviver ? Sem festa, sem sucesso, sem luzes, sem a diferença, sem constelações à nossa volta, como não cair ? "Pop Life" não se trata então de uma canção sobre a vida pop das estrelas, mas sim sobre o "pop" que buscamos incessantemente, o estalido, o "déclic", estrelas ou não, a embriaguez da atenção, a tontura de um lugar central no estrado. E também o horror ao silêncio como uma máscara que sobre nós a vida aplica, a ausência do "pop".
E a música música ? Uma das canções da década. Ritmo largo, sincopado, subtilmente melancólico, cordas em~sonolência ébria sobre o tema principal, vozes femininas dos Revolution a completar o falsete épico de Prince Roger Nelson. Uma das primeiras canções moralistas deste menino, um tratado musical, uma letra esperta, e com uma carta escondida:

"Life It Ain’t Real Funky Unless It’s Got That "Pop" !"

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sexta-feira, fevereiro 25, 2005

E então para onde vamos ?

Era o fim da tarde, uma tarde fria e ventosa de Fevereiro.Com alguma cautela, conduzia um Audi 3 emprestado em direcção ao sol. Mas não sabia para onde ir.
A suave curva da auto-estrada cortava o verde de um prado debruado com salgueiros. Depois de umas subidas, à direita e à esquerda, umas dezenas de eucaliptos dourados pela hora tardia, e descontentes pelo frio intenso. Na portagem, ficou um pouco afastado (carro largo, este, e pesado), pagou com o braço esticado, esforçando-se para dar normalidade ao facto de estar ali com um carro que não era seu a uma hora que não era a sua. E virou para Viana, pois a casa agora não era mais do que um caixão onde, mais do que vida própria, palpitante, residiam memórias, odores perdidos, manchas e riscos pelas paredes que mesmo com analgesia ele não queria hoje encarar de frente. E porém ,entendia tudo. Muito dotado para línguas, tinham-lhe dito mais que uma vez, até estivera tentado a colocar esta frase num qualquer dos vários currículos que já tivera que redigir. “Muito dotado para línguas”. Como se camisas fosse, golpes de teatro, gestos de malabarista que de real nem o esforço têm, só o espanto de quem vê e não acredita. Planos para um disfarce. Aliás considerava-se um bom usuário da língua portuguesa. Tinha, porque não dizê-lo, um certo orgulho em determinadas palavras pouco frequentadas pelo povo e que, no seu dia-a-dia, buscava como território seu, cabos de boa dobra, em busca de uma acalmia de expressão só sua. Seria porém e só o seu melhor disfarce, o mais trabalhado, o mais completo. A sua língua materna era o silêncio.

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quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Full Throttle ?!?

Como é possível ? Em dois minutos de filme vi o equivalente a meia hora de diálogos completamente idiotas, tipo série "z" mas sem o tremoço ! Mais a inexistente Drew, a anoréctica Cameron Diaz, uma sidekick asiática, e oh meu deus, Demi Moore, que fazes por aqui ?!? Passa cá por casa e oferecemos-te umas sopas, mas descer tanto assim tanto, é caso para cuidados paliativos !

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terça-feira, fevereiro 22, 2005

O Sócrates

Vamos lá a pensar, porque é que o Santana e o Sócrates foram emparelhados em comentários televisivos ? Já nos esquecemos ? E quem dizia mais coisas coisas durante essas sessões de verborreia libertadora e inconsequente ? O Santana dizia vinte asneiras e uma acertada. O Sócrates dizia vinte e uma nulidades.
Qualidades ? Ser teimoso, consta. E o burro da tia Alzira também, consta.
Quem nos salva ? A "Constança" ?

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segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Coimbra terá mais encanto

Telefonou-me agora mesmo um amigo meu, que é médico. Tinha ido a Coimbra ser membro de um júri qualquer.
Veio deprimido.
Julgava ter estado num hospital. Disseram-lhe que não, ali estavam todos bem e de saúde. Mas de qualquer forma, por exemplo, tinham um laboratório próprio para confirmar que continuavam todos bem e de saúde... e iam comprar um ecógrafo com o mesmo objectivo.
E conheceu a Prof. Doutora Helena Saldanha.

