sábado, janeiro 29, 2005

Da Invisibilidade

Os invisíveis. Parece um filme de ficção científica mas não é. Falo das pessoas feias que nos rodeiam. Daquelas que por um detalhe ou outro, ou por um conjunto colossal dos mesmos são retiradas inconscientemente do nosso leque de opções e se tornam para nós invisíveis no dia-a-dia. Não vou explicitar os detalhes que podem levar à exclusão acima. São muitos, e variam, mas não demasiado. Há um padrão. É como um código genético social, uma patine que nos aplicamos com determinada frequência fixa, como sinais de reconhecimento que extinguem as dúvidas entre os eleitos, fios que demarcam a exclusão e a inclusão, on e off.
Que pensam os invisíveis, que sentem, o que esperam enquanto caminham entre nós, tropeçando, falando mal e de uma forma estridente, inapropriada, mal combinadas as cores, o cachecol mal atado, o borboto dos defeitos a surgir por todos os lados, porque saiem de casa e se sujeitam a estas humilhações ? Não perceberão que o “Shrek” é um filme e não a realidade ? Porque não emigram ? Para a América onde são todos gordos e ninguém se importa e o país é demasiado grande e há espaço para todos, sobretudo para aqueles que se convertem e renascem, igualmente feios porém...
Mas a ditadura do proletariado não tinha sido extinta ? Que sabemos nós, que sentido temos desta vida para além de não sermos como eles, de todos os espelhos nos responderem e sussurrarem presente, sem esperarmos o resto da frase: “...estúpido...”.
Já alguma vez vos falei da sensualidade do meteorismo intestinal ? Se as regras fossem outras, não estaríamos todos imersos em acarbose ?
Há vinte e cinco anos, numa aula de português, pediram-me para diferenciar bonita de bela, e eu respondi que bela era algo mais. Hoje julgo saber menos destas coisas do que então, ou ter menos certezas. E tento abrir mais o olhar.

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Eliminação

Queria aqui transmitir os meus parabéns ao Benfica pois conseguiu eliminar um dos grandes da taça. Pequenas equipas como o Benfica engrandecem o futebol nacional ao cometer estas proezas.
Um carinho especial pelo João Pereira tão pequenino e já tão culto, só espero que tenhas cuidado sempre ao atravessar quando vieres por matosinhos a comer um marisco...

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sexta-feira, janeiro 28, 2005

Migração de Inverno

As migrações através do espectro político nunca trouxeram nada de bom. Vejamos os exemplos de Helena Roseta, Zita Seabra, José Magalhães, outros. O mais recente e caricato parece ser o de Diogo Freitas do Amaral. Contra ele, quando candidato a PR, levantou-se o espectro do retrocesso à ditadura. Bom, aqui há dias vivemos um momento de no hard feelings, se agora fazes 80 anos, deixa-me ir ao teu jantar, quando forem os meus 80 lá estarás, se já não fores vivo levo o teu retrato (Mário).
É DFA presidente da Assembleia Geral da Caixa Geral de Depósitos. Hoje apela à maioria absoluta socrática, amanhã reprova em parecer a transferência do fundo de pensões feita pelo Bagão Félix, o seu patrão, em uma palavra. Em quinze dias está a escrever no Barnabé ou emite blogue próprio (aí sim, será demasiado...).
Se ao palácio cor-de-rosa não chegámos pela direita, queremos pela esquerda chegar ?
Ou o convívio com o Koffi Annan apagou os tempos da fuga pelo telhado do palácio de cristal e avivou uma consciência social que andava adormecida ?
Que diria o Adelino Amaro da Costa de tudo isto ?
Olhando para o cenário da politica italiana, se o Prof José Gil fala da berlusconização de portugal, a melhor resposta cá será uma coligação tipo "margherita", onde cabe tudo que não seja fascista, oportunista ou fadista ? Outro nome para o PS hoje ? Com o BE escondido no WC ?

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terça-feira, janeiro 25, 2005

Contaram-me

Contou-me um amigo meu, que é médico, que recentemente as passou gregas na consulta. O rapaz tem a mania de dizer que sim aos pedidos de consulta mais estapafúrdios (parece que ele sabe que é assim), e andou a seguir as lipotímias da filha de 35 anos de uma doente sua que, por sua vez, de doença do foro deste meu amigo (ele é internista) não tinha nada, sendo antes uma mitómana.
Ele já tinha percebido é que com a mania das doenças e sua doente tinha o marido completamente escravizado. E vou passar em claro as observações que o meu amigo fez sobre a vida sexual do casal...
O que o gentil rapaz não podia adivinhar, ou melhor podia mas não se terá esforçado o bastante para isso, é que a sua doente tinha a filha num estado de desespero tal (vivem na mesma casa) que em recente consulta a filha lhe iria pedir, tresloucada e aos berros "uma injecção para me matar ! dê-ma aqui mesmo que ninguém repara ! quero remédio do escaravelho ! já me despedi do meu filho !" Teve que expulsar a mãe da consulta, esta terá ficado no corredor a bramir, o que agudizou a histeria da filha, nova intervenção, nova gritaria, enfim. He had it coming, I think. Para cúmulo dos azares, a filha, possivelmente não muito dotada de sabedoria, tinha sido vítima recente de burla, ao lhe prometerem um emprego que depois não aconteceu, com dispêndio de dinheiro e vergonhas várias, idiosicrasias de uma habitante do vale do sousa que vê o futuro na venda de tupperwares e a quem dizem (sem pagar) que tem um palminho de cara e que vende muito bem.
A mãe ? Diz o meu amigo que lhe vai dar alta da consulta. Eu acho que não consegue. O que fez ele com a filha ? Mandou-a para a urgência ao cuidado da psiquiatria. No caminho para a urgência a mãe bateu-lhe. Tem lógica.