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Afinal não é do "Magnolia", é dum site qualquer. Esta menina aliás tem uma fanlist compreensivelmente extensa. Posted by Hello

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domingo, fevereiro 20, 2005

Julianne Moore

À falta de tempo para circunstanciar melhor textos sobre filmes que se vai vendo ou revendo em televisão, vamos dispondo por aqui linhas sobre bocados de filme que revemos quando a opção é estirar as pernas na sala, pegar do comando e...
Chegado do algarve e de não votar ps, reparei que a tvi tinha adiantado o horário do jurassic park II, filme ainda realizado por Spielberg. Na prática é uma coisa tipo Godzilla (até tem japoneses a fugir do bicho) sem a surpresa, sem metade da riqueza do anterior, e feito um pouco aos solavancos. O maravilhoso do primeiro filme aqui não está. Mas está Julianne Moore. E este filme é ela e uma T Rex (fêmea portanto).
Grande actriz, grande mulher, cara e corpo com as melhores sardas (perdão, as 2ªs melhores), e aqueles lábios abertos ou fechados sempre por uma razão... Mulher de gestos, de armas, de paixão, fogo por dentro e por fora. Eis porque as suas composições nem sempre são boa gente, nem sempre as coisas acabam bem. Claro que o papel de J Moore neste J Park II é pequenino perante a latitude da sua maestria, mas mesmo assim ela domina o filme, e domina o bicho. Arranjei uma fotografia do "Magnolia." Atenção portanto a uma das mulheres mais explosivas e sensuais nos ecrãs do cinema de hoje.
Nasceu em 61 de mãe escocesa. Quando menina era muito tímida. Agora não.

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sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Camilla

Num destes fins de semana, no El País vinha uma longa reportagem sobre a família Windsor e o próximo casamento entre Charles Windsor e Camilla Parker Bowles. Depois de ler o longo artigo não haverá ninguém que fique monárquico. Curioso tudo isto num jornal espanhol, até porque sobre a família real espanhola algumas histórias se poderia contar.
Mas pergunto eu: o porquê desta absurda fidelidade de trinta anos de um orelhudo medíocre a uma estrela rural com aspecto de veterinária a pedir reforma ? Para além de testo e panela, pelas descrições que acabo de refazer eufemisticamente, aqui estarem um para o outro, a explicação só pode ser uma - o sexo.
E também, meninos, onde está descrito que a nossa amiga Diana fosse “a good lay” ? Não seria demasiado complicada para um rapaz de poucos ademanes e palavras curtas ? Que ela foi para o casamento certificada, foi. Ele sabemos que não.
Só me resta acreditar, para manter o mito, que Charles sempre procurou em Camilla as “Bowles” que nunca teve, e que Diana teria os órgãos antónimos com uma sensibilidade que seria demasiada para o rude sentir campestre deste Príncipe, que em Portugal estaria bom para nº dois do Manel Monteiro, ou coisa que o valha... Daqui ao radiador do Mercedes, o resto é história.

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quinta-feira, fevereiro 17, 2005


E depois ainda querem que eu venha a correr do algarve domingo para votar... Posted by Hello

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Da Ignorância

Podia ser José Gil 2, mas para falar disto não preciso do mestre para nada. É cansativo já falar do déficit educacional do povo português. Mas nunca é demais.
Hoje em dia, o português tão ocupado anda em perceber como arranjar dinheiro para a compra (disto... daquilo...) que não tem tempo nem espaço (no sub-céu tipo-cabeça...) para aprender coisas que não as estritamente necessárias para o ganha-pão, que as mais das vezes equivale à quarta-classe, embora o português tenha o nono ano... Portanto, neste país de burros, muito português acha ainda que aprendeu coisas na escola - muitas, muitas - para nada. A paranóia empregativa leva que até o político-filósofo futuro PM queira pôr o inglês na primária "não só para sabermos mais mas para também sermos mais competitivos..." - na primária ? Eu comecei a aprender inglês aos 12 anos, e depois ?
Saber porque o estar vivo te exige e o saber nunca se excede é frase ôca por estes lados.
Um português quando fala a outro sobre algo minimamente diferenciado pede imediatamente desculpa "ó pá, eu não percebo nada, desculpa ter falado sobre" não querendo insultar o cepo que tem ao lado. Pessoa pode ser considerado demasiado complicado, Camões é motivo de anedotário, ainda bem que (em diagonal) se lê muito Saramago e Lobo Antunes "embora eu não entenda muito bem...". Em portugal não há peritos mas sim gente descarada, que são os que se assumem como sabendo alguma coisa sobre alguma coisa - em quinze dias estão na rtp a fazer uma tertúlia humorística sobre - mesmo que não saibam por aí além. O português pede desculpa mas admira quem não pede.
Este meu amigo, que é médico, sobre o serviço de urgência refere o mesmo, a presença agora contínua de médicos no mesmo que sofrem do problema de ser ignorantes, mas que não sofrem com isso, nem têm pena, nem querem saber mais. Passeiam a sua burrice aliás como um troféu. E assim mais que sobrevivem, e exemplos para estudo seriam, mas com cuidados de assépsia e bastão eléctrico pois, de forma predatória, às vezes matam.

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quarta-feira, fevereiro 16, 2005

O Que Importa

Já lá dizia o poeta Mário Cesariny, temos que ir ao que importa. Como perceber que este drama português de umas quantas prestações em falta ou muita dificuldade em estacionar o carro não se compara e aliás insulta dramas que outros povos e países vivem. Senão vejam o assassinato do principal líder da oposição libanesa - http://www2.lorient-lejour.com.lb/index.htm - e como um país ocupado pelos sírios há mais de dez anos, sim, ocupado, não sabiam ? tenta finalmente encontrar-se - houve quem dissesse ser uma ocupação para o bem do próprio Líbano - e decidir o seu caminho sem peias e sem travões, mas possivelmente com algum derramamento de sangue. Já num guia da Loney Planet de há anos se extranhava porque a Síria não tinha embaixada em Beirut e o Líbano não possuia representação diplomática em Damasco...
E nós com o Líbano, dirão ? Mas o Líbano não contribuiu mais sentado para a génese da civilização ocidental do que todo o Portugal de pé ?

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terça-feira, fevereiro 15, 2005

Campus

Temos ouvido falar bastante do campus universitário da Asprela. Mas onde está ele ? Parques de estacionamento, asfalto, edifícios nem bonitos nem feios, vedações. Campus ? Sim, o centro comercial clandestino. Não conheço mais. Campos os de Paranhos que se viam a perder de vista do 2º andar do 79, eu lembro-me. Nada resta, ou quase nada. Sobre isto, nem o facto do metro passar subterrâneo ajuda - se fôsse de superfície obrigaria a um arranjo paisagístico que poderia até servir para o criar desse tal campus mítico que - efectivamente, não existe.
Existem sim pólos universitários, o da Asprela, ou Pólo Norte, o do Campo Alegre, ou Pólo Sul. As temperaturas são igualmente gélidas num e noutro, segundo fui informado. E o aquecimento global, para estes dois, vai tardar a fazer efeito.

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segunda-feira, fevereiro 14, 2005

António Borges 2

Prosseguindo na reflexão sobre o que o meu amigo, que é médico, me contou, uma das palavras mais usadas pelo Prof António Borges terá sido "inovação". Esse meu amigo inaugurou o quarto da residência hospitalar nocturna recentemente. Entra-se pela porta, duas camas em beliche à direita, curtas, com uma subida em escada de risco. Tal como os quartos da urgência que se fizeram há dez anos. Cópia ao milímetro. Innovation ? Why bother ?
Diz o meu amigo que este é só uma metáfora para o imobilismo, bem pior antes estaria sem quarto e sem cama, belicheira ou não, o quarto foi bem-vindo.
E há menos baratas que antes...

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Videodrome

Vi os dois terços finais deste filme do Cronenberg no Hollywood, e não consigo esperar por nova oportunidade: aqui vai disto.
Vi-o pela primeira vez num ciclo Cronenberg no Fantasporto way back.
A história é a dum fanático da televisão e vídeo (James Woods) que começa a ter alucinações televisivas, as quais são devidas a uma interferência, a um programa maligno, o Videodrome, que desenvolve alterações cerebrais (um tumor ?) em quem é atingido. A metáfora é a face desejável de Nicki (Debbie Harris dos Blondie), ou menos que isso, a sua boca, a sair de um televisor para englobar o nosso alucinado.
Este filme é Cronenberg puro e duro, anos 80. O mau da fita é uma espécie de caixeiro-viajante com sorriso à Nixon, e a ideia é atingir quem vê demasiada "má televisão", dentro de uma lógica neo-fascista demencial, e que para o fim "perde o pé", ficando James Woods não sabemos bem aonde, se o primeiro de uma nova espécie de homem-tv/vcr, whatever...
Os efeitos especiais, para o tempo, são muito bons (cassettes de vídeo "vivas"...), o ambiente no geral claustrofóbico e apocalíptico, muitas pistas seriam refeitas em filmes posteriores, mas este não deixa de ser um must para conhecer bem o universo deDCronenberg. O corpo e os seus desvios, as suas possíveis transformações mutantes, a evolução extrema, a margem, está tudo aqui.
Recomendo.

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Santo Inácio

Inácio era e é o nome de umas carreiras que ligam Ovar ao Furadouro.
O santo Inácio deu o nome a uma quinta - pequena, discreta - que os Vanzeller da quinta da Aveleda possuem ali em Gaia. E nela cresceu um zoo.
Não gosto muito de zoos. Mas começarei pelo restaurante da quinta de santo Inácio (não confundir com o self-service). Come-se bem, não é caro, e a entrada depois no zoo é grátis.
O zoo... tem como principais atracções alguns felinos, e muitos macacos. As condições de estância destes são razoáveis: no geral precisavam de jaulas mais altas, sobretudo os mais expansivos, como por ex os macacos-aranha. Os felinos se também tivessem um pouco mais de espaço não se perdia nada... Pior está um mabeco. Estes cães vivem na savana em matilhas que podem ser grandes e atingir áreas de território até 2000 km 2 (cito) - pouco menos que a área do distrito de Aveiro... ter um mabeco sózinho num espaço de dez por doze metros, não está correcto. Ele não pára ! E paredes meias com os linces, o que cria conflitos territoriais que só o arame adia eternamente...
Dizer o quanto os macacos parecem humanos seria um pleonasmo. O lémures também eram giros, e os cães-da-pradaria idem. A colecção de tucanos e calaus impressionante.
A estufa fechada com aves "à solta" talvez o melhor espaço de todo o conjunto.
A área de merendas é grande, o parque no geral impressiona, está bem desenhado. A minha filha adorou, claro.
E a casa-mãe é uma senhora residência (visitável). Há uma pequena loja de produtos ligados ao douro e ao zoo, onde por ex. se pode comprar Charamba mais barato...