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domingo, janeiro 23, 2005

The Chase

Para explicar a América de hoje necessitamos de conhecer um pouco da sua história. E a história da américa pode ser seguida através da arte e do entertenimento que melhor simboliza o país americano: o cinema. A fábrica dos sonhos espelhou em todos estes anos a alucinação colectiva americana.
E é de 1966 um filme de Arthur Penn, "The Chase" que toca em alguns temas que ainda estão no centro da discussão do ser americano. Arthur Penn é um realizador que apareceu nos anos sessenta e que portanto representa uma transição entre a geração dos Elia Kazan e as dos Coppola e Scorcese. Neste filme retrata-se a américa profunda (pequena cidade mais para o sul que para o norte) que tem um fim-de-semana transtornado pela fuga da prisão do "rebelde mau" da terra, Bubber (um muito jovem Robert Redford). Jane Fonda é a mulher de Bubber, mas a amante do filho do manda-chuva da cidade. Marlon Brando é o xerife da cidade, empregado do manda-chuva porque-tem-que-ser, mas tentando manter o bom-senso e a lei numa cidade tomada pela paranóia colectiva. Dos grandes nomes do filme aparece aqui ainda Robert Duval, pré-padrinho, num papel de delator. Filme muito á Tennessee Williams/representação via método, portanto com cheiro a Kazan. Penn sairia destes mundos ao filmar Bonnie and Clyde anos depois. Não se percebe o mal que Bubber representa (Redford bem-penteado também não ajuda) mas sente-se a má consciência de toda uma cidade em relação a Bubber. O fulcro do filme é Brando, num papel nas margens do correcto e do incorrecto, exprimindo o seu desgosto com o mundo (anos depois iria para a selva), versus todo um povo constituido por homens fracos e mulheres perdidas ou com pena por não se perderem. E muitas armas à mistura, violência-porque-é-sábado (à noite), americanos a excomungarem os seus demónios aos tiros. Ontem como hoje.
Filme catita, de princípios de carreira de um cineasta esquecido. E com muitas caras conhecidas em princípio de carreira, o sonho americano não, já tinha descolado à muito sabe-se lá se para a terra do nunca.

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sábado, janeiro 22, 2005

The American Monkees, for ex.

Para melhor entender o fenómeno americano, e outros, vamos falar de um grupo pop aparecido do nada em 1966, chamado The Monkees.
Nasceu como uma resposta à tournée arrasadora que os Beatles tinham feito nos USA. Recrutaram 4 rapazes com origens bem diferentes até geograficamente, nem todos músicos, e criaram um programa de TV só para eles, onde cantavam canções para eles criadas de propósito por senhores como Neil Diamond, Goffin & King, etc. Sucedeu que a música tornou-se conhecida ainda antes do programa, e afinal os The Monkees enquanto fenómeno musical “invented in America” ultrapassaram em muito o sucesso televisivo. No ano de 1967, o mítico ano por ex. de Sergeant Pepper’s, os discos dos The Monkees foram os que mais venderam em todo o mundo. Em ano e meio produziram-se 4 albuns, que venderam mais de 15 milhões de discos. Os dois últimos já com os 4 meninos não só a cantar mas também a tocar, a compor, etc. Diz quem sabe que os discos até são bem bons, pois que o tempo tudo altera, criando novas perspectivas, menos fracturantes, ou até alternativas. Lembro-me porém de ler críticas musicais do ano 68 a fazer o balanço do ano anterior, e a visão dada dos The Monkees não era das mais lisongeiras. "Artificiais", "vendidos", eram palavras que sulcavam o artigo em questão repetidas vezes. Enfim, mais uma história de um sucesso fabricado, de números de vendas que ganham uma legitimação e uma patine de qualidade com o tempo, de músicos que não o eram e que passam a ser porque lhes põem um instrumento à frente. Monkees porquê ? Porque o eram, e de imitação. A sua canção mais conhecida, “I’m a Believer”, foi escrita por Neil Diamond, e recentemente perfilhada pelo filme Shrek, onde é uma canção para rir. Eles têm um site, onde vendem toda a sua memorabilia a quem a queira. É uma questão de fé, acreditar que os The Monkees foram o epítome dos anos 60. Sim, versão televisiva. Não, versão de rua.
Faça-se a observação: as imitações nunca são por definição melhores do que um original.