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sábado, fevereiro 12, 2005

António Borges 1

Um amigo meu, que é médico, falou-me em conversa, de uma conferência que este senhor, economista consultor para a área da saúde da Fund. Champalimaud, pronunciou recentemente sobre economia e gestão da saúde.
O meu amigo ficou sobretudo surpreendido com a importância dada a uma palavra "accountability", e à sua dificuldade de tradução para o português. Ao fim de algum tempo lembrou-se: "prestar contas" ! Agora sim, finalmente. Eis o que faltava. Para que tudo passasse a correr bem. Aí perguntou a uma pessoa que estava ao lado: " ele quer dizer prestar contas, não é ?" A resposta foi: "não deve ser, ele não deve querer dizer bem isso..."
O meu amigo continua sem perceber como se traduz "accountability" para o dialecto do hospital em que trabalha.

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José Gil 1

"Como convém televiver", assim se chama o primeiro capítulo do muito comentado livro de José Gil "Portugal, Hoje - O Medo de Existir". Onde se explica como os noticiários televisivos em portugal apresentam uma visão anestesiante e pararreal da realidade. Efectivamente, após uma sucessão de eventos de terror, violência e aberração, que são apresentados numericamente, sem enquadramento estilo parede de azulejos de quarto-de-banho cheia de sangue esparrinhado, sempre para o fim um ou dois acontecimentos bucólicos vêm amainar a tempestade imagética e descer o caudal de informação ao conformismo português natural: "é a vida!". A CNN termina os seus noticiários com imagens do acontecimento mais importante do dia (tsunami, eleições, ovelha dolly, o que seja). Cá é o nascimento dum panda, o dia dos namorados, flores para a mãe. Chama-se a isto a televisão "valeriana", dentro daquela lógica de que é melhor dourar a pílula senão o português nunca tomaria remédios, nem que por remédio nos queiramos referir à própria vida.
Os alentejanos suicidam-se muito. Será diferente lá, a televisão ?

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Jared Diamond

Já destaquei em http://www.imsucks.com/ a recente publicação lá fora do mais recente livro deste homem, que dá pelo nome de "Collapse". Pelos vistos o Jared Diamond é professor de fisiologia em uma faculdade de medicina. Tal qual. Escreveu "Armas, Germes e Aço" (Ed. Relógio d'Agua) onde pretende explicar como a civilização ocidental chegou onde chegou. Em "Collapse" pelo contrário explana as suas teorias sobre o porquê de grandes civilizações terem ficado pelo caminho.
Claro que ainda não li o último livro. O primeiro sim, e vivamente recomendo, a todos os ocidentais, aliás. É uma lição de ciência e de humildade. Li sim também uma crítica a "Collapse" no New York Times, que era algo manhosa. Podem consultá-la em http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9C02E1DA1038F933A05752C0A9639C8B63. Segundo a crítica, JD, em um último capítulo arriscaria extrapolações para as encruzilhadas deste século XXI, levaria em pouca conta o engenho humano, e daí o seu pessimismo. Como o compreendo ! Outra crítica, e esta sobre a extinção acelerada das espécies animais, referia o facto de muitas conclusões se basearem em estudos feitos em ilhas (ecossistemas mais controláveis), e que o grosso dos animais em ilhas não vive, donde poder fugir, ir adaptar-se ali ao lado... Vejamos bem, eu já vos falei do último arquipélago português descoberto ? A rede de espaços naturais protegidos ! Que muito bem comunicam entre si ! Uma matilha de lobos que está desconfortável no Alvão, apanha a nacional, chega a Póvoa de Lanhoso vira à esquerda, sobe uns kms, está no Gerês ! Os linces da malcata estão a aproveitar as scuts aliás para migrar para a serrania alentejana !
Bom...

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Do dormitório

Um amigo meu, que é médico, comentou-me o facto de, dentro de meses, em frente ao seu hospital passarem a pernoitar as carruagens do metro. Estava ele feliz, pois lembrava-se bem da solidão do parque de estacionamento, da circunvalação, quando espreitava dos pisos 7, 8, noite entrada a fazer urgência. Agora passará a ter a companhia dos reluzentes corpos cetáceos amarelo-negros, sob as luzes, tranquilamente em descanso.

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sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Da venda

Um amigo meu, que é médico, falou-me de uma doente sua que fez uma hepatite tóxica após a toma de uns produtos "naturais" dos quais ela mesma era delegada de informação... médica, farmacêutica, whatever. A jovem, trinta e tais, esteve internada, sofreu biópsia hepática, e lentamente, sem terapêutica, tem agora análises que são quase normais.
Teve a mesma moça um problema ginecológico obscuro ou não (o meu amigo achou que era obviamente uma doença inflamatória pélvica) terminou histerectomizada. No meio disto tudo o seu emprego despediu-a (boa propaganda para os produtos não seria). Esteve no desemprego ano e meio. Agora vende casas: se vende ganha; se não vende, não ganha.
Vai fazer análises 2ª feira. Espero, por ela e pelo meu amigo, que as análises estejam bem.

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quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Dear Lindsay

É difícil de explicar a minha simpatia pela Lindsay Davenport. Um metro e oitenta e nove, setenta e nove quilos de peso, a bit out of my league.
Anyway, esta discreta tenista, menina que terminou o ano passado em número um apesar de não ter ganho nenhum grand slam, exemplifica para mim um dos lados do sonho americano, para além de ter algumas idiosincrasias que a notabilizam. Californiana, famíla diferenciada e desportista, começou no ténis muito cedo. Foi de revelação em revelação até sem grande alarido entrar no grupo das grandes tenistas mundiais. Serve bem, tem pancada possante, e quando em forma faz do ténis pura arte geométrica, não aparentando o esforço preciso para que tudo aconteça. Não grita, não berra, não urra, não geme. Não tem quinze anos nem é disforme. Tem uma timidez decidida de quem está a fazer o seu trabalho, que é o que mais gosta de fazer, e coincide fazê-lo bem.
Tem vacilado (por lesões e o passar do tempo) entre parar e seguir. Sem primeiras páginas sobre. Por enquanto segue. Franze o sobrolho, torce um pouco a cara, hesita sem hesitar. Elegância desengonçada, um cheiro de charme envergonhado. Parece gostar de cães grandes. Os quais domina a pensar nas grandes provações que a vida de tenista é. Dá vontade de ir abraçá-la!
Só pulando.

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quarta-feira, fevereiro 09, 2005

By The Way...

Por falar nisso, há uns cartazes Lise Charmel a subir e a descer nos rolantes publicitários dos nossos shoppings que são de arruinar a respiração. Mercy me !

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terça-feira, fevereiro 08, 2005

Foi Carnaval

Tradition.... etc. Pois ao Carnaval de Ovar também se aplica. Como vareiro, a romaria de exilado a ir até à terrinha ver como aquilo está cumpriu-se mais uma vez.
Terça-feira é sempre um dia mais pacato para assistir ao cortejo. E saiem sem atraso. Mas este ano algo desconjuntados iam, logo ao sair. E início sem cavalos da GNR (para "ordenar" o peão), como se fazia antigamente, não é início. Até as mãos dos gigantones agora são de espuma...
Bom, as escolas de samba: não havia uma que se aproveitasse. A Charanguinha, como sempre, dançou melhor. E levava um predomínio de bronzes, que se saúda. A vocação africanista/peter pan deste ano não deu em nada. E que a Juventude Vareira fosse de sevilhana, touros e samba não deram boa mistura. Meninas como deus manda, foi preciso esperar pelas Bailarinos/as de Válega (o futuro está nos subúrbios...), desfilarem quase no fim foi uma pena. E a vestimenta se calhar disfarçava uma cada vez mais preocupante verdade: que a obesidade ante-abdominal na juventude feminina vareira é uma verdadeira epidemia.
Brincadeira houve e muita: Pinguins, Zuzucas, Marroquinos, Não Precisa, etc. Estar na primeira fila das bancadas e ser careca torna-te alvo óbvio de algumas carícias ao esférico, e também aconteceu um beijo macho repenicado. A minha filha também foi raptada uma vez para a brincadeira, inofensiva e agradável. Muito bem.
Quase quatro horas de desfile que terminou com o Manel Ferreira de Rei (e uma filha dele como Rainha) e temperaturas siberianas, pois o sol já se despedira há que tempos.
PS.: há muitos anos atrás, Paula Gama, achei que serias uma lindíssima mulher. Pois és.
PS2.: que tal sair mais cedo, hã ? Evitavam-se os tiritanços a correr para o aquecedor caseiro, depois do desfile.
PS3.: um puxão de orelhas às escolas de samba, que este ano estavam de susto !

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segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Eu não "dezia" ?

Marítimo sem Custódio FOI uma orfandade. Voltámos à fase "um monte de brasileiros a jogar à bola em Coruche".