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A Esquerda Sexual

À falta de outras diferenças, parece que o sexo (e os seus byproducts, como as crianças...) vai definitivamente entrar nesta campanha eleitoral.
De há muito tempo a esta parte se acusa a direita de ser sexualmente e moralmente hipócrita. Os dois aspectos em que mais se baseava esta discussão eram primeiro o abortamento, segundo a homossexualidade.
Como sabemos, o tema da homosexualidade tem vindo a ganhar maior força nestes últimos tempos políticos graças aos mais-que-rumores sobre a vida privada do candidato ps. Estará o país pronto para que um candidato a primeiro-ministro assuma a sua homossexualidade ? O espectro do fracasso do referendo sobre o aborto paira sobre os conselheiros de Sócrates, e as unhas já estarão roídas até ao osso. A esquerda é liberal, sim, mas missionária também, e estas eleições têm que ser ganhas... Confesso que a possível homossexualidade de Sócrates me levou a ganhar alguma simpatia pelo sujeito, muito mais "morto" e anónimo do que o meu amigo Santana, inesgotável fonte de gaffes e de piadas sublimes, e que eu não me importaria nada de ter como pm (não fica mal numa fotografia como o Durão ficava), pena a congénita impossibilidade de produzir governo que não só de amigos. Sócrates pelos vistos vive, e até tem contornos atípicos, digamos.... embora, claro o companheiro tivesse que ser o paradigma da beautiful people lisboeta.
Longe vão os tempos do Mário Soares com a Maria Barroso a sachar batatas em nafarros numa campanha eleitoral, quando corria o processo de divórcio de Snu Abecassis e toda a campanha difamatória contra Sá Carneiro. "Eu sou pela família", dizia o Mário Soares... e pelos vistos o Louçã, filho dilecto, também é, e perguntou directamente ao Portas, Paulo porque não tinha uma. Persecutórios os dois, atenção bloco, nunca estive tão perto da abstenção, até porque um fim-de-semana é sempre um fim-de-semana... Desta nem o Portas, Miguel vos safa.
A esquerda afinal enferma dos mesmos preconceitos, nomeadamente sobre a homossexualidade, e fica em questão todo o trabalho a favor das minorias/diferenças feito pelo bloco. Porque o fizeram ? Para permitir a visibilidade ao Louçã suficiente para ir dizer na televisão o que disse ? A quem queremos tirar votos ? Ao cds ?
Sobre a homossexualidade de quem quer que seja não me vou pronunciar. É que não é preciso !

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quarta-feira, janeiro 19, 2005

Condução e sedução

Quando na circunvalação um BM feminino meter para a faixa da esquerda sem dar sinal e receber as luzes sem protesto, conduzindo pela esquerda a sessenta... e depois ao chegar à rotunda formerly known as produtos estrela e tomar a 3ª via da esquerda só para voltar depois à circunvalação com sinal para a direita e graciosamente se postar à tua frente, a cinquenta, quase entalando-te contra um autocarro daqueles duplos... só para depois se deixar ultrapassar rapidamente sem um queixume... isto é condução sensual ao mais alto nível ! __-__-JO, podes-me ligar, mandar um email, sei lá, eu deixo !

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segunda-feira, janeiro 17, 2005

Como consultar...

"Que sorte eu tenho, que sorte ! Três consultas hoje à tarde em duas horas, a terceira com mais retorno que envio: gente de paranhos, bem que falámos do tempo das bouças, do largo da igreja com as suas vendas onde vinham comprar o povo e os lavradores, dos ribeiros, um de águas mansas, outro mais revolto onde se perdiam as peças de roupa... O ISEP por ex. está construido sobre uma mina de água. As terras de paranhos e da asprela sofreram revoluções sucessivas a saber: primeiro o hospital de são joão, depois os bairros sociais todos, depois as primeiras faculdades, a seguir o fechar da vci e o transformar o largo da igreja num nó rodoviário, e que coincidiu com o segundo estouro do polo universitário, e finalmente agora o metro. O bairro de são tomé, espectacular cenário orwelliano, foi construido pouco antes do 25 de abril e era para os funcionários da câmara, daí a arquitectura diferente, alguns detalhes dentro e fora das casas; depois vieram os "retornados". Eis porque são os primeiros apartamentos que a câmara está a vender. O bairro leonardo coimbra junto da fernando pessoa pertence aos "desalojados da ponte": não consegui perceber que ponte: a do freixo ? Paranhos, terra de lavrança e de bouças, onde os piqueniques eram feitos à sombra da grande obra do hospital.
No fim da consulta agradeceram-me como deus manda. Mentalmente respondi: obrigado eu !"

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A Crise Nacional

Pois é, lá vai o pré-campeão todo janota para a madeira e tumba, leva adriano em cima que o Mior despacha-te desta para melhor. Valha-nos um jogador que se está a fazer grande e que se chama Custódio, porque o meio-campo do meio-gás já chateia de tanta Rochenback-dependência. E não se substitui porque não se tem banco, porque não se está sentado no banco, ou porque ni puta idea ?

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domingo, janeiro 16, 2005

Espanha 3 - Oleiros

Para que alguns amigos meus melhor repensem o urbanismo das suburbes em que vivem se dinheiro não possuem para aceder à invicta urbe, eu recomendo como case study o concelho de Oleiros, localizado na Galiza imediatamente “ao lado” da cidade da Coruña.