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domingo, fevereiro 06, 2005

Das Escadas Rolantes

Lembro-me da primeira vez que andei numa escada rolante. Foi no Brasília, acho eu. Há muitos anos. E nesta memória longínqua e incerta está porém já a razão deste escrito: eu não andei na escada rolante: ela é que andava, subindo comigo às costas, ou descendo depois. Andar nas escadas rolantes, diversão ainda das preferidas da nossa juventude mais tenra, não é andar, é deixar-se levar. Quanto muito, andamos, corremos ao desvario quando tentamos subir na escada rolante que desce, e é só.
São hoje em dia os portugueses um povo apressado. Correm como não corriam antes. Pergunto-me porém se esse correr é sentido, se não é parte também desta montra preocupada que levamos no dia-a-dia e que faz parte desta crise emocional em que entrámos nos últimos anos do guterrismo, túnel do qual ainda não vislumbramos a saída.
E explico: corremos, corremos. Chegamos à escada rolante e... paramos. A escada rolante sobe-nos ao andar acima, e aí voltamos a correr. É isto ter pressa ?
Eu raramente corro. Sou português, portanto meço o meu passo, proporciono-o às circunstâncias. Tenho então um passo apressado. E quando chego a uma escada rolante deparo com o portuguesismo habitual de não deixar a esquerda para quem tenha mais pressa. Uma escada rolante serve para duas coisas: ou para nos debruçarmos, apoiados na balaustrada como se fosse uma varanda, e para os dois lados, ou para hirtos pararmos a correria e fazer um balancete do atraso ("ora falta-me ir aqui, ali, comprar isto e isto..."). Uma terceira opção é algumas actividades soft-core que ao menos distraem quem sofre a obstrução no caminho ascendente.
Pode-se sempre activar o código "com-licença", mas como sabemos, é um código mal-visto: quem tem mais pressa do que nós ? Onde vai este gajo com tanta pressa ? Quem julga ele que é ? Quem pede para passar/ultrapassar numa escada rolante, ao chegar ao fim da mesma e não desatar a correr feito o Obikwelu, é um parvalhão, um estúpido. Será apontado a dedo, ou lembrado para obtruir na próxima oportunidade. Ou ultrapassado com gosto por quem mal acaba a dita escada volta a ter muita pressa.
São os portugueses um povo activo, que remédio. Mas que se pudesse não o ser, que bom seria. Os dinheiros comunitários de há dez-quinze anos foram uma escada rolante que o português aproveitou com gosto, pois até nem teve de mexer as pernas. A escada é que subiu com ele. Neste piso em que estamos agora, tanto há para comprar que até doem os olhos.
Querem agora que o portuguesinho suba mais, mas "a pé"...
É o sobes !

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sábado, fevereiro 05, 2005

The Age of Innocence

Venho por este meio pedir ajuda para descobrir o porquê de um nome de um livro, e de um filme que a mesma história conta, e deste até mais, porque é do deslumbramento que o dito filme me provoca que vos quero falar.

“Age of Innocence”, porquê? 1993, ano entre os anos. Ano de Martin Scorcese nos contar uma história. Com os dados a serem lançados logo no genérico de apresentação: sob diáfanas rendas, o abrir primeiro lentamente, depois cada vez mais rápido de flores e flores, corolas e corolas a exporem-se à paixão..
É isto a vida, é isto a paixão, o amor ? Então, assim preambulados, de que inocência estamos a falar ? A voz de Joanne Woodward a narrar é uma voz inocente ? A realização em hipérbole no gesto e na cor de Scorcese é inocente ?
Teatro das emoções por excelência, o realizador faz-nos entrar directamente na representação de uma ópera em Nova Iorque, 1870. E do outro lado do espelho, o outro teatro, de pequenos passos, artisticamente cuidado, a sociedade novaiorquina, cuidadosamente cerzida no luminoso século. E os nossos protagonistas, o triângulo clássico, duas mulheres, um homem.
Ele Newland, filho e pilar de uma das melhores famílias, ela May, a sua futura noiva, o frágil e perfeito pilar outro do casal modelo; e sua prima, Mmme Olenska, recém chegada da europa após um casamento desfeito com ruído.
Ele (Daniel Day-Lewis) vai oferecer-se a tarefa de a integrar na difícil grelha novaiorquina, onde uma mulher que se separa é menos que uma viúva. Protege, defende, promove, aproxima-se, queima-se, termina subjugado. Porquê a paixão, quando o mero fascínio era logo tão previsível ? Ela (Michelle Pfeiffer) é diferente. Cheira a essa coisa chamada europa. Fuma. Embora não se rebele, agradecendo. Ela é uma janela para mundos insuspeitos, apenas entrevistos possivelmente em livros, ou sonhados entre o fumo de duas cigarrilhas. Como não querer fugir ?

Mas Nova Iorque está à espreita. Sob a forma de May (surpreendente Wynona Ryder), a noiva. Que não quer ser mais do que uma gentil e frágil e ôca criatura. Mas sabe manobrar/fazer valer o seu estatuto primeiro de noiva, depois de esposa, finalmente de esposa grávida. Sem confrontar, sem expôr, apenas jogando as cadeiras de forma a que o marido sempre se sente a seu lado. E com o seu frágil ombro consegue atirar a prima para o campo das esperanças irremediáveis, dos encontros literários.

O que quer a mulher ? O que quer o homem ? Disto trata o filme. Newland deseja uma figura literária de diferença. A sua figura (robe japonês, europa, livros, detachement) é essencialmente queirosiana, e a tristeza em Olenska é talvez saber-se objecto de um desejo idealizado, próprio de quem leu Émile Zola e não sabe o que fazer com isso. Olenska aliás sente-se bem com o arrivista Archer porque este é mais natural ao diverti-la e cortejá-la. May é um bicho próprio do seu tempo. O seu primogénito vai casar porém com a filha do arrivista. Times do change.

Mas Olenska ama, talvez a única figura que realmente ama em toda esta história. “I shall come to you once and them go home”. Amar pode ser isto. Olenska conheceu a desgraça, a esperança, o riso e o choro. Consegue ter o desprendimento para amar. E tem a experiência para renunciar uma vez mais. Reconhece as manobras de May mas não cede à incorrecção. Cede sim aos encontros furtivos criados por Newland. Dos quais disfruta, pequenas luminárias numa vida que já teve tudo: amou. Para a sociedade novaiorquina foram amantes. Ela sabe que foram mais do que isso.
Por isso, a lindíssima imagem do pôr-do-sol junto ao farol, com a retórica decisão “if she turns” é outra vez um devaneio de literato que não sente que ela sabe que ele a está a olhar. O "demasiado" querer embota os sentidos.

Por isso ainda, quando Newland não visita a sua paixão ideal envelhecida, uma vez mais a desmerece. Porque o amor não tem idade. E o amor ao convite do outro só pode responder sim.

Sobre este filme eu não consigo parar de escrever. Por isso aqui ficamos e aqui, não em http://www.imsucks.com/. Porque todo e qualquer texto é incompleto e inacabado perante este superior filme de Scorcese.

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quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Dos Eucaliptos

Cada vez mais eucaliptos há nesta santa terra. Como diria um amigo meu, “pôça!”. Portugal vive um período de crise emocional, portugal está deprimido. E neste tempos conturbados a introspecção nacional nasce de uma pedra, após respectivo pontapé na dita. E eu digo: ninguém consegue glosar os pobres dos eucaliptos para falar sobre o destino deste pobre país ?
Olhemos. São umas no geral pobres árvores, finas e fracas e feias, plantadas a esmo e aos milhares, vidé estrada Sobrado-Arouca, por ex. Crescem muito rápido, novíssimas já estão mais altas que os mais altos pinheiros, o que dizem ser vantagem. E rapidamente são cortadas e novas plantações se fazem, se o fogo não vier surpreender este frenético ciclo de planta-cresce-corta e (não esqueçamos) ganha. Não ganha o eucalipto, que possivelmente até teria preferido ficar pela austrália em companhia de cangurus e demais marsupiais...
Tal os portugueses, reparem, tal os portugueses. Um amigo meu, que é médico, conheceu uma rapariga na consulta, que não era bem doente mas filha de uma. Teve que a observar primeiro por cismas maternais. Depois por cismas próprias (da doente). Finalmente por questões de aconselhamento quase peri-matrimonial. A miúda tem vinte e um anos. Casa em Setembro.
É um facto que os portugueses casam cedo. Que namoram de uma forma que rapidamente se torna estável. E que precocemente (elas mais) começam a suspirar com ansiedade pela estabilidade quando ela tarda em aparecer. Todos os meus amigos espanhóis já mo diziam: “todas xa casadas, tio!”
Em outras terras há uma idade para desejar grandes viagens, grandes perdas, grandes descobertas. Cá queremos sofás, mobílias de sala de jantar, um kit informático “com-tudo” tipo gigashoping. Viagens, bom, toda a malta para o brasil, para o ano todos para cabo verde. “À mólhada”. Isto após o crédito, o carro e ao mesmo tempo que... os filhos...
Os filhos... muito cedo aparecem cá em portugal, muito cedo... e duas coisas acontecem: os pais não têm tempo para eles por muito trabalharem porque têm muitas coisas por pagar, etc. E menos ainda paciência ou vocação, pela contradição entre o novos que são estes pais e o “definitivos” e “ancorados” que eles próprios se vêem. A estabilidade cedo ganha um sabor amargo, e é mal cuidada. Queremos portanto crescer rapidamente, rapidamente chegar lá acima. E depois de lá chegarmos, nós e dez mil, fazemos o check in, todos iguais, eu um bocadinho melhor, repara bem...
Assim os portugueses, e os eucaliptos. Rapidamente crescidos, para a vida, para o emprego e o casório, fraquinhos de tronco e de folhagem mas esticadinhos a acenar, até que.
Apesar de tudo, considero o destino dos portugueses mais abominável que o das árvores em questão. Estas cheiram bem, cheiram a eucalipto. O “cheiro a português”, por enquanto, ainda não ganhou contornos de “agradabilidade”.
E ao fim de vinte anos, ou menos, aos eucaliptos corta-se – mata-se portanto. Os portugueses não, mantêm-se mortos-vivos, a fazer asneiras, rodoviárias ou outras, muitos anos, até que venha um misericordioso enfarte ou avc que os “limpe”. Se não, demenciam cedo, claramente por desuso do órgão-pensante.
Citando um livro recente: “É a vida!”.