Antes de falar melhor de Oleiros, umas palavras sobre A Coruña. Sendo Vigo maior, mas muito mais recente, e Santiago apenas uma espécie de Braga (mas muito melhor... e com um poder semi-central), a problemática citadina galega sempre se concretizou em A Coruña, e estou a citar livremente. Coruña felix, de localização privilegiada: a cidade nasceu numa quase-ilha, com os seus dois núcleos, a Cidade Vella e a Pescaderia, a estarem rodeados por água pela frente e por trás. A silhueta da Coruña é quase a de uma inflorescência de terra que entra pelo bravio mar adentro em direcção a norte, com a Pescaderia no caule, e a Cidade Vella na boca da folha, a Torre de Hércules no seu acumen. Claro que se dermos uma visão maligna à coisa, hoje a cidade invadiu toda a base que a sustentava, vive muito mais “em terra” que por-água-rodeada, e praticamente toda a terra concelhia hoje é citadina: um concelho-cidade, como por ex. o Porto. Pouco espaço, construção cara e em altura, especulação, etc.
A cidade marca para poente o início da Costa da Morte; e a nascente delimita a discreta Ria da Coruña. A cara nascente desta ria é o concelho de Oleiros, ligado à Coruña por uma só ponte, O Pasaxe, nó rodoviário de difícil travessia.

Oleiros, concelho de origem rural, com pequenas aldeias de lavradores e calas de pescadores, é portanto a metade esquerda (no mapa) da larga península que separa a ria da Coruña da de Betanzos. É uma varanda privilegiada para o mar, para a ria e para a cidade da Coruña, logo ali em frente. O subúrbio ideal. Isto pensaram muitos construtores a partir dos anos sessenta, e mais recentemente ainda mais, quando o concelho corunhês começou a entupir.
Porém, de há vinte anos para cá, uma gestão autárquica independente levada por uma Asociación de Veciños tem travado dura luta para impedir a massificação de uma área de boa costa e de campo agradável. A construção em altura está duramente regulamentada, os condomínios são obrigados a ter largas áreas verdes, uma parte importante das quais cedidas para uso público. A costa tem sido razoavelmente limpa de construção clandestina, localidades como Santa Cruz e Mera apresentam passeios marítimos, amplas e renovadas zonas de lazer. A praia de Bastiagueiro está urbanizada com brilhantismo. Neste momento Oleiros-concelho tem 30000 habitantes, o que é pouco, comparado por exemplo com Matosinhos (5 vezes mais...). Mas vai crescer. A câmara confessa um planeamento para 40000, não mais, não sei muito bem como o pensaram, embora saiba que ali o PDM se cumpre de uma forma diferente de por estas bandas. Não é a cidade-jardim mas quase...

Duas coisas porém eu aponto a Oleiros, terra agradável onde vive muita gente nossa amiga, a maioria por opção própria: o grosso do que se tem construido tem sido médias ou grandes urbanizações de vivendas adossadas ou edifícios de 3-4 pisos em urbanização com zona comum sociodesportiva. O modelo repete-se com maior ou menor riqueza no pormenor, quase de quinhentos em quinhentos metros. As urbanizações são no geral agradáveis, evitando o Feísmo galego de anos atrás. Não evitam no seu todo a sensação de uma uniformidade porém avassaladora, quanto mais naão seja na filosofia, que é o epítome do ser suburbano. E, paradoxalmente, sendo a câmara bem de esquerda, este modelo lembra, embora comunitário e não individual, os subúrbios-jardim americanos, embora possívelmente o modelo seja escandinavo, não sei...é efectivamente um subúrbio-jardim, o melhor que eu já vi, mas é. O fenómeno urbano não passa aqui. Outra coisa não se pode dizer dos problemas rodoviários... Quase toda esta gente vai trabalhar à cidade mãe, A Coruña, e tem como opção única as mesmas estradas de há 50 anos, muito melhoradas mas as mesmas, a convergir para uma ponte de 3 vias. Autocarros sim, mas não demasiados, ferry-boats não existem, metro de superfície seria muito difícil porque o terreno nem é dos mais fáceis, acidentado, sinuoso, de qualquer forma não estará pensado para já. Problemas rodoviários são bastantes, e vão crescer.

Moral da história: se eu algum dia tiver uma casa em España, será n’A Coruña, por razões muito mais que familiares, apesar dos muitos defeitos de meretriz que a cidade tem. A não poder ser, aquela baía de Mera no concelho de Oleiros estaria mesmo a pedi-las...

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quinta-feira, janeiro 13, 2005

S de sócrates, P de ... pois é...

O atentado à classe média perpretado pelo actual governo ao retirar determinados benefícios fiscais por todos conhecidos, e cito discurso parlamentar de sócrates há meses, afinal vão-se manter suspensos após eleições, em nome da estabilidade fiscal, sócrates ou um mandante dixit hoje. Mais do mesmo, não é ? E l'important c'est la rose... le poing fermé... et bien se juis perdu!

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O pacto de estabilidade

Os dois peso pesados da economia europeia, a alemanha e o hospital de são joão (hsj) vão romper o pacto de estabilidade nas contas de 2004: a alemanha vai ter um déficit de contas de 3,9 %, o hsj um pouco mais...
Vamos analizar um pouco mais de perto o balanço de contas ainda secreto de 2004 do hsj a que tivemos acesso:

Entrada de dinheiro = x
Saída de dinheiro = y



Ao ser y bastante maior do que x infere-se um déficit bastante apreciável, o que dentro das lógicas de informação dos sedimentos urinários, é bem maior do que 3%.