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Custódia

Marítimo sem Custódio vai ser uma orfandade.

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Christina Ricci

Christina Ricci, eu conheço-a desde que ela era uma criança. Tinha 9 anos e entrou numa comédia Cher-com-piada, de Ivan Reitman, "Mermaids". Muita da comédia era também ela. Tinha então o que ainda agora tem: muitos olhos. E pouco mais cresceu: tem um metro e cinquenta e cinco. Esqueçamos que passou pelos filmes da família Adams. Nasceu em 1980, signo Aquário, em Santa Mónica. Tem uma cara singular, lábios/boca sempre em alerta, corpo sempre à defesa, ou ao ataque. Nunca em descanso. Não é consensual. Uma mulher nunca deve ser.
Vi-a em descanso hoje, num daqueles filmes ingleses pós-Trainspotting que são um pouco de tudo: comédia/suspense/acção/planos esquisitos. Sobrevive ao filme, a John Hurt, a Kyle McLachlan, a tudo e a todos. "Miranda", de 2002.
Tem uma banda de heavy-metal finlandesa que lhe dedica canções. É pequenina, selvagem e especial. Não para pôr numa mala e levar para casa, sim para espalhar pela casa toda.

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quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Eu não "dezia" ?

Bom, o Prof. Diogo Freitas do Amaral já está à disposição do país. Em cromos... possivelmente.
Portanto, se a co-incineração avançar não nos vamos esquecer de o co-incinerar a ele também, não é ?

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terça-feira, fevereiro 01, 2005

Os Colos Bons, e os Outros

Bom, o comício em Braga do Santana pelos vistos foi de se lhe tirar o chapéu. Braga é uma grande cidade: de lá saiu o Gomes da Costa há 79 anos para preparar o caminho para o António Oliveira S, o seu ícone musical é os Mão Morta do Adolfo Luxúria Canibal, que mais posso eu dizer ?
Hoje o Santanita disse que não, que nunca, etc. etc., e que eram os dois amigos divorciados e quem filhos, ele e o Sócrates.
Bom, começa a parecer que votar contra o Santana começa a ganhar contornos de imperativo nacional.
Na rádio ao voltar para casa ouvi o Manuel Vilaverde Cabral acusar o imprensa de ser demasiado reverencial com as elites: "se assim não fosse, Santana Lopes nunca teria chegado a primeiro-ministro". Santana pertence às elites ? Portugal está preparado para os pés de barro das suas elites ? Estamos a elogiar uma imprensa à inglesa, aquela que destrona bons ministros porque têm amantes, ou tiveram, ou terão ? Com uma imprensa assim Sócrates seria neste momento candidato a PM ?

PS.: o comício foi em Famalicão ? Os bracarenses que me perdoem, mas quem tem o Mesquita João Jardim como patrão há tanto tempo, até podia ter sido...

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Os Voluntários

Um amigo meu, que é médico, contou-me de uma auxiliar de enfermagem que trabalha no serviço dele, e que está a contrato há cinco anos. Como ? Fazem-lhe um contrato de x meses, depois despedem-na, ela não deixa de trabalhar porque lhe é prometido novo contrato, trabalha assim de graça uns bons meses incluindo noites, etc., até que lhe renovam o contrato, voltam a despedi-la, etc. Presentemente esta senhora, que terá os seus quarenta anos de idade, está em fase de "voluntariado", isto é, a trabalhar de graça para que a (re)contratem - um destes dias... Ora sucede que a senhora está doente - tosse, expectoração purulenta, fruta da época - mas foi-lhe dito pela encarregada (nice portuguese word) que "como trabalhava de graça, não podia faltar...". Muito matutei mas, para esta história que este meu amigo me contou não encontro explicação. A encarregada em questão, gostaria de a conhecer, de tão cara de pau, fazia eu umas portas novas... O meu amigo diz que não é raro, que já soube de mais casos... E se isto tem cinco anos, não digam que aqui a culpa é também do Santana...

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