Atentamente a empresa de contabilidade Lucília, Adília e Domitília, SA, de Baguim do Monte (ali quem vira...)


Num anexo que se prevê explosivo se divulgado refere-se que no hsj houve um déficit de falecimentos da ordem dos 3756, isto em 2004, com um excesso de dias.vida aprox. 45765, o que levou a comentários da auditoria da empresa acima do género de “o melhor era entregar isto tudo a valongo...” ou “porque não deixam os milagres ao menino jesus...”.
Tendo em atenção que estamos neste momento a viver momentos de gestão, a gestão destes momentos evitará gestos arrojados como os que já foram propostos há momentos, a saber, em linguagem codificada para circulação interna: “não transfundir acima dos 80... à hora” “quem tem passe social não leva carbapenem’s mas risperdal” “nasceste antes do vinte e seis, colheitas não mais, soros para q’os quereis...”
Sendo estas medidas polémicas, julga-se porém que o novo governo as vá aproveitar, no sentido de manter a estabilidade fiscal.

Para 2005 prevê-se portanto que os dois peso pesados da economia europeia, a alemanha e o hsj voltem a romper o pacto de estabilidade com déficits das contas correntes superiores a 3%.

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quarta-feira, janeiro 12, 2005

Esclarecimento

Em relação ao que se escreveu importa salientar que muito respeito o Bloco Nacionalista Galego, no qual votaria, se galego fosse, o que não sou. Esquecendo porém ardentemente o famoso pacto com a direita nacionalista, ou o "não" à constituição europeia, por muitos defeitos que esta tenha, já que nem é uma constituição...
O BNG tem gente muito válida dentro dele, e é um partido eu diria - interessantíssimo, até antropologicamente, estando cheio de anacronismos... E é um partido que só seria possível em Galiza...

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segunda-feira, janeiro 10, 2005

o Plano Ibarretxe

E Espanha tem outro problema: chama-se Plano Ibarretxe. O que pretende este ? O reconhecimento livre da nação vasca, localizada em Euskadi, e a sua livre associação e integração no estado espanhol, mas com capacidades de auto-governo quase ilimitadas. Na prática, euskadi quer um pouquinho de espanha, mas nada de Madrid. Ibarretxe é o presidente do governo regional vasco. Ao aprovar este plano em parlamento regional, rompe com a constituição espanhola saída da transição, e consegue-o com o sabor amargo dos votos decisivos terem sido do braço político da ETA. Surpresa ? Nem por isso...
Analizemos:

1. Espanha ou a França falhada. Considerando a França o grande país da europa ocidental a melhor se homogeneizar e “abafar” as suas periferias, embora de uma forma mesmo assim não ideal – Córsega, Bretanha... – a Espanha desde os reis católicos que inconscientemente ou não segue uma política centralizadora, evolução que até à pouco era tida como natural para fortalecimento do Estado e do país. Esquecendo o exemplo galego, que mereceria escrito à parte, as forças vivas catalãs, e vascas – a burguesia comercial e industrial – sempre obtiveram boas benesses de Madrid de forma a que o equilíbrio fosse sempre apenas discretamente favoravel a Madrid. De vez em quando porém, o desequilíbrio acontecia, e a repressão avançava. Só quem é curto de memória não sabe que a independência portuguesa na séc XVII se deve à coincidência no império espanhol de várias guerras e insurreições, incluindo a catalã. Terá Madrid preferido manter Barcelona a Lisboa, e eu pessoalmente não a censuro... e a repressão dos catalães evitou que hoje a península ibérica fosse um território tripartido. Portugal, se forçarmos o raciocínio, a sua existência, é em si a negação de Espanha, da homogeneização de um península que produziu tantas culturas vizinhas, beligerantes, diferentes. Não há em França, julgo, núcleos de diferença cultural (com uma base linguística tão arreigada) como os catalão e euskera, com primazia para o primeiro. A cultura catalã é fundamental para o entendimento do crescer da idade média europeia, por ex. E sempre foi a zona ibérica mais europeizada, com uma dupla porta aberta para o mediterrâneo (e a itália em frente) e o “transpirinéus”. As coisas pioraram um pouco com a guerra civil e a ditadura de Franco: aos gritos de “España Una” as línguas regionais foram proibidas e as instituições autónomas que a república espanhola tinha permitido, trucidadas. Ajuda lembrar que Espanha já foi uma república, que a monarquia foi imposta por Franco, e que Hitler bombardeou Guernika em Euskadi não por acaso. A constituição espanhola que nasceu da transição para a democracia não tem sofrido mexidas por medo da caixa de pandora que são os desejos autonomistas de alguns. Constituição essa que, embora reconheça a existência de quatro entidades com direitos autonómicos históricos – Catalunha, Euskadi, Galiza e Andaluzia (esta não sei muito bem porquê...) - ao federalizar todo o país dilui a imagem de perda de soberania, de forma a que a pílula seja fácil de engolir. Hoje, qualquer espanhol vive numa região autonómica. O que leva aos barões políticos por ex de Castilla-La Mancha (a terra do Quixote) a perguntarem. Em quê são os catalães mais do que nós ? O serem catalães, talvez...

2. O nacionalismo político visto deste lado da península. Cá em Portugal temos um político que me lembra alguns políticos espanhóis: chama-se Alberto João Jardim. Alimenta a Madeira, e a Madeira alimenta-o a ele. Infelizmente muito do nacionalismo espanhol passa também por aqui. Os dois partidos de referência, Convergencia i Unió (na Catalunha) e o PNV (vasco) são clubes de interesses de centro-direita, uma espécie de PSD’s lá da zona. Vivem de e para o poder. O nacionalismo é o fértil terreno de que se alimentam. As razões de queixa são muitas: efectivamente o poder Madrileño, sobretudo nos anos PP, esse franquismo muito suavizado e sem paseos nem câmaras de tortura, sempre puxou a brasa para a sua capital. Negociando aqui e ali, mesmo com os autonomistas, mesmo com os autonomistas... ora dava aqui, ora tirava ali, tentando sempre manter os centros de decisão em Madrid. Há dois anos, por ex., no sector energético, a compra por uma empresa catalã de outra vasca foi vetada por Madrid, com o argumento sob a mesa de “concentração de poder na periferia”... O PP sempre foi o maior aliado de Ibarretxe, talvez mais que a ETA.
Porque o nacionalismo não é uma ideologia política, ou é ? Ser catalanista implica uma opinião específica sobre o relacionamento público-privado ? A solidariedade social ? Os direitos do trabalho ? O tipo de educação que queremos ? Não, o nacionalismo é de alguma forma a criação de um referente tribal. Que em Espanha nasce como resposta à crença bebida nas escolas na existência de uma tribo vencedora, gene aglutinador da península, a tribo castelhana. Não são os nacionalistas portanto políticos com um ideal político seu, ou se têm um ideal ele não o será político. Prestam serviço a uma comunidade, ou a parte apreciável dela, catalizando descontentamentos, ressentimentos mais ou menos difusos, ou necessidades mais ou menos específicas.

3. E Euskadi ? Existe um site http://www.nuevoestatutodeeuskadi.net/ onde Ibarretxe “em pessoa” responde aos receios de todos. Até eu fiquei com vontade de ser vasco. Podemos crer nele ? Não há nesta península ibérica identificação tibral maior do que a vasca. Por isso os etarras jamais serão demonizados: são vascos. Por isso jamais os governantes de Madrid serão bons: não são vascos. Orson Wells fez um documentário engraçado sobre os vascos há muitos anos, mas agora a piada é outra. O plano parece porém ter sido decantado de um pote de ideias confusas da parte dos nacionalistas onde imagens de um quase-racismo navegavam a par com conversas de uma mítica terra perdida, toda criada à volta da árvore de Guernika... embora sem Wagner. A sociedade vasca (ou parte importante dela) vive rodeada por dois mitos, o primeiro o da sua autosuficiência e qualidade intrínseca: as 3 províncias de Euskadi têm um PNB per capita superior à média da UE e forças económicas de primeiro plano, bastante sustentadas porém em trabalho não-vasco. O segundo mito é o da sua idiosincrasia e ser único – cuja matriz é a língua – portanto nunca compatíveis com o resto, digamos, dos mortais. Esta imagem de um povo Greta Garbo a pedir que para o bem ou para o mal o deixem em paz, será medida em eleições autonómicas este ano. O plano Ibarretxe que sobrou está mais civilizado, parece inclusivé ter pernas para andar, para mal de Zapatero, e possivelmente terminará num referendo, ao qual o mesmo Zapatero não se poderá opor sem caminhar para uma ruptura que o mesmo quer evitar. As rupturas alimentam os nacionalistas, a ausência da ruptura é igual a vitória de Ibarretxe, e quem vence ganha votos.
Falta saber quantos vascos serão Garbos por opção ou cansaço, se são mesmo vascos, a pressão que o terrorismo fará sobre as eleições e o referendo. A pressão já está em curso: quando Arnaldo Otegui votou a favor do plano Ibarretxe, estava efectivamente não a ser comprado, mas a comprar. E a melhor resposta não será a de Josep Borrell, espanhol (ex catalão ?) e presidente do parlamento europeu que se perguntava se Euskadi queria ser a Albânia do Atlântico...

4. E a esquerda nacionalista ? Da galega não falo, conheço lá gente que me merece o silêncio. Vou falar dos outros. Ser esquerda hoje ? Antigamente ser de esquerda significava ser internacionalista... daí que as autonomias da república espanhola nunca significaram perigo para o todo espanhol, julgo, pois os amanhãs que cantavam então não teriam fronteiras...
Os dias de hoje assistem ao cair das fronteiras por razões apenas económicas – o coração está afinal perto ou longe da bolsa ? Ser de esquerda e nacionalista, em Euskadi ou na Catalunha, é difícil porque hoje em dia o caminho da esquerda tem que se inventar dia-a-dia. O governo catalão actual é de esquerda ? O que se filtra para o exterior é a sua necessidade obsessiva em ser mais nacionalista que o anterior governo de direita, em ter por ex. uma selecção de futebol catalã, o resto... Como se governa hoje à esquerda ? Felizmente teremos a resposta em Portugal dentro de meses... A esquerda vasca é exemplificada na sua Izquierda Unida que é co-autora do plano Ibarretxe, que a Izquierda Unida-mãe espanhola vai rejeitar em cortes. A esquerda catalã é a da Esquerra Republicana, a dos encontros secretos com a ETA, a de “também queremos um plano nosso, como não nos lembramos antes...”. Tenho pena deles. Ibarretxe sei o que quer. Eles não sei, nem eles sabem.

5. Porém, porém, porém, não podem os vascos, ou os catalães, ou os galegos, decidir o seu futuro, sair de Espanha se quiserem, não lhes deve ser dado esse direito ? Porque não ? Serão estes povos tão levianos, ou esquizofrénicos, ou racistas, ou apenas esquisitos o bastante para não os deixarmos decidir do seu destino ? E se são assim tão maus, para que os queremos connosco ? Memória colectiva de uma vitória que agora visionamos a diluir-se ? Uma coisa que os portugueses não conseguerm medir em Espanha, e que os madrileños também não entendem, é que se é extremeño (Badajoz, por ex.) em España como se é beirão em Portugal. Mas não se é catalão (ou vasco) em España como se é Minhoto aqui. É outra coisa. Madrid em 2005 vai ter que fazer um curso intensivo sobre a heterogeneidade peninsular.

6. E nós ? E eu que opino ? É bom pensar que, se hoje houvesse Catalunha livre, ou Euskadi, e não Portugal, seria bom nós podermos decidir o quando e como fazer do nosso destino comum – o Português, pois então – partindo do princípio que a Espanha dentro da qual estávamos deixava, claro...

7. E se ela não deixasse ?

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domingo, janeiro 09, 2005

Derbe...

Bom, lá ganhámos... O Liedson foi perdoado, claro...
Vamos lá a ver, o árbitro foi nitidamente comprado pelo Peseiro: quando o Rui Jorge foi expulso - se fosse outro jogador, mas com o cadastro de... - o Peseiro passou logo a ter desculpa para perder o jogo. Não se contava é com um benfica tão trapalhóni... já que o sporting de hoje apanhava três ou quatro do anderlecht ! Depois foi a vitória de quem quis sobre a equipa que até nem se importava... mas já agora não se ganha. Tivemos dez centímetros de sporting (size don't matter, they say), e um slb lesionado no ultramar; rimando, tivesse o mantorras entrado mais cedo... Por outro lado não sei se o Scolari reparou, mas o Ricardo lá fez a sua saidíta do costume, e o Quim defendeu duas ou três bem mandadas...
Enfim, o campeonato será do porto, pode é ele não querer, e a coisa sobrar para o sporting, ou para o boavista ! 6-1, lembram ?
O benfica que não se queixe, pois terá ganho algumas coisas neste jogo, nomeadamente três jogadores, assim eles queiram: Nuno Gomes, Mantorras e Alcides (claro que as re-lesões...) Por outro lado, não sei o que o Ricardo Rocha vai fazer para o porto, para Pepe já basta um.

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sábado, janeiro 08, 2005

Paro em Espanha

Paro em castelhano quer dizer desemprego. Um exemplo de como o mercado laboral espanhol não se parece demasiado com o nosso é o do casal que ontem limpava as escadas do prédio onde ficámos estes dias de reis em espanha, casa de uma amiga. Ele e ela, bastante novos, sem qualquer tipo de uniforme ("Relimpa", "Não-suja", Vibrilho", etc), lá desciam as escadas a limpar, ele varria, ela passava a esfregona, cara bem simpática, novíssimos, parece que os pais às vezes vêm ajudar...
A enfermagem em espanha nem hesita em ficar doente: automaticamente algum colega desempregado que está na chamada "bolsa de parados" ganha trabalho, nem que seja por uma semana. E lembremos que espanha tem mais que o dobro de licenciados, em percentagem, que portugal. Um amigo meu corunhês que conheci em Gaia a fazer o internato médico de medicina interna finalmente entrou em espanha e, um dois anos mais novo que eu é interno de 1º ano de radiologia em Vigo. E reclama ter sorte. Uma amiga da minha esposa que eu conheci à uns dois anos é médica substituta (de quem for preciso...) há mais de dez anos. Todos os verões se desloca de armas e bagagens para o sul de espanha a permitir as férias de alguém, e a tratar ingleses, alemães e portugueses, claro. Ao falar com ela apercebi-me que ela já só vagamente era médica, dez anos "currando" sem actualizações, leituras, nada, mercenária da medicina, vivendo no limiar de uma saída ou de uma catástrofe, não usando as nossas gírias ou raciocínios, perdido todo e qualquer panache de dr, se alguma vez o terá tido. Hoje ainda um vizinho meu, adicto ao risperdal falou-me de como era bom espanha, etc, ao afonso henriques deviam ter partido as pernas enquanto era tempo...
Claro que em espanha o sindicalismo ainda existe, aqui e ali ainda se luta - tenho um cunhado que é sindicalista - mas uma sociedade com mais de 10 % de "parados" não pode estar bem.

Outra coisa é todos trabalharmos (a vender alguma coisa a alguém sem saber o que vendemos nem para quê), recebermos quase nada e depois sairmos do trabalho e para ir comprar à montra ao lado, sem sair do centro comercial (há vida lá fora ?), que pena termos que ir dormir a casa, tudo que é importante há no centro comercial, o resto é nada, o mar até se vê do parque de estacionamento, portanto... Portugal está muito melhor, pois está.

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segunda-feira, janeiro 03, 2005

The Incredibles e... Pacha e o Imperador

Fui ver o filme, la petite oblige. E está bem feito, sim senhor, recomendo aliás, com pequena ou sem pequena. Mais uma vitória da Pixar, uma história bem feita, um domínio do 3D that's getting better by the hour, uma short story agradável para começar, e se havia surpresa no fim, a minha filha não teve paciência para esperar por ela.
É uma história de e para a família, os papéis estão bem distribuidos, o pai é superforte, a mãe elástica... a filha complicada, o filho super rápido... e o bebé um diabrete ! Moral da história: se somos incríveis, porque não sê-lo ? Ri-se bem, a cena da mulher-elástica hiper-entalada é superior, e outras cenas também são para não esquecer.
Mas, e os que não são incríveis ? Nós, eu, eu, eu...
O que fazer ? Nunca pensei que um filme para crianças me pudesse deixar deprimido.

Mas já agora, vou recomendar outro filme infantil para visualização vhs/dvd: é o máximo !

Tonto será quem ache que os filmes infantis não merecem um olhar mais atento e evoluído – o meu, por exemplo.... Mais ainda porque, por compromissos familiares, o visionar de filmes infantis tornou-se nos últimos três anos um hobby para mim. Vou então falar-vos de um filme divertidíssimo que eu tento induzir a minha filha a ver o maior número de vezes possível: “The Emperor’s New Groove”, intitulado em português “Pacha e o Imperador”.
Realizado por Mark Dindall em 2000, se é que isto é importante na equipa Disney, tem um desenho interessante e que no geral serve bem a história, porque é sobretudo disto que se trata – de uma história, e talvez duma das melhores comédias que eu vi nos últimos anos. Conto rapidamente: Kuzco é o jovem e tirânico imperador inca. É insolente, egoísta, insensível, etc., etc., para além de ter uma absurda mania de cantar e dançar. Tem uma megera por conselheira, Yzma, feíssima coisa com uma idade intemporal, que por sua vez tem um fiel ajudante (!...) Kronk, um enorme bonitão/bonzão desmiolado, e bom cozinheiro. Pacha, a bondade em pessoa, é um lavrador que Kuzco convoca só para o informar que a sua aldeia vai ser arrasada para construir um resort de verão para o imperador. Pacha é informado e nada pode responder – o imperador é soberano. Yzma e Kronk, despedidos, logo a seguir tentam envenenar o Kuzco, mas apenas o conseguem transformar num lama, que por azares do escafandro vai parar às mãos de Pacha. Este apercebe-se que ter nas suas mãos um lama falante que na realidade é o Kuzco e é a sua oportunidade de salvar a aldeia.
E dá nisto: 76 minutos de pura comédia, com um ritmo quase infernal, desenho ginasticado e eficiente, e com muitas piadas que – facto raro em filmes Disney – uma criança de 6 anos não percebe. Esqueçam os números musicais, horríveis, e efectivamente a figura do lama não é perfeita, mas enfim, os gags que se vão sucedendo fazem perdoar tudo, Kronk é um personagem a não perder (o gag com o esquilo é lindo), e Kuzco e Pacha são mais um par bucha e estica a ficar para a história, neste caso a petite histoire dos meus filmes de estimação. A dobragem portuguesa é para variar bem feita. Claro que acaba tudo bem, e está prometido um sequel para 2005, que deverá ser horrível, mas o que importa é o que já cá está. E já agora, Mark Dindall será o realizador dum dos primeiros esforços da Disney-sem-Pixar na animação 3D: “Chicken Little”. O trailer já circula por aí... Até lá peguem nos putos e aluguem “Pacha e o Imperador”. Prometo que não se vão arrepender.

P.S.: não está a correr bem, este blog ?

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sábado, janeiro 01, 2005

Bom Ano !

Ano novo, vida nova !
Era bom, era...
Mas como vamos ter eleições em fevereiro e tudo vai correr pelo melhor, sejamos optimistas !
Este blog vai ser uma janela para as coisas boas da vida, embora claro, ao ser um objecto público o decoro terá que estar com as calças até ao pescoço. Bem, eu até estou agora de férias portanto... cá nos iremos vendo, irregularmente, com snapshots de coisas que me, nos, vos foram, vão alegrar a triste existência.
Ah, por falar nisso, dado que pelo facto das obras do metro irem arrasar o hospital de são joão, aqui não vão aparecer quaisquer comentários sobre. Aliás, como sabeis, o futuro está do outro lado do rio, ou não fosse o autarca um distinto clínico, e parteiro por sinal ! Por isso, julgo que o hospital que vai substituir o são joão, uma parceria público-privado (o público vai lá, o privado é que ganha) vai ser em gaia, julgo que ali pela zona do candal, naquela alameda larga que fizeram a unir o arrábida com o gaiashopping...
Bom ano !

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